Com o aumento dos recursos aportados pelo governo federal no Bolsa Família nos últimos anos, as varejistas com maior exposição a regiões mais beneficiadas pelo programa são naturalmente as que sentem mais o impacto positivo do avanço do consumo. Em análise feita pelo Santander, o Grupo Mateus e a Pague Menos são as companhias listadas que mais devem sair ganhando, seguidas de Carrefour, Raia Drogasil e Assaí.
O Grupo Mateus aparece na frente porque tem 100% das suas operações instaladas nas duas regiões que contam com as maiores proporções de beneficiários do programa em relação à população, Norte e Nordeste. O Maranhão, aliás, onde a rede teve sua primeira unidade, é o estado com a maior taxa, de 48%. Sozinho, o benefício representa 6% do PIB do estado.
Em 2023, ano em que o governo Lula definiu que o valor mínimo do Bolsa Família seria mantido em R$ 600, a receita líquida do Grupo Mateus subiu 23%, para R$ 26,8 bilhões. Mais cedo, a companhia anunciou a aquisição do controle do concorrente nordestino Novo Atacarejo, da família Assis, com 29 lojas em operação na Paraíba e em Pernambuco, reforçando a aposta na região.
A Pague Menos, por sua vez, fundada no Ceará, é o segundo mais exposto, com 77% das operações nas duas regiões, bem à frente do terceiro colocado, o Assaí, com 34%. Carrefour e RD completam a lista, com 19% cada, nas contas do banco. O Santander também destaca que, dado o grau de endividamento da população, tendem a ganhar em especial as varejistas de bens de consumo de primeira necessidade, como alimentos e remédios.
No relatório, os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo excluíram da base os dados de 2020 e 2021, período distorcido pelo pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia de Covid-19. No fim de 2021, o governo Bolsonaro mudou o nome do Bolsa Família para Auxílio Brasil e, no segundo semestre de 2022, elevou o benefício mínimo para R$ 600 mensais de forma temporária, o mesmo valor do auxílio emergencial da pandemia, até o fim do ano. Lula, quando assumiu, voltou a chamar o programa de Bolsa Família e manteve o valor mínimo em R$ 600.
Dados de abril deste ano mostram que o benefício médio mensal das famílias ficou em R$ 689, em linha com o ano passado, mas mais do que o triplo de 2022, quando foi de R$ 220. Ao todo, o incremento foi de R$ 10 bilhões mensais ou R$ 120 bilhões anuais considerando 2022, 2023 e 2024. "Em resumo, os benefícios do Bolsa Família atingiram o nível mais alto de todos os tempos", escrevem Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo no relatório.
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