Um Só Planeta

No último ano, a construção de casas sustentáveis no Brasil cresceu 40%, segundo o Green Building Council Brasil. Esta perspectiva verde parece se estender às reformas e pequenas obras, onde a preservação ao meio ambiente passa a ser um critério na escolha de revestimentos, materiais e fontes de energia.

A indústria evoluiu para atender essas demandas e, cada vez mais, deparamo-nos com produtos de baixo impacto ambiental, feitos a partir de materiais reciclados e recicláveis. Segundo a ABRECON (Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição), o Brasil ainda desperdiça 8 bilhões de reais ao ano por não reciclar os materiais adequadamente.

“Pensar de maneira mais sustentável na arquitetura pode vir não apenas através da busca de um destino para materiais descartados nas obras, mas também na alternativa de buscar produtos que sejam construídos já com material sobressalente”, afirma o arquiteto Daniel Bolson, colunista de Casa e Jardim.

Empresas de cerâmicas parceiras da Agreste Saneamento produzem tijolos ecológicos a partir do lodo retirado das estações de tratamento — Foto: Agreste Saneamento / Divulgação
Empresas de cerâmicas parceiras da Agreste Saneamento produzem tijolos ecológicos a partir do lodo retirado das estações de tratamento — Foto: Agreste Saneamento / Divulgação

Os tijolos ecológicos, por exemplo, são fabricados a partir de resíduos da construção civil. Além disso, são encaixados como grandes peças de lego, com pinos, sem a necessidade de usar argamassa – outro vilão do meio ambiente.

“Mais populares, os painéis de madeira OSB são constituídos de fibras de madeiras de reflorestamento, prensadas, e não gastam água em sua aplicação. Podem servir desde revestimento para casas de steel frame, como uma alternativa mais em conta para painéis e móveis com aspecto de madeira natural”, completa Daniel.

Abaixo, confira alguns pontos para estar atento e garantir uma reforma mais sustentável.

Pintura

Muitas casas casas gregas são pintadas com cal, uma alternativa sustentável para paredes brancas — Foto: Unsplash / Tânia Mousinho / Creative Commons
Muitas casas casas gregas são pintadas com cal, uma alternativa sustentável para paredes brancas — Foto: Unsplash / Tânia Mousinho / Creative Commons

A pintura é uma etapa fundamental para renovar ambientes e, hoje, existem algumas opções mais amigáveis para isso. As tintas ecológicas, por exemplo, são produzidas a partir de produtos naturais que não emitem compostos tóxicos. A formulação costuma apresentar 80% de matérias-primas renováveis e a produção envolve menos água.

Outra opção sustentável é a pintura com cal. A técnica milenar surgiu na Grécia e chegou ao Brasil com os portugueses, que revestiram as construções de pau a pique com o material para protegê-las das intempéries. O processo é livre de COVs (compostos orgânicos voláteis), substâncias tóxicas presentes nos produtos industrializados.

Construção a seco

No projeto do escritório Degradê Arquitetura, a churrasqueira tem um fechamento de drywall com uma placa anti-chamas para cobrir a coifa — Foto: Julia Ribeiro / Divulgação
No projeto do escritório Degradê Arquitetura, a churrasqueira tem um fechamento de drywall com uma placa anti-chamas para cobrir a coifa — Foto: Julia Ribeiro / Divulgação

O drywall já é uma solução muito comum para fechamento de vãos e construção de paredes em reformas. Normalmente, grandes placas de madeira ou de gesso são revestidas por lâminas de papel cartão, o que otimiza o tempo de obra e representa uma considerável economia no orçamento.

“A versatilidade dos materiais usados na construção a seco traz mais sustentabilidade à construção civil, já que os materiais envolvidos são 100% recicláveis e permitem personalização após a finalização”, afirma a engenheira civil Iza Valadão, com Ph.D. em Materiais e Sustentabilidade. Além disso, os materiais envolvidos usam o mínimo de recursos naturais e geram poucos resíduos, dentro e fora do canteiro.

Revestimentos

Sobras e recortes de piso vinílico Tarkett, como o aplicado no projeto do escritório Larissa Catossi Arquitetura, podem ser recolhidos e reaproveitados pela marca através do programa ReStart — Foto: Denilson Machado, do MCA Estúdio / Divulgação
Sobras e recortes de piso vinílico Tarkett, como o aplicado no projeto do escritório Larissa Catossi Arquitetura, podem ser recolhidos e reaproveitados pela marca através do programa ReStart — Foto: Denilson Machado, do MCA Estúdio / Divulgação

Outro passo importante para reduzir o impacto ambiental na reforma é escolher revestimentos minimamente sustentáveis e, de preferência, que possam ser reaproveitados em futuros projetos. Se for possível aplicá-lo sobre o piso existente, como muitos vinílicos, melhor ainda.

“A indústria nacional está investindo pesado na sustentabilidade para criar produtos que aliem qualidade, design e sustentabilidade e o que não faltam são opções atrativas”, afirma o especialista em revestimentos, Franklin Delgado, CEO de A Pérola dos Tapetes. Se optar pelo piso de madeira, verifique sua procedência através do Documento de Origem Florestal (DOF), emitido pelo Ibama.

O descarte de revestimentos também é um grande problema na construção civil, de forma que a logística reversa também se faz necessária para garantir uma economia circular. Desde 2018, a Tarkett coordena o programa ReStart, que recolhe sobras e recortes de pisos vinílicos da marca para o reaproveitamento na fabricação de novos produtos.

O Brasil também conta com a maior Central de Reciclagem de Madeira da América Latina. Trata-se de um programa de reciclagem da Eucatex, que visa aproveitar resíduos da construção civil, e também de paletes, caixas, tábuas, painéis de madeira, galhos e troncos. O recolhimento deste material é feito em caçambas próprias em um raio de 100 km de Salto, no interior de São Paulo.

Energia renovável

As placas solares conferem energia para todo o haras, deixando o projeto do escritório Piúna Arquitetura mais sustentável — Foto: Manuel Sá / Divulgação
As placas solares conferem energia para todo o haras, deixando o projeto do escritório Piúna Arquitetura mais sustentável — Foto: Manuel Sá / Divulgação

Aderir a fontes renováveis de energia é uma das formas mais importantes para diminuir os impactos ambientais futuros durante a sua reforma. “Essas fontes são consideradas limpas, pois não emitem, durante a geração de energia, gases poluentes para a atmosfera, que contribuem para o aumento do efeito estufa”, comenta Iza.

Na reforma de casas, considere as condições climáticas e geográficas antes de optar por uma ou outra fonte de energia. Áreas com muita incidência de sol são mais viáveis para a energia solar, enquanto em regiões com ventos fortes, a eólica pode ser mais adequada.

Em apartamentos, pode ser necessário recorrer a uma solução compartilhada, como as placas solares instaladas em áreas comuns. "Em todos os casos, é importante verificar as regulamentações locais para instalação de sistemas de energia renovável em condomínios e apartamentos, bem como as normas de segurança para instalação e manutenção dos sistemas", afirma a engenheira civil.

Além de usar energia renovável, existem outras formas mais simples para tornar seu lar mais sustentável. “Quando o assunto é iluminação, o caminho passa pela adoção do LED, que é mais eficiente e tem uma vida útil mais longa, e pelo maior aproveitamento da luz natural. Isso pode envolver a instalação de novas janelas ou a remoção de barreiras que bloqueiam a luz”, diz Franklin.

Ressignificação

No projeto do Antonio Armando de Araújo, o bar suspenso é uma espécie de bandeja na madeira pinus e delimita o jantar, que tem mesa reaproveitada com cadeiras de FJ Pronto pra Levar! e de Jader Almeida — Foto: André Mortatti / Divulgação
No projeto do Antonio Armando de Araújo, o bar suspenso é uma espécie de bandeja na madeira pinus e delimita o jantar, que tem mesa reaproveitada com cadeiras de FJ Pronto pra Levar! e de Jader Almeida — Foto: André Mortatti / Divulgação

Por vezes, quebrar paredes, trocar portas ou esquadrias é algo inevitável na reforma. Contudo, móveis e eletrodomésticos não precisam parar na caçamba. “Você pode dar nova função a uma peça mudando a sua cor e o seu uso. Uma penteadeira, por exemplo, pode sair do quarto, ganhar uma camada de tinta e virar um aparador ou bar para uma sala de jantar ou um espaço para café no escritório, por exemplo”, comenta a decoradora Renata Gomes.

Caso opte por substituir um eletrodoméstico, certifique-se de que ele tenha o destino correto. O projeto Descarte Ecológico, da Brastemp, oferece a coleta de eletrodomésticos que não tem mais utilidade no local escolhido pelo consumidor e dá um destino correto ao produto.

Através do Eco Troca1, a Samsung oferece ao consumidor a possibilidade de trocar seu equipamento – de qualquer marca e em qualquer condição – por um cupom de desconto na compra de um novo produto.

Um Só Planeta — Foto: Divulgação
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