• Sabrina Ongaratto
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"Há poucos dias, nossa filha, Maria Alice, 5 anos, reclamou de coceiras no corpo que, aparentemente, pareciam apenas comichões. Pouco depois, reparamos certa vermelhidão na região onde os comichões se manifestavam. Também vimos algumas pequenas bolhas começando a sobressair. A princípio, ficamos duvidosos que pudesse ser catapora, visto que ela já havia tomado a segunda dose da vacina de prevenção", conta o empresário brasileiro e influenciador digital conhecido como Dom Patricio.

Em entrevista exclusiva à CRESCER, ele, que mora com a família em Portugal, disse que já no dia seguinte, tomou um enorme susto ao perceber que a temperatura da pequena Malí estava em 38,7. "Junto com a febre e as dores de cabeça, também apareceram as bolhas da varicela", afirmou. "Desde então, estamos tomando todos os cuidados possíveis para aliviar a dor e combater a doença. Temos uma bebê de 6 meses que, aparentemente, não tem qualquer sintoma da doença, mas estamos ainda muito atônitos por saber que mesmo vacinada, a doença da varicela conseguiu se mostrar forte", admitiu. E não foi só ele que ficou surpreso com o aparecimento da catapora. Seus seguidores nas redes sociais também ficaram espantados. "Que tal dar a vacina", questionou uma pessoa. "Hoje existe vacina para a varicela", disse outra.

Maria Alice está com catapora (Foto: Reprodução/Instagram)

Maria Alice está com catapora (Foto: Reprodução/Instagram)

O pai disse que, em Portugal, a vacina contra a varicela não faz parte do calendário público, portanto, é aplicada apenas na rede privada. "Muitas pessoas não dão atenção a sua necessidade", lamentou. "A catapora, como é conhecida no Brasil, tornou-se novamente uma das primeiras no ranking de doenças infecciosas por conta da covid-19, já que os sistemas de atendimento foram afetados. Muitas vacinações foram suspensas para datas indeterminadas, aumentando ainda mais os casos em todas as partes do mundo. Então, infelizmente, a covid acabou trazendo com muito mais força outras doenças", disse ele. "Aconselho a todos tomarem a vacina contra a catapora para proteger as pessoas", finalizou.

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NOME mora com a esposa e filhas em Portugal (Foto: Reprodução/Instagram)

Dom Patricio mora com a esposa e filhas em Portugal (Foto: Reprodução/Instagram)

Volta da catapora

Segundo o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, a pandemia da covid-19 levou a uma queda nas taxas de vacinação das crianças. "A maior queda — 39,63% — foi com as vacinas contra o sarampo, caxumba, rubéola e varicela, entre 2019 e 2020, justamente por causa da pandemia. Isso, provavelmente, ainda vai causar um aumento na circulação desses vírus. Aqui no Brasil, ainda não estamos sentindo os efeitos, pois a varicela, por exemplo, é mais comum na primavera", explicou.

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Há poucas semanas, a Organização das Nações Unidas informou que cerca de 23 milhões de crianças perderam a vacinação de rotina em 2020 devido à pandemia de covid-19 — o maior número da última década. Prova disso, é que surtos "grandes e perturbadores" de sarampo foram registrados em pontos críticos, incluindo Afeganistão, Mali, Somália e Iêmen, acrescentou o relatório da ONU. "A pandemia levou a um grande retrocesso na vacinação infantil, levando-nos de volta mais de uma década", afirmou Kate O'Brien, diretora de imunização da OMS, em uma coletiva de imprensa. No Brasil, a cobertura vacinal para menores de 12 anos não atinge a meta do calendário do Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2018, segundo o próprio Ministério da Saúde. 

"Todas as vacinas possuem uma boa taxa de proteção. A maior parte estará protegida com a vacina, mas se os vírus voltarem a circular, muitas poderão desenvolver as doenças, mas, geralmente, não a forma mais grave. O que as pessoas precisam entender é que quanto mais crianças estiverem vacinadas, menor a circulação do vírus e a chance de as crianças pegarem. Carteira de vacinação em dia é sinal de menos doença e mais saúde", finalizou o pediatra.

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