![Eduardo Mufarej, sócio da GK Partners, esteve no FII Priority, no Rio — Foto: Silvia Zamboni/Valor](https://cdn.statically.io/img/s2-pipelinevalor.glbimg.com/qawODPYPVctvbqLSWGY1OV1RQdM=/0x378:3840x2560/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_b3309463db95468aa275bd532137e960/internal_photos/bs/2021/6/u/BDinDdThyv6MHKB7h3lQ/100521gkventures-2018.jpg)
A volatilidade do mercado financeiro em torno da política fiscal tem ajudado a colocar pressão no câmbio, num período em que o dólar já vinha se valorizando devido à política monetária americana. Se o fluxo de capital estrangeiro já era na direção da saída, a puxada na moeda pode complicar um pouco mais, uma vez que exige retornos ainda maiores para pagar se o real continua se depreciando. Para Eduardo Mufarej, sócio-fundador da gestora de impacto Good Karma Partners e co-chefe de investimentos da Just Climate, a vertente de ativos ilíquidos da gestora da Al Gore, não precisaria de muito para que o Brasil desatasse esse nó e voltasse a atrair capital.
“Existe uma preocupação histórica com a velocidade do aumento do gasto. O problema do gasto não é a inclusão dele, é que depois ele vira quase despesa obrigatória, principalmente quando ele é aumento de funcionalismo e isso passa a ter efeito composto”, comenta Mufarej. “E aí a indicação de que se vai fazer ajuste fiscal através do aumento de receita. Não tem precedente no mundo de ajuste fiscal que tenha sido feito somente a partir de aumento de receita. A arrecadação do governo tem crescido, a questão é que precisa segurar a velocidade do gasto e o Brasil já e um país que tributa bastante.”
Ele lembra que há países que deixaram de ser destino de fluxo de capital, como Rússia e China, e que outros têm se beneficiado desse redesenho, como Índia e México. O Brasil ficou na zona cinzenta. “Não vejo porque o Brasil não possa também ter esse papel. Senão isso também se reflete no câmbio e quem entrou a R$ 5, já está mais de 10% para trás. Comparando com taxa de juros global, para você ter o equivalente a esse carrego, investimento precisa dar 17%, 18% de retorno. A barra vai aumentando por conta desse desajuste no câmbio, que não é uma questão só de Brasil, mas que o país pode fazer sua parte.”