Amigo de longa data de Ziraldo, o jornalista Zuenir Ventura afirma que o cartunista e escritor será “o único artista brasileiro de sua geração a continuar sendo no ano 3000 e depois”. Ao GLOBO, o autor de “1968: o ano que não terminou” descreveu o pai do Menino Maluquinho como “um exagerado”.
- Imortal: Paes atende a pedido da família de Ziraldo e fará estátua em homenagem ao cartunista
- 'Arte e humor': Personalidades lamentam morte do cartunista Ziraldo
— Seu coração era enorme, sua alma nunca foi pequena e sua capacidade de doação e entrega não tinham tamanho. Abarcava o mundo com as pernas. Ou melhor, com as mãos — afirmou. — Tinha uma invejável capacidade de fazer bem tudo que fazia. Seu excepcional talento, sua popularidade e seu carisma faziam com que conquistasse leitores de todas as idades, da primeira à terceira ou quarta, o que lhe garante a singular possibilidade de vir a ser o único artista brasileiro de sua geração a continuar sendo lido no ano 3000, e depois.
Zuenir também disse que ele e Ziraldo eram “vizinhos no alfabeto, no afeto, no coração e na assinatura final dos manifestos políticos dos Anos de Chumbo”. O cartunista foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, símbolo da resistência cultural às arbitrariedades do regime militar.
- Na Alemanha Oriental: Ziraldo defendeu guia turística presa por carregar jornal proibido
As histórias de Ziraldo, Zuenir e Luis Fernando Verissimo sobre o envelhecimento inspiraram, em 2015, o musical “BarbarIdade”, de Rodrigo Nogueira.
Ziraldo Alves Pinto morreu na tarde deste sábado (6), aos 91 anos. Criador de personagens famosos, como Menino Maluquinho e Flicts, ele é autor de alguns dos principais clássicos da literatura infantojuvenil brasileira, vendendo milhões de cópias. A morte foi confirmada pelo Instituto Ziraldo. A causa mortis foi falência múltipla de órgãos.