A exploração de petróleo na Margem Equatorial é tema que não passa apenas por uma decisão técnica, avalia Magda Chambriard, presidente da Petrobras, durante o FII Priority Summit, que reúne lideranças e executivos em seu primeiro encontro na América Latina, no Rio de Janeiro. Há um ano, a decisão do Ibama negar licença ambiental para explorar um bloco de petróleo da estatal nessa região acendeu uma luz amarela sobre a exploração de blocos arrematados na localidade.
A Margem Equatorial é uma região que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte e é apontada como nova fronteira petrolífera, com potencial de 10 bilhões de barris.
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— Mantemos a nossa posição de que a Margem Equatorial assim como outras novas fronteiras exploratórias é essencial para a reposição de reservas do país — afirmou ela. — Exige antecedência esse desenvolvimento em águas profundas, caso haja descoberta, caso ela seja economicamente viável e grande o suficiente para desenvolvermos. Ainda demora muito.
Na avaliação de Magda, o Brasil já perdeu dez anos em exploração na Margem Equatorial, considerando que o leilão para explorar blocos na região foi realizado em 2013. E diz que há esforço de empresas para fazer a produção, e que o impasse transcende a questão técnica:
— Não é crível que três grandes petroleiras (Total, BP e Petrobras) estejam desempenhando mal o seu papel em termos de licenciamento. Nosso entendimento é que o que não se resolveu em dez anos, dificilmente será resolvido tecnicamente. É uma questão que transcende a discussão técnica.
A solução, continua a presidente da Petrobras, passaria por uma reunião com o Conselho Nacional de Política Energética, o que está nos planos da Petrobras. Para mostrar como a a companhia atua e produz “com excelência”, com responsabilidade ambiental e social.
— A gente tem que entender que quando a gente fala de uma política de estado de segurança energética, isso transcende em muito uma mera questão de licença. Estamos falando de política energética nacional e garantia de segurança energética.
Questionada sobre se a estratégia passaria por ter uma decisão do Conselho de Política Energética se sobrepondo a uma decisão do Ibama, a executiva disse que prefere ir pelo caminho do convencimento, prestando esclarecimentos:
— A rigor, quando a gente licita uma área, já tem uma licença prévia ali há um tempão. E essas áreas foram licenciadas. No licenciamento é possível para o órgão ambiental, fazer exigências, dizer como ele pretende que esse licenciamento seja viável. Mas eu, particularmente, tenho dificuldade de entender como é que se nega uma licença que foi previamente concedida pelo Estado — defendeu Magda.
Mais cedo, na abertura do evento, no Rio, o presidente disse que o início da exploração de petróleo na Margem Equatorial vai garantir um “salto de qualidade extraordinária” no país. E sublinhou que o Brasil precisa atuar respeitando o meio ambiente, mas que não pode desperdiçar oportunidades.
Mudanças na diretoria
Ainda no evento, a presidente da companhia disse que as mudanças na diretoria da Petrobras serão divulgadas entre o fim desta semana e o início da próxima, sem antecipar o número de executivos que podem ser substituídos. Ela reforçou o compromisso do corpo de funcionários da petroleira.