Mundo Rússia

Separatistas pró-Rússia marcham na cidade ucraniana de Mariupol em celebrações do 9 de Maio

Evento levou às ruas uma fita de São Jorge de 300 metros e declarações de vitória russa, mas autoridades de Kiev afirmam que população local não participou
Participantes de marcha do Dia da Vitória em Mariupol carregam fita de São Jorge nas ruas da cidade Foto: PAVEL KLIMOV / REUTERS
Participantes de marcha do Dia da Vitória em Mariupol carregam fita de São Jorge nas ruas da cidade Foto: PAVEL KLIMOV / REUTERS

MARIUPOL, Ucrânia — Sob controle de forças russas , com exceção do complexo siderúrgico Azovstal , a cidade de Mariupol recebeu em suas ruas uma marcha em homenagem ao Dia da Vitória , celebrado na Rússia em 9 de maio. Contudo, o evento praticamente não teve participação dos civis que ainda estão na cidade, e acabou liderado por políticos russos e lideranças separatistas pró-Moscou, que também atuam na ofensiva militar.

Em Moscou: Putin evoca 2ª Guerra e culpa Ocidente por invadir Ucrânia, mas não sinaliza escalada no Dia da Vitória sobre o nazismo

De acordo com a agência RIA, Denis Pushilin, líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, que foi reconhecida pelo Kremlin dias antes do início da invasão militar, no final de fevereiro, liderou a marcha e afirmou que "a Rússia estará aqui para sempre", sinalizando uma ocupação de longo prazo da cidade.

— Agora este é o território da República Popular de Donetsk para sempre. Ninguém vai tirar isso de nós. Temos força, temos oportunidades, temos o apoio de um grande e belo país, a Rússia — declarou, de acordo com a agência Tass. Além de Pushilin, estavam presentes o parlamentar russo Dmitry Sablin e Konstantin Ivashchenko, anunciado como o novo "administrador" da cidade pelas forças russas.

Protesto: Manifestantes na Polônia encharcam rosto de embaixador russo com substância vermelha

O ponto alto da marcha foi a apresentação de uma fita de São Jorge de 300 metros de comprimento, anunciada pela imprensa russa como "a maior do mundo": o símbolo, que remete aos tempos da Rússia Imperial, foi "restaurado" durante a Segunda Guerra Mundial e ligado a homenagens aos veteranos do conflito. No começo do século XXI, a fita foi popularizada e passou a ser usada com mais frequência nas ruas para homenagear os veteranos e os que tombaram em combate.

'Rússia, nossa pátria sagrada': A volta às aulas em uma cidade ucraniana ocupada

Desde o início da invasão da Ucrânia, a fita foi associada ao que o Kremlin chama de "operação mlitar especial", por vezes aparecendo na forma de "Z", letra escolhida como um dos símbolos do conflito. Desde 2017, o uso e a produção da fita são proibidos na Ucrânia, medida adotada também por nações como Letônia, Lituânia e Moldávia após o começo da guerra.

'Autopurificação': Ao lado de portas pichadas e ameaças de prisão, fala de Putin sobre 'traidores' envia um sinal sombrio à sociedade russa

Apesar das imagens mostrando a fita terem sido distribuídas como símbolo de sucesso da ocupação de Mariupol pelos russos, autoridades ligadas a Kiev apontam que o evento foi realizado com o apoio de separatistas e nomes ligados ao Kremlin, sem a participação dos moradores da cidade, um dos principais fronts da guerra.

"Foi relatado que pessoas de Novoazovsk e Donetsk foram trazidas para levar as bandeiras. Principalmente russos. Os idosos de Mariupol foram selecionados. A emoção e a alegria nas ruas ao longo da coluna não é particularmente perceptível. As pessoas foram atraídas para a praça pela promessa de cozinhas ao ar livre e comida ao público", escreveu, no Telegram, o vice-prefeito de Mariupol, Petro Andryushchenko.