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Ministro saudita: “Energia renovável não é feita por motivos altruístas”

Ministro saudita: “Energia renovável não é feita por motivos altruístas”

Um dos membros da comitiva saudita no fórum FII Priority, que aconteceu nesta semana no Rio, Adel Al-Jubeir, ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, falou ao Pipeline sobre transição energética, aproximação e oportunidades na relação com o Brasil.

A Arábia Saudita é o maior exportador mundial de petróleo, mas tem se engajado também em transição energética. Como conciliar as duas coisas no ritmo certo?

Somos os maiores exportadores de petróleo, mas pensamos em nós mesmos como exportadores de energia. Somos um investidor muito grande em fontes alternativas e renováveis de energia, seja em solo, ar ou água. Estamos olhando para a fonte nuclear. Queremos e seremos um dos maiores produtores e exportadores de hidrogênico limpo. Estamos construindo umas das maiores plantas do mundo neste momento no norte da Arábia Saudita, o projeto Neom. Nos vemos como exportadores de energia e acreditamos que esses investimentos são rentáveis, serão bons para economia global, para o clima e para a Arábia Saudita.

Mas temos visto algum retrocesso ou revisão de investidores privados nos ativos ESG em busca de maiores retornos. O senhor avalia que o setor privado tende a investir de forma mais relevante em energia verde num segundo momento? Que hoje é muito mais um tema para política pública do que uma classe de ativos?

Acredito que o que chamam de energia verde é extremamente rentável, iniciativas que tem a ver com questões ambientais são rentáveis. Na Arábia Saudita temos mais de 80 iniciativas, desde transformar lixo em energia à projetos híbridos de solar-hidro, eólica, estamos olhando para a vida marinha, proteção de terra, eficiências, hidrogênio. E todos eles são rentáveis. A ideia que energia renovável só é feita por motivos altruístas não é correta. Tem sido muito rentável e cada vez mais investidores perceberem isso, vai ter ainda mais fluxo de capital do que já tem.

O presidente Lula mencionou, em participação no evento, a relevância do chamado ‘Sul Global’. O senhor vê um maior alinhamento entre esses países, considerando ainda as correntes mudanças geopolíticas?

Acredito que há um mundo e uma comunidade global. Como uma cidade, você tem diferentes vizinhanças. Em relação ao Sul Global, são países emergentes, que estão em desenvolvimento, enquanto o Norte é visto como os países mais industriais, avançados. Tem que haver um diálogo entre as diferentes vizinhanças, e isso está acontecendo. Há a necessidade que cada um tem, os ativos que cada um pode prover, e acredito em engajar num diálogo que traga mutuamente benefícios. É quando você não tem diálogo que os problemas acontecem. O presidente Lula está dizendo que os países do Sul têm que ter sua voz ouvida, se articularem e usarem seus recursos para melhorar o bem-estar da população. Isso não vem às custas de ninguém, acho que o mundo todo se beneficia. A política da Arábia Saudita tem sido se reconectar com o mundo e estamos fazendo isso, fornecendo energia, sendo um grande investidor global entre as diferentes geografias. Três das mais importantes rotas marítimas estão em nosso entorno. Enviamos mais de meio milhão de jovens para estudar em outros partes do mundo. É sobre estar conectado com o mundo e o mundo se conectar com a gente. É nisso que eu acredito e acho que todos podem se beneficiar.

Em termos de cooperação entre Brasil e Arábia Saudita, especificamente, onde o senhor vê espaço para crescimento?

Arábia Saudita e Brasil têm uma relação muito especial, longeva e mutuamente benéfica. Acreditamos no princípio de soberania nacional, da não-interferência, da resolução de conflitos de forma pacífica. Acreditamos na importância de priorizar os nossos cidadãos, em dar a eles possibilidades para melhorar seu bem-estar, ter a oportunidade de crescer, de atingir seus sonhos e ambições. Não temos ambições além das nossas fronteiras, digo nem o Brasil e nem nós, não estamos interessados em espalhar poder. Queremos espalhar boa vontade, resolver conflitos, construir pontes, queremos negociar e investir. Então, filosoficamente, somos alinhados. Na prática, as duas economias são complementares, e não competidoras. Vocês têm alimentos, nós precisamos de alimentos. Ambos produzem energia e estão investindo em energia limpa e renovável. Ambos têm interesse em mineração, estamos trabalhando juntos em tecnologia, no setor aeroespacial, em serviços.

E por isso a Arábia Saudita é o maior mercado para produtos brasileiros no Oriente Médio e a a Arábia Saudita é um grande investidor na economia brasileira, nas empresas brasileiras e queremos fazer ainda mais. Porque é rentável para nós e para os nossos parceiros brasileiros, que podem aumentar a entrada de produtos no país porque são bons produtos. É uma relação de mútuo benefício e é uma relação bastante rara entre países, ter esse alinhamento filosófico e prático que se traduz na economia, comércio e finanças. No topo disso, há uma relação pessoal muito, muito forte entre os líderes dos nossos países. E por último mas não menos importante, temos uma paixão em comum por futebol.

Qual a escalação ideal?

Prefiro não comentar isso, mas quando era jovem tive o privilégio de ver o Pelé. Eu tinha 11 ou 12 anos e estava na Alemanha para a Copa de 1974. Foi uma experiência inesquecível. E, como você, sabe, temos jogadores brasileiros na Arábia Saudita e assim tem sido desde a década de 1970, reforçando o esporte no país. Acompanhamos a liga brasileira com bastante interesse, é uma paixão que os dois povos compartilham.

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