• Paula Pires
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Dia 14 de agosto foi o Dia dos Pais. Parabéns a todos os pais por esse papel tão importante e fundamental que exercem na sociedade! E a coluna de hoje vai dedicada a todos os papais que querem fazer o melhor na criação dos seus filhos e melhorar a relação que os pequenos têm com a alimentação e com a imagem do seu corpo. Para isso, eu faço um pedido:

Queridos pais, vocês precisam entender o que é o estigma da obesidade infantil!

Pai e criança comendo (Foto: Wavebreakmedia/Thinkstock)

Pai e criança comendo (Foto: Wavebreakmedia/Thinkstock)

O estigma da obesidade (ou da “gordofobia”) refere-se à associação preconceituosa de características de personalidade baseada no julgamento de uma pessoa por ter excesso de peso ou obesidade. É quando, só de olhar para uma criança com obesidade, já assumimos que ela come muitas comidas calóricas, que é preguiçosa, que os pais não cuidam dela direito ou até que ela tem algum problema mental. E isso não necessariamente é verdade, visto a carga genética que a obesidade possui.


Por causa desse estigma, a criança com obesidade pode sofrer uma série de preconceitos, atitudes negativas e marginalização social, o que pode prejudicá-la emocionalmente e contribuir mais ainda para o excesso de peso. Por isso, escrevo esse texto para alertar a todos que possuem na família crianças que lutam com o sobrepeso e a obesidade que as atitudes e as palavras importam muito nesses casos.

Estudos científicos mostram que a obesidade pode piorar apenas por conta do estigma por diversos fatores:

- Elevação dos níveis de hormônios que geram estresse, como o cortisol;
- Maior impulsividade na hora de se alimentar, o que gera ganho de peso;
- Maior insatisfação corporal e sensação de vergonha consigo mesmo;
- Distúrbios psicológicos, como depressão e ansiedade;
- Aumento da pressão arterial e do volume e quantidade de gordura visceral.

E como podemos combater esse problema?

Evite frases estereotipadas como: “Você precisa ter força de vontade!”; “Para emagrecer, tudo o que você precisa é fechar a boca e se movimentar!”; ou “Meu filho é muito guloso.” Evite também muitas cobranças e ficar falando de dieta e alimentação o tempo todo em casa. Isso pode gerar muita angústia e resultar em mais aumento do peso. É importante combater essa discriminação e tratar o assunto com respeito e seriedade.

A cobrança irreal para emagrecer pode ser muito prejudicial, por isso sempre procure uma equipe de saúde para auxiliá-lo. Buscar reconhecer os reais fatores que levam a criança a engordar, sem preconceitos ou crenças erradas, é fundamental para um emagrecimento saudável e sustentável. É importante o reconhecimento pelos pais, professores, família e profissionais de saúde da obesidade como uma condição multifatorial, envolvendo questões que estão além do controle do indivíduo. Essa linha de raciocínio também colabora para desconstruir os rótulos e os preconceitos que transpassam as pessoas com obesidade e para o seu tratamento adequado.

"O amor incondicional e reforço de atitudes positivas, e não críticas por atitudes negativas, é fundamental nesse processo"

Paula Pires

Para isso, dou mais dicas práticas para os papais:

1. Não falar em dieta para crianças e, sim, em alimentação saudável: planejar um padrão de alimentação coerente e sustentável e, claro, lembrar que as ações valem mais do que palavras. Portanto, se sua alimentação não for saudável, dificilmente a do seu filho será.

2. Promover uma imagem corporal positiva e falar de saúde  não de peso: não criticar ou dizer que está gordo. Falar sobre ter saúde estigmatiza muito menos do que falar do peso em si, que pode dar a sensação que basta um período de dieta e tudo se resolverá. Saúde implica em mudanças de longo prazo.

3. Planejar-se para refeições em família: tentar ao máximo que a refeição seja um momento sagrado de harmonia familiar.

4. Prestar atenção ao bullying: ficar atento para perceber se há algo de errado com seu filho e trabalhar junto com a escola.

5. Procurar ajuda profissional séria: muitas vezes, tentar resolver as coisas por si só fazem mais mal do que bem. Então, conversar com o pediatra e buscar ajuda com médicos especializados e que saibam ter essa linguagem positiva (e jamais que trabalhem com broncas) é importantíssimo. Também tome muito cuidado para que isso não vire um argumento contra criança: "Estou pagando um tratamento, agora faça direito" ou "Nem com tratamento você consegue". Isso só piorará a situação! Buscar alternativas em casos de obesidade infantil é fundamental, mas se o tom for errado — como estudos científicos já mostra — pode ter consequências ruins. Não há um caminho mágico, mas certamente, há alternativas.

E uma atenção maior, para os papais que ainda são profissionais de saúde, lembrem-se:

- As palavras têm um poder incrível de construir as nossas relações.
-Nós, profissionais de saúde, precisamos encontrar a maestria nas habilidades de comunicação.
- Podemos usar todo o poder das palavras como nossa maior inovação em saúde. Uma ênfase na alimentação saudável e na saúde como um todo, ao invés de falar apenas de dieta e emagrecimento, pode atingir os mesmos objetivos e sem os efeitos negativos da abordagem focada apenas em dieta.

Acolham. Escutem. Não julguem. Façam o que vocês pedem para os filhos de vocês fazerem e procurem ajuda especializada sempre que necessário!

Espaguete de abobrinha (Foto: Acervo do projeto

Espaguete de abobrinha (Foto: Acervo do projeto "Médicos na Cozinha")

Espaguete com abobrinha e ervilha


Rende 2 porções

Ingredientes:
- 170 g de espaguete (usei um que vai milho amarelo e arroz)
- Raspas da casca de 1 limão e seu suco
- 2 dentes de alho picados
- 1 bulbo de erva-doce picado em cubos pequenos (guardar o cabelinho verde para decorar)
- 2 colheres (sopa) de azeite de oliva
- 1 litro de água
- 170 g de abobrinha em fios
- 150 g de ervilha congelada
- Sal
- 1 colher (sopa) de salsinha picada (para servir)

Modo de preparo:
Coloque o espaguete, o limão, parte da raspa do limão, a erva-doce, o alho, o azeite de oliva e o sal em uma panela com água. Espere levantar a fervura e, então, diminua um pouco a chama, mexendo continuamente com uma pinça, até a massa ficar al dente e a água praticamente evaporar — isso levará, aproximadamente, 10 minutos. Diminua a chama mais uma vez, coloque a abobrinha e a ervilha e misture tudo bem rápido. Prove os temperos e finalize colocando a salsinha, o cabelinho da erva-doce e as raspas do limão.

Paula Pires é especialista em Endocrinologia Pediátrica, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora d (Foto: Arquivo pessoal)

Paula Pires é especialista em Endocrinologia, membro da Endocrine Society, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Também é idealizadora do projeto "Médicos na Cozinha" e editora do livro "Médicos na Cozinha" (Foto: Arquivo pessoal)

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