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Quando Ellyn Waller estava grávida de 20 semanas, ela passou por um ultrassom de rotina, mas algo não saiu como esperado. Segundo o pai, Brad Waller, o médico notou que havia um problema no coração do bebê e que ele não poderia nascer de parto normal. A cesárea, que estava agendada, precisou ser antecipada às pressas, quando os batimentos cardíacos do pequeno Maverick começaram a cair de forma preocupante. Ele também não poderia chegar ao mundo em qualquer hospital - tinha que ser um que oferecesse condições de suporte avançado e imediato para o seu problema raro. “Ele provavelmente precisaria de intervenção imediata”, lembra Brad, em entrevista à Fox.

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O pequeno Maverick agora tem um coração do Homem de Ferro, como ele gosta de dizer (Foto: Reprodução/ Fox News)

O pequeno Maverick agora tem um coração do Homem de Ferro, como ele gosta de dizer (Foto: Reprodução/ Fox News)

Por isso, a família precisou dirigir três horas de Redmond, Oregon, nos Estados Unidos, para Portland, onde o pequeno nasceu no dia 13 de de junho de 2017. Maverick tinha uma cardiopatia conhecida popularmente como “coração de queijo suíço”, ou seja, o órgão tinha uma série de buracos. No caso dele, doze, no total, um número desafiador para a saúde.
Assim que Maverick foi retirado da barriga de Ellyn, ele pode passar alguns minutos importantes com os pais, mas teve de ser levado rapidamente para a UTI Neonatal, onde permaneceu pelas duas semanas seguintes. Depois de 15 dias, ele passou pela primeira cirurgia. Então, foram mais duas semanas na UTI pediátrica, até que ele fosse liberado para ir para casa.

Maverick passou pela primeira cirurgia com apenas duas semanas de vida (Foto: Reprodução/ Fox News)

Maverick passou pela primeira cirurgia com apenas duas semanas de vida (Foto: Reprodução/ Fox News)

No entanto, quando chegaram, depois de apenas 24 horas, os pais notaram que a cicatriz no peito do recém-nascido estava vermelha e com aspecto de infecção. Então, dirigiram três horas de volta para Portland, com o pequeno. “Foi como um pesadelo”, disse Brad.
O bebê foi tratado e, depois de alguns dias, pode ir para casa. Ele tinha um tubo nasogástrico, por onde recebia a medicação e a alimentação. "Ele tinha muitas necessidades médicas, é claro", relatou o pai. "Mas foi bom finalmente levá-lo para casa e finalmente fazer coisas de 'bebê normal'”, disse.

Então, Maverick foi crescendo, fazendo acompanhamento constante com o cardiologista. As expectativas eram de que ele precisaria de uma nova cirurgia em um ou dois anos e, talvez, de algumas outras durante a infância, até que pudesse receber um transplante na adolescência. No entanto, quatro anos se passaram, e o menino estava bem. "Mas ele continuou a se sair muito, muito bem. Todos os seus números de oxigênio no sangue eram muito bons”, lembra o pai. "Ele estava indo tão bem, não havia razão para fazer a cirurgia. E eles queriam que ele fosse o mais velho possível antes de fazer outra cirurgia", completou.

Então, há um ano, eles notaram que os níveis de oxigênio do menino começaram a cair. Os lábios e os dedos de Maverick ficaram azulados. Preocupados, os pais correram para buscar atendimento médico. Apesar da dificuldade de ver o filho sofrendo, Brad e Ellyn Waler estavam preparados porque sabiam que ele precisaria de outra cirurgia cardíaca.

Foi então que o cardiologista pediátrico de Maverick perguntou se os pais se importariam se ele enviasse o prontuário do menino para o médico Emile Bacha, diretor de cirurgia cardíaca pediátrica congênita de Nova York. Eles concordaram. “Quanto mais olhos no problema, melhor”, disse o pai.

Bacha, então, disse que poderia reparar definitivamente o coração do menino, em vez de só fechar temporariamente, até um transplante. Os pais viajaram para Nova York, onde o procedimento cirúrgico de seis horas foi realizado em dezembro de 2021. E foi um sucesso, apesar dos desafios!

“Sempre que você tiver a chance de consertar um coração de maneira anatomicamente correta, essa é definitivamente a melhor maneira de seguir em frente”, disse Bacha. Embora Bacha tenha usado seu procedimento em cerca de 20 casos de crianças com coração de queijo suíço em sua carreira, ele disse que a condição de Maverick foi uma das piores que ele já viu. “Ele tinha um número muito, muito extremo de buracos", ressaltou o especialista. "Normalmente, você pega talvez cinco, seis, sete e depois tenta fechar todos eles. Mas ele tinha 12”, completou.

Brad com o filho: momentos de angústia (Foto: Reprodução/ Fox News)

Brad com o filho: momentos de angústia (Foto: Reprodução/ Fox News)

Mas deu tudo certo e os pais não tiveram palavras para agradecer o médico depois de saberem que o procedimento tinha sido um sucesso. "Senti que queria abraçá-lo ou apertar sua mão, mas... estávamos em um hospital, havia protocolos para a covid-19. Então, resisti à vontade de mostrar meu apreço", brincou Brad.

Agora, segundo os pais, Maverick parece outra criança. "É uma grande mudança", disse o pai. "Ele tem muito mais resistência. Ele age como um garoto da idade dele. Antes, era aparente que ele era cardíaco. Ele só tinha de 50% a 70% da energia que outro garoto da idade dele teria. Ele ficava cansado. Ele queria parar e fazer uma pausa. Agora, ele pode correr e brincar no parque aquático e fazer o que quiser. É incrível, como pai, ver seu filho prosperar”, completou. "Agora ele tem seu novo coração, ou seu 'coração do Homem de Ferro', porque ele ama o Homem de Ferro. Ele tem um coração de super-herói e muita força", finalizou o pai, feliz.

Sobre as cardiopatias congênitas

Não é nada fácil receber a notícia de que seu filho tem algum problema no coração, seja em um ultrassom de rotina ou mesmo após o nascimento. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria, a doença acomete de oito a dez crianças a cada mil nascidos vivos e, de acordo com o Ministério da Saúde, as cardiopatias congênitas são a terceira maior causa de morte de bebês antes dos trinta dias de vida. Mas, afinal, o que é cardiopatia congênita? "É uma doença cardíaca presente desde o nascimento, resultado de qualquer anormalidade da estrutura ou da função do coração que ocorra durante seu processo de formação embriológico na gestação", explica Tatiana Medici, cardiologista pediátrica do Hospital São Luiz Unidades Anália Franco e São Caetano, de São Paulo (SP).

Um grande medo e dúvida que surge na cabeça dos pais ao receberem o diagnóstico é sobre cirurgia. Nesse caso, é importante saber que existem vários tipos de malformações cardíacas congênitas diferentes entre si, cada uma com sintomas, gravidade e tratamento específicos. Felizmente, em muitos casos ela pode se apresentar de forma benigna sem sobrecarregar o funcionamento do sistema circulatório, evoluir sem piora ou até mesmo se resolver de forma espontânea, não requerendo abordagem mais invasiva. A terapia medicamentosa pode ser instituída como primeira escolha para controle de arritmias ou de forma complementar para contenção de sintomas de pacientes aguardando correção cirúrgica.

Porém, a cirurgia cardíaca reparativa se faz necessária em grande parte dos casos, por se tratar de defeitos anatômicos que não são possíveis de tratar apenas com medicamentos, como aberturas, grandes obstruções à passagem do sangue ou até mesmo vasos conectados de forma inadequada - situações que trazem risco de morte ainda nos primeiros dias de vida. Nestes casos, os bebês precisam de diagnóstico precoce e invariavelmente alguma abordagem mais invasiva. "Basicamente um procedimento invasivo, seja ele um cateterismo ou uma cirurgia cardíaca, somente será indicado se seus benefícios suplantarem os riscos inerentes ao procedimento e se não houver possibilidade de reversão, espera ou melhora do quadro", diz Tatiana.

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