Saúde
 


"Arthur e Luan estão ótimos", disse a influenciadora digital Vitória Sousa Malvassora Nascimento (@vihsmn_), 25 anos, de Diadema (SP). Os bebês completaram 5 meses recentemente e, segundo a mãe, estão se desenvolvendo "cada vez mais e conforme o esperado". "Estão crescendo lindos e saudáveis, graças a Deus". A rotina com os dois tem sido "bem puxada e corrida", comentou, "mas o amor é maior. Acompanhar o desenvolvimento deles, a cada dia, é uma vitória", completou.

Apesar da correria do dia a dia, Vitória disse que "não tem um dia se quer" que deixe de pensar em Pedro e Bernardo — os outros dois quadrigêmeos que nasceram sem vida. "Imagino eles aqui, com os irmãos, fico pensando em como seria. Nunca me esquecerei deles, tenho guardado na memória tudo: a descoberta, a gestação e o parto, quando peguei os dois no colo, já sem vida", disse a mãe.

Recentemente, Vitória recebeu o laudo que aponta a causa do óbito dos bebês, ainda no útero, aos 6 meses de gestação. "Era algo provável, já tinham me falado que essa seria a possível causa. Mas receber o laudo nas mãos, foi difícil. Fiquei imaginando se eu não poderia ter feito algo para evitar o que aconteceu. Fiquei frustada comigo mesma", lamentou. "Após o parto, foi feito um exame na minha placenta, e foi constatado um nó nos cordões", revelou.

À direita, Vitória com dois dos bebês e, à esquerda, com dois anjinhos nas mãos, simbolizando os bebês que não resistiram — Foto: Arquivo pessoal
À direita, Vitória com dois dos bebês e, à esquerda, com dois anjinhos nas mãos, simbolizando os bebês que não resistiram — Foto: Arquivo pessoal

Gêmeos monoamnióticos

A obstetra Sckarlet Ernandes Biancolin, especialista em Medicina Fetal e Gestação Múltipla, mestre e doutora em Obstetrícia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e assistente do setor de gestação múltipla do Hospital das Clínicas da USP, explica que os gêmeos que não sobreviveram compartilhavam a mesma bolsa e placenta. "A chance de sobrevivência de gemelares monoamnióticos (gêmeos que compartilham uma mesma placenta e a mesma bolsa) é de aproximadamente 30%. Nessas gestações, estima-se que o óbito fetal ocorra com uma frequência de 70%, e normalmente acomete ambos os fetos", disse.

Segundo ela, os maiores riscos estão relacionados com a monoamnionicidade são o entrelaçamento de cordão umbilical e a gemelaridade imperfeita (gêmeos unidos ou siameses). Além disso, os gêmeos de uma única bolsa também apresentam riscos relacionados a monocorionicidade (gêmeos de uma placenta), que são, principalmente, a síndrome de transfusão feto-fetal (quando um gêmeo rouba fluxo sanguíneo do outro gemelar através de vasos sanguíneos compartilhados na placenta) e a restrição de crescimento fetal seletiva (quando um dos gêmeos não apresenta um crescimento intrauterino adequado).

Primeiro ensaio após descobrir a gravidez de quadrigêmeos — Foto: Arquivo pessoal
Primeiro ensaio após descobrir a gravidez de quadrigêmeos — Foto: Arquivo pessoal

Cordões entrelaçados

Nesse caso, foi constatado que os cordões dos dois bebês se entrelaçaram. "Como os dois bebês estão ligados à placenta pelo cordão umbilical e contidos em uma cavidade única repleta de líquido, ao se movimentarem livremente ao longo da gestação, vão 1enroscando' ou 'enovelando' progressivamente os cordões", explicou a médica. "O nó verdadeiro de cordão é uma situação rara e de difícil diagnóstico ultrassonográfico no período pré-natal. Não há como desfazer o nó de cordão com a gestação em curso (com o bebê dentro da barriga da mãe). Quando essa situação é diagnosticada, deve-se programar o parto em idade gestacional em que não há riscos relacionados a prematuridade", completou.

A especialista esclareceu que a gestação de Vitória era de "alto risco". "Todas as gestações múltiplas são consideradas de alto risco. Como a gestação quadrigemelar espontânea é um evento raro, faltam dados na literatura para contabilizar a frequência dessas gestações, mas estima-se que seja da ordem de 1 a cada 500 mil gestações. Como havia dois pares de gêmeos idênticos e um deles com a mesma bolsa, a probabilidade dela certamente era menor que essa estatística", revelou.

O fato de a gestação ter sido levada adianta mesmo após o óbito dos gêmeos ter sido constatado, gerou dúvidas nas redes sociais, mas a médico afirmou que, de uma forma geral, não há riscos de manter a gestação quando ocorro o óbito de um dos fetos. "Sabe-se que há um pequeno aumento de risco de antecipação do parto, ou seja, Vitória poderia entrar em trabalho de parto prematuro", finalizou.

Vitória e o marido no parto dos quadrigêmeos; Artur e Luan nasceram saudáveis, mas Pedro e Bernardo não resistiram — Foto: Arquivo pessoal
Vitória e o marido no parto dos quadrigêmeos; Artur e Luan nasceram saudáveis, mas Pedro e Bernardo não resistiram — Foto: Arquivo pessoal

Relembre a gestação dos quadrigêmeos

Vitória já era mãe de Alexandre, um menino de 7 anos, e estava focada no curso de radiologia quando descobriu que estava grávida novamente. O teste positivo foi uma grande surpresa, mas o susto maior foi durante um ultrassom, quando ela e o marido, Khayck Paulo, descobriram que seriam pais de quadrigêmeos. "A médica precisou parar o exame, acalmar a gente, tomamos água... O laboratório parou, fechou, a médica disse que era a primeira vez que via um caso assim", lembra.

Apesar da gravidez de alto risco, os bebês evoluíram bem até o sexto mês, quando Vitória recebeu uma notícia devastadora. "Disseram que dois estavam sem batimentos. Foi — nossa — a pior notícia da minha vida", lamenta. Depois disso, a mãe ainda precisou levar a gestação até o fim para aumentar as chances de sobrevivência dos outros dois irmãos. "Eu sabia que os quatro estavam dentro de mim e dois não tinham mais vida", disse. "Então, não era algo que eu conseguia esquecer", completou.

O parto, então, foi agendado para quando ela completasse 36 semanas de gestação, por indicação dos médicos. "Eu ainda estava com os quatro dentro da barriga. Arthur e Luan nasceram bem, com peso bom e sem intercorrências. E, ao mesmo tempo que eu estava feliz pelos meninos terem nascido bem e saudáveis, estava muito triste pelo Pedro e Bernardo. Eu tive a chance de vê-los, pegá-los, então, meu coração estava dividido. Tive que encontrar forças pelos meus filhos que precisavam de mim — pelo Arthur, pelo Luan e pelo Alexandre, que estava me esperando em casa. Mas foi um período muito difícil", lamenta. "Ainda é difícil falar sobre isso. Foi muito difícil levar a gestação até o fim sabendo que dois não estavam mais vivos, mas estavam dentro de mim. Essa experiência mudou minha vida por completo", finalizou.

Confira o depoimento completo de Vitória, clicando aqui.

Vitória com o marido, o primogênito e os gêmeos Arthur e Luan — Foto: Arquivo pessoal
Vitória com o marido, o primogênito e os gêmeos Arthur e Luan — Foto: Arquivo pessoal
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