• Por Gladys Magalhães
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A primeira lição para quem quer adotar uma alimentação mais saudável é começar devagar (Foto: Freepik / CreativeCommons)

A primeira lição para quem quer adotar uma alimentação mais saudável é começar devagar (Foto: Freepik / CreativeCommons)

Quando ao assunto é alimentação saudável, na teoria, todos sabem os caminhos que devem seguir. Contudo, colocar em prática é um processo bem complicado. Entre os principais obstáculos está a força do hábito.

“Os comportamentos das pessoas são resultados da interação de muitas variáveis, como genética, ambiente, cultura, família, psique, etc. Muito do que fazemos no nosso dia a dia não envolve decisões bem pensadas e sim hábitos. O hábito é um comportamento que aprendemos e repetimos com frequência, muitas vezes sem pensar e de forma automática ou até mesmo inconsciente”, explica a médica Paula Pires, endocrinologista pela Universidade de São Paulo (USP).

Um passo de cada vez

Mudar hábitos não é uma tarefa fácil. Assim, a primeira lição para quem quer adotar uma alimentação mais saudável é: comece devagar. Ao menos, essa é a opinião da endocrinologista e metabolista Thais Mussi, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

“Mudar os hábitos alimentares pode ser leve, gostoso e tranquilo. Tente não radicalizar, restringindo alimentos e retirando do cardápio tudo que gosta, mas que não é saudável. Isso será gradativo, pouco a pouco. Com as substituições, será normal, e até esperado, deixar de consumir certos alimentos”, ressalta Thais.

Vilões da cozinha

Após entender que não se muda um hábito do dia para a noite, é hora de conhecer quais alimentos não devem ter presença assídua na lista de compras ou na geladeira. Alimentos sem glúten (exceto em casos específicos), com sabor de fruta, cereais integrais de caixinha, requeijão, suco de caixinha, pão de supermercado e barra de proteína estão entre eles, assinala Paula.

“Mesmo as versões mais naturais de um suco de caixinha, por exemplo, continuam sendo bem industrializadas, visto que um suco de frutas é uma bebida bem perecível. Deixe para momentos pontuais e não no dia a dia. No que diz respeito ao pão de supermercado, o problema é a distribuição em larga escala, que faz com que esses produtos sejam cheios de conservantes. Mesmo com versões sem glúten e/ou integrais, prefira um pãozinho mais artesanal, feito em uma padaria legal, com fermentação natural, de preferência” alerta a média.

Que mal faz?

A ingestão frequente dos alimentos citados e de ultraprocessados, geralmente, pode resultar em sérios problemas de saúde, que vão muito além do que "ver o ponteiro da balança" subir.

“Uma dieta não saudável contribui de uma maneira negativa para diversas, se não todas, as condições de saúde, ou melhor dizendo, de doença. Temos uma incidência muito alta de sobrepeso e obesidade, de diabetes associado ao consumo excessivo de alimentos e bebidas muito açucaradas, de derrame, (Acidente Vascular Encefálico), como uma causa muito importante de morte no nosso país. Sem falar da hipertensão, do colesterol elevado, da maior incidência de câncer de colorretal, exacerbada pelo excesso de ingestão de carne vermelha, de osteoporose, entre outros”, explica o cardiologista Fernando Menezes, da Medicina Interna Personalizada (MIP).

Para tentar contornar o problema, é preciso “desembalar menos e descascar mais”, diz Thais.

Substituição

Ainda segundo Thais, quem costuma consumir refrigerante, pode tentar substituir por um suco de fruta natural, água com limão ou água de coco. Já as barras de cereais podem ser substituídas por nozes, castanhas ou frutas.

Fernando lembra ainda que é melhor optar pela manteiga do que pela margarina, frutas em vez de doces, pão integral no lugar do normal. “Uma alimentação saudável deve sempre conter fibras, principalmente no período da manhã, conforme a sociedade americana de nutrologia isso não ocorre em cerca de 90% das mulheres e 97% dos homens. Ingestão de cálcio e vitamina D também acontece de maneira muito aquém do necessário e do que seria recomendado para adultos. Reduzir a quantidade de sódio, principalmente conforme o avançar da idade, quando o rim começa a ter dificuldades de filtrar uma quantidade muito grande, também é importante, ou este sódio acabará ficando no corpo e gerando hipertensão”, finaliza o médico.