Época
PUBLICIDADE

Por La Nacion — Buenos Aires

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 01/07/2024 - 07:16

Piloto sobrevive a pouso em lago congelado

Piloto faz pouso de emergência em lago congelado na Patagônia argentina, enfrenta hipotermia e é resgatado por helicóptero, contando sua odisséia de sobrevivência.

Uma odisseia no meio da imensidão patagônica e da neve. Assim se referiu o piloto Ezequiel "Queque" Parodi ao seu pouso de emergência em um lago congelado nas montanhas altas de Chubut, agradecendo agora por estar vivo para contar a história e planejando recuperar a aeronave: "Foi uma das experiências mais difíceis que já vivi", afirmou.

Veja vídeo do resgate:

Piloto é resgatado após pouso de emergência em lago congelado da patagônia argentina

Piloto é resgatado após pouso de emergência em lago congelado da patagônia argentina

Após ser resgatado por um helicóptero, o piloto disse: "Todos nós, em algum momento, passamos por períodos difíceis. Desta vez foi comigo. Há algumas semanas, uma falha na hélice me obrigou a fazer um pouso de emergência na costa atlântica de Chubut. Parece mentira, mas agora meu avião, o Piper Super Cub pelo qual sonhei ser piloto, está de cabeça para baixo a 1.524 metros de altitude."

Parodi viveu uma experiência extrema após pousar no último sábado sobre um lago congelado e iniciar a odisseia do resgate em uma área de acesso difícil. Finalmente, foi levado para Cholila, onde recebeu atendimento médico.

Homem pede socorro para helicóptero que passava — Foto: Reprodução
Homem pede socorro para helicóptero que passava — Foto: Reprodução

Ele contou que, "sem roupas ou equipamento adequado, passei a noite entre chuva e neve, com temperaturas baixas e incapaz de acender fogo. O corpo entra em modo de sobrevivência, você só sabe que tem de conseguir ver seus entes queridos novamente. Por eles, você dá cada passo na neve até a cintura, encharcado e sem sentir os dedos dos pés. Muitas coisas passam pela sua cabeça, mas a única ideia que não deixa vencer é a de desistir. Passo a passo, talvez um passo a cada cinco ou dez segundos, mas você continua".

Parodi afirmou que, "nestes momentos, as pessoas ao seu redor realmente se destacam; elas não o abandonam. Sem você saber, estão fazendo tudo para ajudar, para tirá-lo de lá. Os vaqueiros que conhecem o local estão desesperados porque conhecem não apenas a geografia, mas também o clima complicado desses lugares".

Ele relatou que, "sem as duas mochilas que Pablo e Dani Wegrzyn me lançaram hoje, não estaria aqui. Elas caíram como um presente do céu, com o básico e mais para poder passar a noite no limite da hipotermia".

Parodi, após o resgate: "Foi uma das experiências mais difíceis que já vivi", afirmou — Foto: Reprodução
Parodi, após o resgate: "Foi uma das experiências mais difíceis que já vivi", afirmou — Foto: Reprodução

Parodi, um piloto conhecido de Trevelin que realiza voos panorâmicos nas montanhas de Chubut, detalhou as horas de angústia que enfrentou durante a temporada de inverno e um dos temporais mais intensos das últimas décadas no sul do país.

"Passei a noite toda pensando qual seria o plano para a manhã seguinte. Às 22h começou a nevar, e tudo se complicou. O fogo não queria acender, não sentia os dedos e, de repente, tudo estava coberto de neve. Coloquei um dos casacos que me lançaram do Cessna 180 entre as pernas e comecei a apertar os dedos para aumentar a temperatura", descreveu.

E acrescentou: "Fiquei assim por quase duas horas, dentro do saco de dormir de cueca porque minha calça estava encharcada e, sem conseguir acender fogo, estava tão dura quanto papelão. Entre as coisas lançadas do avião, havia um saco de nylon laranja; entrei nele com o saco de dormir para evitar que a neve e a chuva que caíam sem parar me molhassem mais."

O piloto relatou que "o saco condensava e o saco de dormir molhava. Após duas horas, já estava encharcado novamente. Peguei um saco de dormir ultraleve que encontrei em um bolso da mochila e entrei nele, depois no saco de dormir e, por último, no saco de nylon. Por dentro, enrolei-me com todos os casacos que tinha. Com isso, consegui manter a temperatura mínima necessária até que o sol nascesse".

Depois, lembrou: "Não sei que horas seriam, mas de repente um som que já conhecia, embora não o reconhecesse imediatamente, me tirou da quase tranquilidade que começava a sentir: uma avalanche. Quando o sol saiu, a visibilidade era muito reduzida, não se via mais do que uma 1,6 km de distância. Nevava superúmido com muito vento".

Quatro horas de extremo cansaço

Parodi então começou a caminhar para o sul, "até perceber que não tinha por onde descer, então comecei a caminhar para o norte. Foi aí que vi a avalanche que ouvira durante a noite. Isso me fez ver com muito mais respeito algumas encostas que eu tinha de atravessar para chegar ao Tres Picos".

"Levei quatro horas e um cansaço extremo para sair. A segunda parte do meu plano era sair da neve. Tinha de descer de 1.463 metros para pelo menos 609 metros. O bosque estava a quase 500 metros de distância. Estava em uma clareira de cerca de 50 metros de largura que ligava o monte Tres Picos ao Plataforma."

Modelo que era usado pelo piloto — Foto: Patagonia Bush Pilots
Modelo que era usado pelo piloto — Foto: Patagonia Bush Pilots

Nesse momento, ouviu outro avião se aproximando. "Pensando que era Dani, comecei a agitar novamente o saco laranja [uma cor muito importante para esses casos], mas, quando se aproximou e vi que piscava para mim, percebi que era um helicóptero. A emoção que senti não posso descrever, uma mistura de alívio e paz. Eu ia ver meus entes queridos mais rapidamente do que imaginava. A sensação de frio e cansaço iria embora, realmente não consigo explicar. O helicóptero me fez saber imediatamente que me viram. Passou por cima, virou e pousou a poucos metros de mim. Os caras desceram, me deram um abraço e pediram para tirar fotos juntos", expressou.

Para Parodi, "o pior dessa experiência foi não poder me comunicar com aqueles que sabia que estariam muito preocupados comigo. Essa angústia é terrível e ao mesmo tempo dá energia para, mesmo sem forças, com fome, sede e frio, dar o próximo passo sem desistir".

Após salvar sua vida, o jovem concluiu: "Esta foi a história do pouso de emergência no Monte Plataforma. E agora? Peço a Deus para resgatar meu avião daquela montanha antes que a neve derreta, e o avião afunde no lago que tanto admirei por anos, e que hoje abriga a aeronave pela qual sonhei em me tornar piloto".

Mais recente Próxima Menino de 10 anos se torna o mestre internacional mais jovem da história do xadrez
Mais do Globo

Maressa Crisley Nunes passou uma semana internada. A brasileira foi hospitalizada na madrugada do dia 25, após fraturas no rosto

Brasileira espancada durante assalto no Chile tem alta do hospital

Aeroporto de Incheon, que fica próximo a Seul, teve pousos e decolagens suspensos por cerca de três horas na última quarta-feira, quando um balão caiu próximo a um terminal de passageiros

Mais de cem voos afetados na Coreia do Sul pelos balões com lixo enviados pela vizinha Coreia do Norte

Lucy Letby tentava matar 'Baby K' na unidade neonatal onde trabalhava quando consultor sênior percebeu baixa dos níveis de oxigênio de paciente

Serial killer de bebês: enfermeira é considerada culpada de tentativa de assassinato de 8ª vítima

Decisão prevê pagamentos de R$ 25 mil diante dos ataques feitos pela internet

Funkeiras Priscila Nocetti e Verônica Costa são condenadas por ofensas mútuas

Um dos fundadores da banda de rock inglesa, Brian Jones foi encontrado sem vida na piscina de sua casa, há 55 anos

A morte trágica do guitarrista expulso dos Rolling Stones