O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que o presidente da Argentina, Javier Milei, falou "muita bobagem" e que deve pedido de desculpas a ele e ao Brasil pelas suas declarações. Em entrevista ao portal Uol , Lula também afirmou que não conversou com o argentino sobre a extradição de 62 brasileiros foragidos em seu país e investigados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
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— Eu não conversei com o presidente da Argentina porque eu acho que ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim. Ele falou muita bobagem, eu só quero que ele peça desculpas. A Argentina é um país que eu gosto muito. É um país muito importante para o Brasil, assim como o Brasil é muito importante para Argentina e não é um presidente da república que vai criar uma cizânia entre os dois países.
Apesar dos desgastes com Milei, no entanto, Lula pregou a harmonia entre o povo brasileiro e argentino.
— O povo argentino e o povo brasileiro são maiores que os presidentes e eles querem viver bem, querem viver em paz. Então, se o presidente da república da Argentina governar a Argentina já está de bom tamanho.
Lula e Milei evitam aproximações, ao passo que seus governos mantêm uma relação institucional e diplomática de alto-nível, entre dois importantes parceiros regionais. Durante as eleições argentinas, o entorno de Lula expressou apoio direto ao candidato derrotado, Sergio Massa, enquanto Milei manteve contato direto com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Na posse do presidente argentino, Lula não viajou a Buenos Aires — Bolsonaro, sim.
Na entrevista nesta quarta, Lula também afirmou que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, negociam com o governo argentino para que os brasileiros foragidos que se recusarem a ser extraditados ao Brasil sejam presos na Argentina. O Itamaraty recebeu do governo argentino uma lista de 62 brasileiros investigados que entraram no país vizinho. Segundo o informe, 13 já saíram da Argentina e um teve a entrada recusada.
— Primeiro você tem que ter em conta que os que estão lá, eu não sei o número, 60, 65 pessoas, fazem parte de um grupo já condenado. Essa parte tanto meu ministro Lewandowski, quando o Andrei da PF e mais o [chanceler brasileiro] Mauro Vieira estão discutindo para ver se esses caras não quiserem vir, que eles sejam presos lá, e que fiquem presos na argentina.