Tendências do Morar

Por Hanne Lima

Especialista do WGSN, empresa de tendências que possui o portal Interiors, focado em no Design de Interiores. Contato: marketinglatam@wgsn.com

A moda conta com as passarelas para apresentar ao mundo o que ocorrerá no mercado, enquanto o design, a decoração e a arquitetura se valem das feiras.

Neste ano, tivemos a volta desses eventos aos níveis pré-pandêmicos, tanto em relação ao calendário quanto às marcas e ao número de visitantes. Apesar disso, nada continua igual, e por essa razão nunca foi tão importante se manter à frente e entender os principais movimentos do mercado e do consumidor.

Com isso em mente, a WGSN começou a divulgar o mapeamento dos padrões de repetição de tendências nas principais feiras do setor e, pensando no primeiro semestre deste ano, destacamos alguns. Da Maison&Objet à Semana de Design de Milão, passando por tantas outras, descubra o que todas têm em comum, desde estéticas a funcionalidades para ficar de olho.

A atenção para a natureza está em alta, seja no cultivo de plantas, seja nas silhuetas e padronagens biofílicas — Foto: Ilustração Nicole Marra / Editora Globo
A atenção para a natureza está em alta, seja no cultivo de plantas, seja nas silhuetas e padronagens biofílicas — Foto: Ilustração Nicole Marra / Editora Globo

Do mesmo modo, a atenção para a natureza continua sendo muito importante – de inovações sustentáveis nos materiais à contínua relevância do boom do estilo de vida ao ar livre, que já conta até com escritórios adaptados para a exposição ao clima, um destaque da NeoCon em marcas como Extremis e Allermuir. Para trazer esse sentimento à tona, os tons de verde se tornam um novo neutro, assim como percebemos a alta das silhuetas e padronagens botânicas e biofílicas.

Antes de mais nada, a discussão de como o ambiente pode impactar o consumidor física e mentalmente apoia a importância dos temas de bem-estar, representados em tendências voltadas ao conforto e à criação de um santuário próprio nos espaços.

Luminária sem fio "Fleur", da Foscarini, apresentada na Semana de Design de Milão — Foto: Foscarini/Divulgação
Luminária sem fio "Fleur", da Foscarini, apresentada na Semana de Design de Milão — Foto: Foscarini/Divulgação

Isso também pode gerar a necessidade de expressão criativa, que abre espaço para o uso dos interiores como forma de escapismo. Produtos que misturam cores, estampas, materiais, formas foram muito vistos em Milão, a exemplo do aparador da marca Campi, colaboração dos estúdios Tellurico, Millim Studio e TIPSTUDIO, e da lâmpada do estúdio a-n-d.

Essa tendência chega até com a releitura de peças ornamentais em uma atualização moderna, como o Murano Bulb, da Multiforme. Nesse sentido, a exuberância é celebrada com realces impressionantes.

Murano Bulb, da Multiforme, foi desenhada por Marcantonio — Foto: Multiforme / Divulgação
Murano Bulb, da Multiforme, foi desenhada por Marcantonio — Foto: Multiforme / Divulgação

Também, em tempos de alta do custo de vida e realinhamento das prioridades do consumidor, produtos mais premium do dia a dia, que nos fazem sentir especiais, são uma ótima oportunidade de atualizar os itens mais básicos, como fez a Suns na Spoga+Gafa com seu sofá Tovara.

Da mesma maneira, o cuidado com objetos flexíveis, multifuncionais e adaptáveis é essencial, em uma estratégia de fazer mais com menos que encoraja o uso dinâmico dos espaços, como os móveis de corredor e hall de entrada apresentados na imm cologne pela Sudbrock.

A instalação Pavilion Nomad, do arquiteto Marc Fornes para a Louis Vuitton, no Palácio Serbelloni foi um dos grandes destaques do Fuorisalone — Foto: Louis Vuitton / Divulgação
A instalação Pavilion Nomad, do arquiteto Marc Fornes para a Louis Vuitton, no Palácio Serbelloni foi um dos grandes destaques do Fuorisalone — Foto: Louis Vuitton / Divulgação

Em termos de estética, o maior destaque ficou com as atualizações do estilo industrial, que começa a ficar mais futurista com acabamentos espelhados, detalhamentos em ângulos, metais frios e até se aproveitando de estéticas do metaverso, com cores e materiais que se transformam, anodização e cores pastéis digitais, muito observado em Milão como um todo, especialmente nas esculturas da Audrey Large.

Por outro lado, percebemos narrativas em torno da artesanalidade e da manualidade sendo elevadas e priorizadas, com texturas e detalhes tramados, como visto no estande da Ames na Maison&Objet.

Os padrões que se repetem de feira em feira são um jeito tangível de entender como as marcas estão se adaptando às novas necessidades de consumo. A WGSN acompanha a emergência, as atualizações e as confirmações desses comportamentos já previstos com base na nossa pesquisa proprietária STEPIC, que tem olhar atento e constante a tudo que indica mudança. Não deixamos nenhuma tendência passar despercebida.

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