Janaína Figueiredo
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Janaína Figueiredo

Foi correspondente do GLOBO em Buenos Aires e desde 2019 é repórter especial.

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Janaína Figueiredo

Colaborou com a GloboNews, CBN e La Nación. Foi correspondente do GLOBO em Buenos Aires e hoje é repórter especial. Escreveu o livro “Qué pasa, Argentina?”

Por — Buenos Aires

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, convidou o presidente da Argentina, Javier Milei, para participar da próxima cúpula do G7, que será realizada em meados de junho em Apúlia, zona meridional da Itália. Milei, disseram fontes de seu governo, aceitou. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no ano passado foi até a cidade japonesa de Hiroshima para presenciar o encontro do grupo — contrariando opiniões de importantes assessores — ainda não decidiu se irá novamente à cúpula, confirmaram fontes do governo. Lula só irá, disse uma das fontes consultadas, “se for garantido a ele um tratamento respeitoso, como presidente do G20, e diálogo construtivo. O presidente não irá apenas para tomar cafezinho”.

Os dois chefes de Estado poderão ou não se encontrar em Apúlia, ainda é incerto. Se ocorrer, será um dos poucos momentos em que suas agendas internacionais se cruzarão. Antes de ir à Itália, o presidente argentino, que este ano já foi a Israel e EUA, participará de um evento organizado pelo partido de extrema direita Vox na Espanha. Já Lula, que acaba de fazer uma visita de Estado a Bogotá, irá até Santiago para reunir-se com o presidente chileno, Gabriel Boric.

O principal interesse de Lula no G7 é discutir a agenda da cúpula de chefes de Estado do G20, que acontecerá no Rio em 19 de novembro. Como presidente do G20, seria natural que Lula vá ao G7, assim como irá à cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes) em outubro, na Rússia. “Mas tudo dependerá do esquema da cúpula e do espaço e tratamento que for oferecido a Lula”, frisou uma das fontes.

Para Milei, pelo contrário, estar presente em Apúlia será mais do que suficiente. O presidente argentino e sua equipe de comunicadores estão tentando construir uma imagem de rock star internacional, e estar no encontro de governantes do G7 é absolutamente funcional a essa estratégia, que visa ampliar a projeção internacional do presidente e instalar entre seus seguidores a ideia de que Milei é um líder global.

Em Bogotá, a nova Buenos Aires para o governo brasileiro, Lula e Petro falaram sobre uma possível incorporação da Colômbia ao Brics, condenaram as ações de Israel em Gaza e a renovação de sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela de Nicolás Maduro. A agenda internacional de Lula e as visitas do presidente e de seu assessor internacional, Celso Amorim, vão na contramão dos interesses da Casa Rosada. No próximo domingo, Amorim desembarcará em Moscou pela segunda vez desde que Lula voltou ao poder, neste caso para participar de uma reunião sobre segurança em São Petersburgo.

Com Milei, a Argentina saiu do grupo e mantém relações tensas com a maioria de seus membros. O presidente argentino convidou o ucraniano Volodymyr Zelensky para sua posse, em dezembro passado, e prometeu organizar uma reunião entre Ucrânia e países da América Latina na capital argentina. O Brasil de Lula não quer nem ouvir falar nesse potencial evento.

Além do G7, ainda em suspenso na agenda brasileira, Lula e Milei poderiam se encontrar na cúpula do Mercosul, em meados do ano, no Paraguai — se o argentino for. Finalmente, o governo argentino ainda não confirmou a presença do mandatário na reunião de chefes de Estado do G20 no Rio. Negociadores argentinos defendem a presença de seu presidente, mas Milei, confirmaram assessores, costuma decidir na última hora.

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