Paisagismo

Por Aline Melo

Durante a pandemia, a jardinagem despontou como um dos hobbies favoritos dos brasileiros. Em um contexto no qual nos voltamos para a casa, foi um processo natural buscar por atividades que beneficiassem tanto o lar, quanto nossa saúde mental. Desde então, as plantas se provaram uma excelente alternativa para enfrentar a ansiedade e o estresse.

“A jardinagem, assim como outras atividades que exigem concentração, como a pintura, auxiliam a mente a concentrar-se no presente. Os pensamentos saem do excesso de passado e/ou de futuro. São monótonas, cuidadosas, assim, muitas vezes ansiolíticas”, explica o médico Daniell Lafayette.

O cuidado com as plantas, incluindo rega e adubação, pode trazer uma motivação para o dia a dia — Foto: Freepik / Creative Commons
O cuidado com as plantas, incluindo rega e adubação, pode trazer uma motivação para o dia a dia — Foto: Freepik / Creative Commons

Comprometer-se a cuidar de um ser vivo traz motivação para o dia a dia. Além disso, o contato com a terra traz diversos benefícios energéticos e psicológicos. Segundo Daniell, o ato desperta os cinco sentidos, pois é estimulante para a visão (paisagismo), ao paladar (com frutas, legumes e hortaliças), ao tato (textura das plantas), à audição (o vento ou a chuva que bate nas folhas) e ao olfato (o perfume que fica pela casa).

Se você ainda deseja ingressar na jardinagem, confira oito dicas de especialistas para iniciantes!

1. Busque pelo sol

No projeto do arquiteto Maicon Antoniolli, o pé de limão siciliano e de laranja kinkan é cultivado em vasos da L’Oeil, bem próximos à janela — Foto: Marco Antonio / Editora Globo
No projeto do arquiteto Maicon Antoniolli, o pé de limão siciliano e de laranja kinkan é cultivado em vasos da L’Oeil, bem próximos à janela — Foto: Marco Antonio / Editora Globo

Pode parecer óbvio, mas é cada vez mais frequente encontrarmos plantas sujeitas a condições de luz muito longe do ideal. “Não dá para cultivar com qualidade uma planta viva em um local que não bate sol em nenhum momento do dia. A planta precisa de luminosidade solar para fazer fotossíntese”, alerta a jardineira e criadora de conteúdo Carol Costa, à frente do curso Universidade Minhas Plantas, na Hotmart.

Na maioria dos apartamentos, mesmo próximo às janelas, conseguimos no máximo 4 horas de sol por dia. Aqui no Brasil, a maioria das flores, verduras e hortaliças que conhecemos são consideradas plantas de sol pleno e exigem uma quantidade maior de luz direta. “Para ambientes internos, é melhor optar por plantas de sombra ou meia-sombra, como espada-de-são-jorge e costela-de-adão”, aconselha Carol.

As plantas de meia-sombra precisam de muita claridade, mas não podem ser expostas ao sol direto entre 10h e 17h. O ideal é que fiquem posicionadas sempre em uma área sombreada durante o período mais quente do dia. Já as espécies de sombra demandam somente luz indireta por pelo menos 2 horas ao dia. Por isso, são ideais para ambientes internos e corredores.

2. Comece por espécies que exijam menos cuidado

No projeto da arquiteta-paisagista Bia Abreu, folhagens fáceis de cuidar, como alocasia, filodendro, jasmim-manga, pinanga e fícus — Foto: Rafael Renzo / Divulgação
No projeto da arquiteta-paisagista Bia Abreu, folhagens fáceis de cuidar, como alocasia, filodendro, jasmim-manga, pinanga e fícus — Foto: Rafael Renzo / Divulgação

Você está apenas começando e reconhecer isso é um passo importante para se tornar um bom jardineiro. Espécies como zamioculca, maranta, comigo-ninguém-pode e filodendros, por exemplo, apresentam pouco desafio aos iniciantes.

Um erro muito comum é querer começar por uma espécie pequena, quando a chance de você esquecê-la é bem maior em comparação com grandes vasos. Além disso, quanto mais delicada a aparência de uma planta, muito provavelmente, mais cuidado ela exige. Saiba que as raízes maiores oferecem maior chance de recuperação, caso você cometa algum erro.

3. Dê preferência a plantas perenes e nativas

A arquiteta-paisagista Catê Poli dá preferência a espécies nativas e perenes em seus projetos de paisagismo — Foto: Evelyn Muller / Divulgação
A arquiteta-paisagista Catê Poli dá preferência a espécies nativas e perenes em seus projetos de paisagismo — Foto: Evelyn Muller / Divulgação

As plantas perenes têm um ciclo de vida longo, maior do que 2 anos. Elas conseguem manter as partes aéreas (folhas e caules) por várias estações, enquanto as raízes continuam crescendo e se desenvolvendo sob o solo. "Ao contrário das plantas anuais, que completam seu ciclo de vida em um único ano, ou das bienais, que precisam de 2 anos para completar seu curso, as perenes continuam a crescer e se reproduzir por vários anos consecutivos", explica a paisagista Catê Poli.

Já as plantas nativas apresentam uma fácil manutenção, por serem originárias daquele ecossistema, portanto, já são adaptadas ao clima e ao solo local. “Além de serem a opção mais resistente, elas ajudam a regenerar o meio ambiente comprometido pela urbanização e atrairão insetos, aves e agentes polinizadores, beneficiando o ciclo natural”, completa Catê. O ideal é escolher uma espécie nativa da sua região, uma vez que o Brasil é formado por seis biomas de características distintas.

4. Analise o espaço disponível

No projeto do escritório Ambienta Arquitetura, o corredor lateral tem ciclanto, maranta-charuto, bambu, filodendro ondulado, alpinia purupurata, pacová e asplênio — Foto: Renato Navarro / Divulgação
No projeto do escritório Ambienta Arquitetura, o corredor lateral tem ciclanto, maranta-charuto, bambu, filodendro ondulado, alpinia purupurata, pacová e asplênio — Foto: Renato Navarro / Divulgação

Além da disponibilidade de luz, o espaço deve ser considerado na escolha das espécies. Próximo a piscinas, por exemplo, deve-se evitar plantas caducas, que perdem facilmente suas folhas com o vento e podem levar ao entupimento do filtro e da tubulação. Já em corredores, passagens e locais estreitos, esqueça as espécies com folhas pontiagudas ou espinhos. Dê preferência a plantas facilmente controladas por poda, como a tumbérgia-arbustiva, a murta ou a nandina.

Plantas com folhas largas e compridas devem ficar longe do vento intenso, pois elas podem rasgar facilmente. Em locais com ventania constante, opte por espécies mais rígidas e arbustivas, como a tumbérgia, a nandina, a clúsia, a murta e moreia.

Se a ideia é cobrir um muro ou pergolado, as trepadeiras são espécies com muitas ramificações, que conseguem crescer apoiadas em outras plantas ou suportes. “Elas são frequentemente usadas para cobrir superfícies verticais, tornando-as visualmente mais atraentes. Elas também podem reduzir a temperatura ambiente ao redor através do processo de evapotranspiração, criando um microclima mais fresco”, explicam as paisagistas Gabi Pileggi e Luciana Bacheschi.

5. Acerte as regas

Cada espécie é única e apresenta uma necessidade específica de rega. O teste do dedo é um truque básico que pode auxiliá-lo neste processo — Foto: GettyImages
Cada espécie é única e apresenta uma necessidade específica de rega. O teste do dedo é um truque básico que pode auxiliá-lo neste processo — Foto: GettyImages

Muita gente não sabe, mas as plantas têm muito mais defesas contra a falta de água do que contra o excesso. Elas se adaptam à ausência do líquido fechando as folhas ou criando pelos e espinhos, mas não conseguem reverter a ação de absorver água. O excesso pode, inclusive, dificultar a oxigenação das raízes, apodrecendo-as.

A frequência de regas variará conforme a estação do ano, a quantidade de insolação e as necessidades de cada espécie. "Uma dica mais básica que pode auxiliar neste momento é o 'teste do dedo': se afundá-lo cerca de 1 cm na terra e ele sair limpo, pode fazer a rega, pois o substrato está seco", orienta a bióloga e paisagista Paula Tsuyama. Caso o dedo saia sujo, significa que a terra ainda possui água e a rega deverá esperar. Refaça o teste no dia seguinte e crie, a partir dele, uma rotina de rega ideal.

6. Continue adubando a sua planta

Além das opções adquiridas prontas, é possível elaborar um adubo caseiro com sobras de alimentos que iriam para o lixo — Foto: Freepik / Montagem Casa e Jardim / Creative Commons
Além das opções adquiridas prontas, é possível elaborar um adubo caseiro com sobras de alimentos que iriam para o lixo — Foto: Freepik / Montagem Casa e Jardim / Creative Commons

Um dos erros mais comuns no cultivo é achar que, após o plantio, a planta não precisa ser adubada. “Assim como nós, a planta precisa comer todo dia. Na natureza, todo dia ela recebe bichos mortos, folhas e gravetos secos, que vão se decompondo e virando nutrição. Quando ela vai para a nossa casa, ela continua precisando desses nutrientes”, explica Carol.

No mercado, é possível encontrar adubos específicos para cada planta e também indicações de frequência, como uma vez por semana ou por mês. Nessa empreitada, é possível que você se depare com a sigla NPK.

Obtido a partir da extração mineral, esse adubo inorgânico contém em sua fórmula maior quantidade de nitrogênio (N), fósforo (P) e Potássio (K). O nitrogênio atua na folhagem da planta, estimulando a brotação. O fósforo auxilia no crescimento das raízes, na floração e na formação das sementes. Já o potássio dá mais vigor e resistência às doenças, além de melhorar a qualidade dos frutos.

7. Não tenha medo de buscar ajuda

Em floriculturas e lojas especializadas, você encontrará toda a ajuda que precisa para cuidar das suas plantas — Foto: Freepik / Creative Commons
Em floriculturas e lojas especializadas, você encontrará toda a ajuda que precisa para cuidar das suas plantas — Foto: Freepik / Creative Commons

Caso sua planta comece a murchar, não se desespere em adicionar mais água ou enchê-la de adubo. Procure alguém que entenda bastante e verifique as informações on-line. A internet é cheia de dicas, mas tenha certeza de que as recomendações são apropriadas para o local onde você vive, uma vez que o clima afeta diretamente no desenvolvimento natural.

Em lojas maiores, com vários departamentos, pode ser mais difícil encontrar informações precisas. Os estabelecimentos menores, por outro lado, podem até ter um número de espécies limitado, mas com certeza os funcionários saberão orientá-lo nos cuidados de cada planta.

8. Adquira mais experiência antes de montar a sua horta

No projeto de Jean de Just, a horta de temperos e de flores comestíveis aproveita a luz natural que vem da janela — Foto: André Nazareth / Divulgação
No projeto de Jean de Just, a horta de temperos e de flores comestíveis aproveita a luz natural que vem da janela — Foto: André Nazareth / Divulgação

Sabemos que a ideia de cultivar o próprio alimento é atraente, mas lembre-se que a maioria das hortas dá trabalho e exigem uma dedicação diária. “Eu brinco que a horta é rock hardcore e as árvores e plantas de ciclo longo são música erudita, pois são mais calmas e lentas no crescimento. Se a pessoa não quer trabalho, o melhor é cultivar árvores, não uma horta. Contudo, a horta também é legal justamente por isso: você começa com algo, não deu certo, já comeu, trocou e vai renovando”, finaliza Carol.

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