Existem algumas crendices que vão passando de uma geração para outra e perduram no tempo. Porém, não são exatamente verdades. E algumas delas, inclusive, podem prejudicar a amamentação. Reunimos alguns dos principais "mitos e verdades" e esclarecemos cada um deles. Confira!
1. Não existe leite fraco
Não, realmente não existe leite fraco. O leite materno é considerado um alimento “vivo”, pois sua composição se modifica a cada mamada para atender às necessidades do bebê. Além dos nutrientes, possui anticorpos que fortalecem a imunidade da criança. Essa apreensão costuma surgir, principalmente, no início da amamentação, quando o leite está na fase do colostro, que vem em uma quantia menor. Mas isso não significa que ele é fraco, muito pelo contrário! O colostro é rico em proteínas e anticorpos. A quantidade é mais limitada, porque a capacidade gástrica do recém-nascido é do tamanho de uma cereja. Nos primeiros dias de vida, o estômago do bebê ainda é pequeno e comporta entre 5 e 27 ml de leite, por isso, as mamadas são mais curtas e frequentes. Quando passa para a fase do leite de trasição e leite maduro, ele costuma vir em quantidades maiores.
2. Você produz o suficiente
Como o leite vai direto para a boca do bebê, não há como medir a quantidade que ele consome — e Isso pode deixar algumas mães inseguras. Alguns sinais de que está tudo bem: cocô e xixi normais, curva de crescimento em dia e bebê feliz! Fique sabendo, ainda, que a produção está diretamente relacionada à sucção (que estimula as glândulas mamárias). Ou seja, quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz. Mas, ainda assim, caso sinta que a sua produção está diminuindo, observe se você está tomando água (cerca de dois a três litros diários) e descansando o bastante.
3. Cerveja preta não ajuda a produzir mais leite
A ideia de que cerveja preta ajuda a aumentar a produção é uma crendice popular. Substâncias como álcool, drogas e certos medicamentos são proibidos ao longo da gestação e a recomendação continua igual durante o aleitamento materno, visto que os mesmos podem chegar até o bebê por meio do leite. O consumo de bebidas alcoólicas não é exatamente recomendado. Isso porque o nível de álcool que chega até o leite está diretamente relacionado à quantidade ingerida. Ou seja, quanto menor o volume, menos tempo ele vai levar para ser metabolizado e eliminado pelo organismo. Porém, há outros riscos. Acontece que o álcool inibe o hormônio prolactina, que é responsável pela produção do leite. Além disso, outros estudos mostram que ele também pode alterar o cheiro e o sabor do leite e, por causa disso, ser recusado pela criança.
4. Os benefícios continuam após o sexto mês
A amamentação exclusiva é indicada até os 6 meses de idade do bebê, quando tem início a alimentação complementar, sendo que o aleitamento pode ser mantido até a criança completar 2 anos ou mais. E as vantagens alimentares continuam: cerca de 20% das necessidades proteicas dela serão supridas pelo leite nessa fase.
5. Você pode comer de tudo
A princípio, não há restrições. A alimentação da mãe nessa fase deve ser equilibrada e priorizar comidas naturais. Ao suspeitar que algo provocou algum desconforto no bebê, suspenda o alimento por alguns dias e reintroduza-o mais adiante, para ter certeza. O alerta é para estimulantes em excesso, como café, chocolate e chá-verde, que podem deixar o bebê mais agitado.
6. O bebê não precisa de água
Até os seis meses de vida, enquanto seu filho estiver só no peito, estará hidratado o suficiente e não terá sede. Chás, sucos e outras bebidas, aliás, podem atrapalhar o aleitamento, ao competir com o leite materno.
7. Os seios podem mudar, sim
Os seis podem mudar, mas não só por conta da amamentação. Tem a ver com hormônios, ganho ou perda de peso e idade. E se uma mama ficar maior do que a outra? Isso pode acontecer se o bebê mamar mais de um lado do que de outro, porém, a simetria volta ao normal após o fim do aleitamento.
Fontes: pediatra Roberto Issler; enfermeira obstetra e consultora de amamentação Silvia Briani; Renata Iak, parteira, enfermeira obstetra e consultora de aleitamento materno; e pediatra Rossiclei de Souza Pinheiro.