Nutrição

Por Por Gladys Magalhães


O consumo exagerado de petiscos e alimentos humanos costumam ser os vilões do paladar dos pets — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons)
O consumo exagerado de petiscos e alimentos humanos costumam ser os vilões do paladar dos pets — Foto: ( Unsplash/ CreativeCommons)

No início de janeiro, um vídeo de um rapaz fingindo cozinhar a ração para incentivar o cachorro a comer viralizou nas redes sociais (assista no final do texto). No post, o tutor oferece a ração para o cão, que se recusa, e só come após a pessoa pegar o pote, colocar sobre o fogão, fingir colocar tempero e colocar no micro-ondas. Mas, será que a técnica funciona?

Na opinião da médica-veterinária, especialista em nutrição, Lara Mantovani Volpe, e da médica-veterinária Michele Carregalo, do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, a resposta é negativa.

“Cães são animais que podem ser condicionados a reproduzirem certos comportamentos. Apesar de não ser ideal, por questões comportamentais, hoje em dia, é muito comum os cães estarem no ambiente da cozinha e, durante as refeições, recebendo petiscos ou sobras da comida do dia a dia. Inconscientemente, isso reforça ao animal que, quando ele estiver na cozinha e ouvir o barulho dos utensílios, ou micro-ondas, por exemplo, algo gostoso será servido a ele e, por isso, provavelmente, o cachorro em questão comeu a ração. A técnica, necessariamente, não funcionará com todos, pois isso é um condicionamento particular do animal, ou seja, foi um hábito que foi reforçado nele”, explica Dra. Lara.

“Não vejo esse hábito funcionar. O que funciona mesmo é fazer esse animalzinho, com técnicas de adestramento, entender que aquele alimento oferecido é o que está disponível”, completa Dra. Michele.

Mas, o que faz o cão recusar a ração?

Doenças, uso de medicamentos, idade (cães mais velhos costumam ser mais seletivos) e até a raça do animal podem influenciar na aceitação ou não da ração. Entretanto, é o consumo exagerado de petiscos e alimentos para humanos que costumam ser os vilões do paladar dos pets.

“O consumo desses alimentos, que geralmente são altamente saborosos, pode fazer com que o cão sacie sua fome e perca o interesse no alimento completo e balanceado, que é o mais indicado para ele. Além disso, o fornecimento de petiscos e alimentos humanos, principalmente no momento das refeições dos tutores, estimula o cão a criar um hábito “pidão”. A raça do cachorro também pode influenciar no consumo de alimento, visto que algumas, como yorkshire, shih-tzu e lhasa apso, possuem naturalmente o paladar mais exigente”, observa Dra. Lara.

Sobre a crença de que o pet enjoa de determinada ração com o passar do tempo, Dra. Michele explica que a prática tem mais relação com o tutor, do que com o animal. “É provável que este comportamento seletivo aconteça, porém isso pode ter muita relação com o manejo ambiental em que o tutor impõe. O hábito de trocar com frequência de ração ou de sempre acrescentar outros alimentos na dieta, caso o animal não se alimente, podem estimular esse comportamento.”

O que fazer para o cão comer, afinal?

De acordo com as profissionais, o segredo para que o pet aceite o alimento seco, ou seja, a ração, está em estimular este comportamento desde filhote. É essencial também evitar o fornecimento exagerado de petiscos e alimentos para consumo humano, visto que alguns podem até ser prejudiciais à saúde do pet.

Outras atitudes também podem ajudar o cão a comer ração. São elas:
• Dividir a porção diária do alimento em, pelo menos, duas refeições e fornecê-las sempre no mesmo horário;
• Manter a refeição disponível sempre pelo mesmo período de tempo e, decorrido esse tempo, retirá-la e descartar as sobras;
• Não dar alimentos na beira da mesa, durante as refeições do tutor;
• Não misturar sobras da mesa com a ração.

Fingir cozinhar a ração para o cão comer: será que técnica funciona?

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