MARIUPOL, Ucrânia — Sob controle de forças russas , com exceção do complexo siderúrgico Azovstal , a cidade de Mariupol recebeu em suas ruas uma marcha em homenagem ao Dia da Vitória , celebrado na Rússia em 9 de maio. Contudo, o evento praticamente não teve participação dos civis que ainda estão na cidade, e acabou liderado por políticos russos e lideranças separatistas pró-Moscou, que também atuam na ofensiva militar.
De acordo com a agência RIA, Denis Pushilin, líder da autoproclamada República Popular de Donetsk, que foi reconhecida pelo Kremlin dias antes do início da invasão militar, no final de fevereiro, liderou a marcha e afirmou que "a Rússia estará aqui para sempre", sinalizando uma ocupação de longo prazo da cidade.
— Agora este é o território da República Popular de Donetsk para sempre. Ninguém vai tirar isso de nós. Temos força, temos oportunidades, temos o apoio de um grande e belo país, a Rússia — declarou, de acordo com a agência Tass. Além de Pushilin, estavam presentes o parlamentar russo Dmitry Sablin e Konstantin Ivashchenko, anunciado como o novo "administrador" da cidade pelas forças russas.
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O ponto alto da marcha foi a apresentação de uma fita de São Jorge de 300 metros de comprimento, anunciada pela imprensa russa como "a maior do mundo": o símbolo, que remete aos tempos da Rússia Imperial, foi "restaurado" durante a Segunda Guerra Mundial e ligado a homenagens aos veteranos do conflito. No começo do século XXI, a fita foi popularizada e passou a ser usada com mais frequência nas ruas para homenagear os veteranos e os que tombaram em combate.
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Desde o início da invasão da Ucrânia, a fita foi associada ao que o Kremlin chama de "operação mlitar especial", por vezes aparecendo na forma de "Z", letra escolhida como um dos símbolos do conflito. Desde 2017, o uso e a produção da fita são proibidos na Ucrânia, medida adotada também por nações como Letônia, Lituânia e Moldávia após o começo da guerra.
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Apesar das imagens mostrando a fita terem sido distribuídas como símbolo de sucesso da ocupação de Mariupol pelos russos, autoridades ligadas a Kiev apontam que o evento foi realizado com o apoio de separatistas e nomes ligados ao Kremlin, sem a participação dos moradores da cidade, um dos principais fronts da guerra.
"Foi relatado que pessoas de Novoazovsk e Donetsk foram trazidas para levar as bandeiras. Principalmente russos. Os idosos de Mariupol foram selecionados. A emoção e a alegria nas ruas ao longo da coluna não é particularmente perceptível. As pessoas foram atraídas para a praça pela promessa de cozinhas ao ar livre e comida ao público", escreveu, no Telegram, o vice-prefeito de Mariupol, Petro Andryushchenko.