Designer projeta "Cabana do Lago" para ser seu refúgio integrado à natureza

A casa era um antigo depósito de materiais da fazenda, que sempre pertenceu à família de Roberto. “Durante a pandemia, nos refugiamos lá nos primeiros meses. Na ocasião, iniciei um trabalho de jardinagem e paisagismo. Um dia, quando fui buscar algumas ferramentas no depósito, abri a janela e vi a magnífica vista para o lago. Na hora, pensei: se eu derrubar esta parede e substituir por vidro, ficará incrível”, conta ele, e, assim, tudo começou.

“Gosto de reunir nesta casa grupos pequenos de até oito pessoas no máximo. Quando necessário, instalo alguns hóspedes na sede da fazenda, que fica a 800 m de distância. Já quando vou só com meu neto, a residência é o lugar ideal para conviver em família”, acrescenta.

A reforma do antigo depósito foi executada com mão de obra local, preservando não só sua área interna como também o telhado e as telhas. O terreno foi mantido como estava, com a adição de uma varanda lateral – um pátio, onde Roberto costuma almoçar –, e a escadaria de acesso ao lago. Atualmente, a casa tem salas de estar e jantar com cozinha integrada, duas suítes e varanda com rede no pátio externo.

A integração com a natureza foi um ponto focal do projeto. Como a sala não possui cortinas, permite que a esquadria recolhida se una ao pátio externo, emoldurando a paisagem natural. "É muito legal quando toda a esquadria está recolhida, a sala se junta ao pátio e a natureza fica emoldurada pela fachada da casa", comemora Roberto.

Embora a casa seja simples, esbanja estilo com toques de contemporaneidade na decoração. Isso porque o designer se dedicou à seleção de móveis e obras de arte, adquiridos em leilões ou herdados de outras residências.

Destaque para a cômoda de jacarandá, que pertenceu à casa dos pais de Roberto, o sofá de couro de Percival Lafer, a mesa de centro Guaimbê do designer Paulo Alves, o pufe estofado com um tapete trazido do Egito, o par de poltronas LC1 e a chaise longue LC4, ambas de Le Corbusier.

Com exceção da série de desenhos em lápis de cor, do artista Glauco Rodrigues na cabeceira da suíte, quase tudo é arte popular e artesanato. Destaque para o Gato Sentinela, que fica a postos na fachada de vidro de casa; os trabalhos em arte plumária da sala de jantar e as fotos de insetos que adornam as paredes do living.

A partir do pano de fundo, com paleta predominantemente composta por tons terrosos, que se mimetiza ao terreno, surge a marcenaria desenhada por Roberto e executada por um profissional local. “Uma referência muito legal nesta casa – e que já se tornou uma marca registrada nos meus trabalhos – é o uso de um só material no piso de toda a residência, exceto nas áreas molhadas”, explica.

Para isso, foi escolhida a madeira garapa, que aquece e traz a sensação de acolhimento necessária para uma casa localizada em uma região de altitude. Pelo mesmo motivo, Roberto revestiu a parede e o teto da sala com tábuas da mesma madeira. “Assim, o piso sobe pela parede e se estende pelo teto em continuidade na paginação”, justifica. Já na cozinha e nos banheiros, o piso é de ladrilho hidráulico e as bancadas de cimento queimado feitos in loco. "Sem contar que posso cozinhar conversando com quem está na sala", complementa.

Na sala de estar com TV, o aconchego impera, aquecido pelo fogo e pelas mantas à disposição de quem precisar. As bebidas, os livros, os amigos e os canais de streaming são a fórmula perfeita deste living.

Na sala de jantar, a mesa de madeira foi projetada por Roberto junto de Neltinho, o faz-tudo da região. Já a luminária pendente bem contemporânea gera um contraste interessante com as cadeiras retrô cedidas por sua cunhada.

Na suíte de casal, vale destacar a solução criada para inserir o banheiro, deixando o lavatório exposto no dormitório, com marcenaria muito simples sobre uma pia com pedestal retrô. Uma cama de ferro, estilo patente, e duas mesas laterais compradas em leilão compõem o mobiliário.