Arquitetura
Por , com Nathalia Fabro

Metragem pequena, janela sobre a pia da cozinha, azulejos fáceis de limpar e armários organizados: essa foi a base do projeto "Cozinha de Frankfurt", desenvolvido pela arquiteta austríaca Margarete Schütte-Lihotzky. O conceito planejado parece normal hoje em dia, mas foi revolucionário na década de 1920 e se tornou base para as cozinhas modernas que conhecemos atualmente, além de consolidar a sua criadora como um dos nomes mais importantes da arquitetura mundial.

Nascida em Viena, em 23 de janeiro de 1897, Margarete foi uma das primeiras mulheres arquitetas formadas na Áustria. Ela faleceu em 18 de janeiro de 2000, com quase 103 anos. Perto do seu centésimo aniversário, declarou que não gostava de ser conhecida apenas como uma designer de interiores: "eu não sou uma cozinha", ela afirmava.

Ao longo de sua carreira, a profissional realizou diversos projetos, como assentamentos suburbanos, jardins de infância, a sede de uma grande editora e até um alojamento para mulheres solteiras.

Visando o conforto durante o trabalho, um banco foi acrescentado embaixo da pia na Cozinha de Frankfurt, desenhado por Margarete Schütte-Lihotzky — Foto: Wikimedia Commons / Creative Commons
Visando o conforto durante o trabalho, um banco foi acrescentado embaixo da pia na Cozinha de Frankfurt, desenhado por Margarete Schütte-Lihotzky — Foto: Wikimedia Commons / Creative Commons

Margarete era muito influenciada por seus ideais políticos — ela foi membro do Partido Comunista da Áustria (KPÖ) por mais de seis décadas e, entre 1941 e 1945, ficou em prisões nazistas por seu envolvimento na resistência antifascista.

Ela também trabalhou nos projetos habitacionais da Viena Vermelha, do partido social-democrata após a Primeira Guerra Mundial, e da Nova Frankfurt, na Alemanha, na década de 1920.

Conjunto habitacional em Viena, projetado pela arquiteta Margarete Schütte-Lihotzky — Foto: Wikimedia Commons / Creative Commons
Conjunto habitacional em Viena, projetado pela arquiteta Margarete Schütte-Lihotzky — Foto: Wikimedia Commons / Creative Commons

A Cozinha de Frankfurt fez parte desses programas sociais e foi incorporada em apartamentos de diferentes tamanhos, conectada por uma porta deslizante ou uma alcova da sala de estar.

Naquela época, a sala e a cozinha costumavam integrar um único cômodo. Margarete, que sempre foi uma ativista dos direitos feministas, separou o cômodo visando otimizar o tempo que as mulheres passavam no ambiente.

A cozinha era pequena e isolada do resto do apartamento, pensada para otimizar o tempo que as mulheres passavam no local — Foto: Wikimedia Commons / Creative Commons
A cozinha era pequena e isolada do resto do apartamento, pensada para otimizar o tempo que as mulheres passavam no local — Foto: Wikimedia Commons / Creative Commons

Com apenas quatro metros de comprimento e dois de largura, o modelo buscava aproveitar ao máximo o espaço limitado dos apartamentos dos trabalhadores da década de 1920. O projeto era tão eficiente que o tempo entre uma tarefa e outra podia ser medido com um cronômetro.

No entanto, sua criação também foi criticada por isolar a cozinha e, assim, promover a invisibilidade do trabalho doméstico. Posteriormente, Margarete declarou como recebeu as negativas "de forma dura".

Ainda assim, por ser enxuta, eficiente e funcional, a Cozinha de Frankfurt é considerada até hoje uma das mais importantes referências em programas habitacionais em todo o mundo.

Entre 1925 e 1930, foram produzidas 15 mil unidades habitacionais em que a cozinha estava inserida, o que representava mais de 90% de todas as moradias produzidas na cidade de Frankfurt naquele período.

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