• Izabel Gimenez com Renata Menezes
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Historicamente, o corpo feminino foi objetificado e pressionado para que se encaixasse em padrões impostos pela cultura da beleza. A magreza, os cabelos longos, as unhas sempre feitas e a pele sem marcas de crescimento ou idade são exemplos claros de exigências sociais que nos tornam eternamente insatisfeitas e frustadas com nosso próprio corpo.

Se mudanças corporais não são bem-vindas, viver uma gravidez saudável e tranquila é um desafio. Muitas mulheres sentem dificuldades de se enxergar nas transformações deste período: a barriga cresce, as estrias tomam conta de algumas áreas e os sinais de flacidez aparecem. Toda essa insegurança interna se torna ainda mais desafiadora quando lidamos com os comentários de terceiros - seja do marido, de parentes ou de seguidores, como é o caso de influenciadoras na internet.

Camila Monteiro está grávida de gêmeos  (Foto: Instagram)

Camila Monteiro está grávida de gêmeos (Foto: Instagram)

Camila Monteiro, criadora de conteúdo grávida de gêmeos de 5 meses, compartilhou prints de mensagens gordofóbicas que tem recebido desde quando contou sobre a gestação. Por ser ativista body positive, movimento que promove a autoaceitação e a relação saudável consigo mesma, Camila sempre recebeu este tipo de julgamento, principalmente depois que emagreceu 88 quilos e lidou com o excesso de pele em todo o corpo. "Eu estava preparada, mas me senti chateada e indignada por saber que eles vinham de mulheres que já passaram pelo mesmo que estou vivendo. Elas deveriam me entender mais do que ninguém porque a mesma pressão que eu passo, elas passaram também. Precisei buscar terapia para lidar com meus seguidores", afirmou a influenciadora à CRESCER. 

A gordofobia, como o próprio nome diz, é a aversão à gordura, ou melhor, a pessoas que são consideradas acima do peso. Ela se caracteriza principalmente pelo estigma que se cria em torno deste grupo - que são lentos, preguiçosos, feios, sem energia, etc. Na gravidez, este preconceito fica evidente quando a mãe não vai de encontro com a expectativa que a sociedade tem sobre como deve ser um corpo da gravidez. 

Entre as mensagens que Camila recebeu, todos criticavam sua estética. “Tem certeza que não é gordura e tá com vergonha de admitir que está enorme de novo?”, questionou um deles. “Você não tá parecendo uma grávida. Tá parecendo o papai noel. Uma barriga gorda e disforme", acrescentou outra.

Camila Monteiro recebeu mensagens gordofóbicas sobre sua gravidez (Foto: Instagram)

Camila Monteiro recebeu mensagens gordofóbicas sobre sua gravidez (Foto: Instagram)

"A relação que eu tinha com meu corpo facilitou a forma como lido com as mudanças na gravidez. Antes mesmo de descobrir a gestação já estava batalhando para me enxergar com mais gentileza e entender porque meu corpo estava daquela forma. Quando engravidei, isso já estava inserido dentro de mim e fez toda diferença. De uma hora para outra eu vi meu quadril, meus seios e minha barriga crescendo. Até o nariz incha! É importante a gente entender que esse processo é normal, ele é da natureza humana", explicou a influenciadora, que já reúne mais de 3 milhões de seguidores em sua página no Instagram. 

Monteiro conta que o foco da família está inteiro para a preparação da chegada dos gêmeos, portanto, não há espaço para se magoar com este tipo de crítica. "As prioridades mudam. Tudo que eu compro ou planejo é pensando neles. Inclusive, quando eu recebo comentários sobre meu corpo, não consigo me sentir mal. Penso que ele é fantástico. Estou gerando duas vidas, só preciso respirar para que eles evoluam. Não tem porque eu pensar que meu corpo é horrível ou feio, ele é maravilhoso. Assim como o de todas as mulheres". 

Camila Monteiro e Carlos estão esperando os primeiros filhos do casal (Foto: Arquivo Pessoal)

Camila Monteiro e Carlos optaram pelo método FIV (Foto: Arquivo Pessoal)

Para as mães que passam por essa situação em casa, no trabalho ou entre colegas, Camila diz que o melhor é usar a própria voz e se defender das críticas. "Por mais difícil que seja, é importante falar. Somente assim as pessoas vão entender como elas estão sendo incovinientes. É claro que algumas continuarão da mesma forma, mas aí cabe a você fazer uma escolha: cortar laços ou abstrair. De qualquer forma, o diálogo é essencial".