• Texto Simone Quintas / Repórter de imagem Claudia Pixu
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"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

O morador Fernando Dias está sentado na escada de ferro pintado com degraus de madeira. Nas paredes, quadros de valor sentimental para ele (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

Esta matéria poderia terminar aqui: o título já resume a decoração e o lifestyle dos moradores. Pode-se até arriscar que tudo que eles têm faça parte de uma coleção —pensando bem, talvez os colchões escapem. “De tudo, tenho no mínimo dois”, diverte-se Fernando Paulo Louis Dias, que vive nesse verdadeiro parque de diversões ao lado do companheiro, Peter Fedewicz. Tranquilo, Peter lida bem com a predominância de Fernando no décor, preferindo atuar em outras searas. “O território dele é o escritório, mesmo assim fui eu que decorei”, diverte-se novamente o morador.

Embora reúna louças, telas, tapetes, objetos e até móveis significativos — e outras muitas adoráveis quinquilharias —, esta casa está imprevisivelmente na roça de Tiradentes, a cidade em Minas Gerais que o casal escolheu para morar desde 2010. Do lado de fora, é um grande caixote de 280 m², que nada sugere de seu interior. Chega a passar propositalmente despercebida. Foi rabiscada por Fernando e adaptada pelo engenheiro civil Armandinho Sousa e Silva, da construtora paulista Design.me. “Foi ele quem fez caber o projeto no terreno”, conta o morador.

E antes que você se pergunte como ele limpa tudo isso, existe uma metodologia, um cronograma, no qual o morador se envolve diretamente no processo. “A casa foi feita nos padrões americanos, toda blindada, não entra bicho nem pó. Não tem ralo”, explica Fernando.

O casal morou por muitos anos em Miami, onde mantinha quatro lojas de decoração — antes disso, ainda no Brasil, Fernando foi vendedor da então famosa feira de antiguidades do Shopping Iguatemi, na capital paulista. Isso já explica parte do incrível acervo, que exibe de louças da Companhia das Índias e obras originais de Portinari a rolos de macarrão de todos os modelos e materiais. Na mudança dos Estados Unidos vieram quatro contêineres de 40 pés cada um. E mesmo sendo a casa espaçosa, Fernando confessa que tem algumas coisas guardadas em casas de familiares e em seu inusitado bar e restaurante, o Petruccio, que fica dentro de sua propriedade, a poucos metros da residência.

Tanto na casa quanto no bar, a decoração faz o estilo tudo junto e misturado, sem o menor critério, o que torna essa casa extremamente interessante, despertando o prazer de desvendá-la aos poucos, surpreendendo-se a cada nicho de estante e tampo de mesa. E mesmo tendo tantas coisas, Fernando garante que usa tudo. Muda as louças a cada estação. “Tudo aqui é para ser usado. Caixão não tem gaveta!”

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

A estante exibe uma mistura de porcelanas da Companhia das Índias com as de estilo cloisonné; a garrafa snuff bottle era usada, no passado, por chineses e mongóis para guardar e cheirar rapé (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

Sobre a mesa de centro, coleção de sapinhos de várias partes do mundo: os de madeira colorida parecem coaxar ao se deslizar um pauzinho sobre as costas deles (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

Esta sala é a única parte envidraçada da casa e lembra uma varanda fechada. O armário chinês wedding trunk era usado como baú para guardar o enxoval. No fundo falso, as noivas escondiam as joias (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

No ambiente do living mais usado pelos moradores, sofá Roche Bobois e pufes trazidos por eles dos Estados Unidos.Ao fundo, cadeiras Wishbone, design de Hans Wegner. Na mesa de centro, outra coleção: caixinhas de grifes como Tiffany & Co., Rosenthal e Cartier (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

A cozinha tem pia e torneira que vieram dos Estados Unidos. Nas prateleiras superiores, coleção de peças de cobre. Sob a bancada da pia, cortina feita com panos de prato da Williams Sonoma — presente da madrinha de Fernando (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

A sala de jantar tem parede coberta de desenhos, oito são de Portinari. A ilustração com a palavra Macario — criada para o livro de mesmo nome — é de Di Cavalcanti e foi arrematada em um leilão. Os quadros de animais são chineses (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

O banheiro tem nichos na parede para acomodar a coleção de vidros antigos de farmácia. O espaço ainda exibe reunião de espelhos, refletida no maior, em nicho acima da pia (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"A casa foi feita nos padrões americanos. É toda blindada. Não tem ralo. Não entra bicho nem pó.""

Fernando
"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

O banheiro tem janela de demolição com vitrais trazidos da França e vista para um lago e o rio Elvas. Banheira da Waterworks comprada nos Estados Unidos (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

"Se existe, eu coleciono" - casa em Tiradentes (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )

Aconchegante e despretensioso, o quarto tem cama tipo tablado dinamarquesa. Ao fundo, lareira a álcool e quadros de artista americano comprados em Las Vegas (Foto: Cacá Bratke / Editora Globo )