Arquitetura

Por Redação Casa e Jardim

O Pritzker 2024 foi concedido ao arquiteto japonês Riken Yamamoto, o nono de seu país a ser laureado com o prêmio que é considerado o Nobel da arquitetura. O profissional foi homenageado por seus projetos repletos de valor social que incentivam a interação e os encontros casuais.

Para Alejandro Aravena, arquiteto chileno vencedor do Prêmio Pritzker 2016 e atual presidente do júri, os princípios do trabalho de Riken podem ser aplicados ao futuro das cidades.

"Ao desfocar cuidadosamente a fronteira entre o público e o privado, Yamamoto contribui positivamente para além de encomendas a fim de estimular as comunidades. Ele é um arquiteto insuspeito que traz dignidade à vida cotidiana. A normalidade se torna extraordinária. A calma leva ao esplendor", disse ele.

Defensor da vida comunitária, o arquiteto Riken acredita na comunidade como um “senso de partilha de um espaço”, rejeitando a ideia de uma habitação sem relação com os seus vizinhos. “Para mim, reconhecer o espaço é reconhecer uma comunidade inteira”, diz o profissional premiado.

“A abordagem arquitetônica atual enfatiza a privacidade, negando a necessidade de relações sociais. No entanto, ainda podemos honrar a liberdade de cada indivíduo enquanto vivemos juntos no espaço arquitetônico como uma república, promovendo a harmonia entre culturas e fases da vida", defende.

O incentivo à comunidade em seus projetos

Ao longo de cinco décadas de carreira, Riken aplicou tais princípios em seus projetos, cuja maioria está localizada no Japão. Um exemplo é o projeto para o prédio do Corpo de Bombeiros em Hiroshima (2000): de fachada e paredes internas de vidro transparente, o prédio reafirma o seu propósito comunitário, convidando os transeuntes a testemunhar a atividade diária dos bombeiros e conhecer os servidores civis que lhes protege em muitas das áreas públicas do espaço.

Estação de bombeiros Hiroshima Nishi, projetada por Riken Yamamoto com vidros transparentes na fachada e nos interiores — Foto: Tomio Ohashi / Divulgação
Estação de bombeiros Hiroshima Nishi, projetada por Riken Yamamoto com vidros transparentes na fachada e nos interiores — Foto: Tomio Ohashi / Divulgação

Já a prefeitura da cidade de Fussa (2008), na província de Tóquio, foi concebida como duas torres médias, que, ao invés de um arranha-céu, complementam a vizinhança, composta por edifícios baixos.

Prédio da prefeitura da cidade de Fussa, na província de Tóquio, cujas torres complementam a vizinhança, composta por prédios baixos — Foto: Wikipedia / Wiiii / Wikimedia Commons
Prédio da prefeitura da cidade de Fussa, na província de Tóquio, cujas torres complementam a vizinhança, composta por prédios baixos — Foto: Wikipedia / Wiiii / Wikimedia Commons

A Escola Primária Koyasu (2018), por sua vez, dispõe de terraços generosos que ampliam os espaços de aprendizado, permitindo as vistas entre as salas de aula e encorajando a interação e o relacionamento entre estudantes de todas as séries.

O seu portfólio inclui também residências privadas, habitações públicas, edifícios universitários, instituições, espaços cívicos e planejamento urbano. Alguns destes projetos se localizam em localidades fora do Japão, como na China, na Coreia do Sul e na Suíça.

Riken Yamamoto

Riken é o 53º ganhador do Prêmio Pritzker de Arquitetura e o nono vindo do Japão. Ele nasceu em Pequim, República Popular da China, no ano de 1945, mas se mudou para a cidade japonesa de Yokohama logo após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Desde cedo, o arquiteto vive um equilíbrio entre as dimensões do público e privado, que serve de inspiração para o seu trabalho. Durante a infância, ele morou em uma machiya tradicional japonesa, uma residência urbana tem uma loja voltada para a rua – no caso, a farmácia de sua mãe. “O limiar de um lado era para a família e do outro para a comunidade. Eu sentei no meio", disse ele.

Riken Yamamoto viveu em uma machiya tradicional japonesa que, como os seus projetos, estabelecia um equilíbrio entre as dimensões do público e do privado — Foto: Riken Yamamoto / Divulgação
Riken Yamamoto viveu em uma machiya tradicional japonesa que, como os seus projetos, estabelecia um equilíbrio entre as dimensões do público e do privado — Foto: Riken Yamamoto / Divulgação

O arquiteto se formou na Universidade de Nihon em 1968 e se tornou mestre em Arquitetura pela Universidade de Artes de Tóquio em 1971. Dois anos depois, fundou o seu escritório Riken Yamamoto & Field Shop.

Nos primeiros anos de sua carreira, o profissional viajou pelo mundo a fim de compreender diferentes comunidades, culturas e civilizações, comprometendo-se com a crença de que todos os espaços podem enriquecer e servir a consideração de toda uma comunidade, e não apenas daqueles que os ocupam.

O princípio lhe acompanhou por toda a carreira, que nela estabeleceu transparência "na forma, no material e na filosofia".

Além da dedicação aos projetos, o arquiteto é professor visitante recém-nomeado na Universidade de Kanagawa e foi professor visitante na Universidade de Artes de Tóquio (2022-2024), além de já ter lecionado na Universidade Nihon (2011-2013), na Universidade Nacional de Yokohama (2007-2011), e na Universidade Kogakuin (2002-2007). Ele também foi presidente da Universidade de Arte e Design Nagoya Zokei (2018-2022).

Os destaques incluem também a nomeação de Acadêmico pela Academia Internacional de Arquitetura (2013) e inúmeras distinções ao longo de sua carreira, incluindo o Prêmio do Instituto de Arquitetos do Japão para o Museu de Arte de Yokosuka (2010), Prêmio de Edifícios Públicos (2004 e 2006), Prêmio Good Design Gold (2004 e 2005), Prêmio do Instituto de Arquitetura do Japão (1988 e 2002), Prêmio da Academia de Artes do Japão (2001) e o Mainichi Art Awards (1998).

Hoje, o arquiteto continua a residir e trabalhar em Yokohama, em comunidade com seus vizinhos.

Riken será homenageado em Chicago, nos Estados Unidos, nesta primavera. A Laureate Lecture 2024 será realizada no SR Crown Hall, no Instituto de Tecnologia de Illinois, em parceria com o Chicago Architecture Center, no dia 16 de maio, e será aberta ao público.

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