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Por La Nacion — ´Roma

Em uma revelação que caiu como uma verdadeira bomba na Itália, o magnata Luciano Benetton, fundador do império de roupas homônimo e dono de milhares de hectares na Patagônia argentina — onde cria ovelhas e produz lã —, anunciou no sábado com grande mágoa que deixará de presidir o famoso grupo que criou ao lado de seus irmãos Giuliana, Gilberto e Carlo em 1965.

E por quê? Porque se deu conta de que errou ao confiar a receita do colosso que leva seu nome — presente em 80 países, com mais de 3,7 mil lojas e cerca de seis mil empregados — a pessoas equivocadas, que o traíram. E que provocaram um rombo de € 100 milhões em sua empresa, o que provocou um choque.

Aos 89 anos, o emblemático empresário vindo da cidade de Treviso, na região do Vêneto, elegeu o diário Corriere della Sera para dar a impactante notícia: “Em resumo, confiei e me equivoquei. Fui traído no verdadeiro sentido da palavra. Alguns meses atrás, entendi que havia algo que não funcionava, que a fotografia do grupo que os diretores repetiam nos Conselhos de Administração não era real”, confessou.

Disse ainda que: “Pela minha história, pelo que representa a empresa, pelos empregados, as famílias e todos os que entram com confiança nas lojas, de Nova Delhi a Los Angeles, antes de deixar o grupo, quero explicar, com a transparência que me é característica, que foi o que ocorreu, sem por isso deixar de assumir as minhas responsabilidades”.

Campanhas ousadas

Uma das muitas campanhas provocantes da Benetton, de 2011, mostra o presidente americano Barack Obama beijando o venezuelano Hugo Chávez — Foto: Divulgação
Uma das muitas campanhas provocantes da Benetton, de 2011, mostra o presidente americano Barack Obama beijando o venezuelano Hugo Chávez — Foto: Divulgação

Ainda que, de forma elegante não o tenha mencionado diretamente, Benetton acusou sem meias palavras o atual CEO do grupo, Massimo Renon, e os diretores que o cercam por terem ocultado dele “o dramático rombo no balanço” de cerca de € 100 milhões. E revisou a história recente do famoso império em todo o mundo pelas roupas de cores chamativas, peças publicitárias de vanguarda, consideradas ousadas.

Benetton lembrou que tinha decidido sair do grupo em 2012, quando a empresa ia bem e faturava em torno de € 200 milhões por ano. Em 2018, porém, seu irmão Gilberto, pouco antes de morrer, o convenceu a voltar ao negócio. Naquele momento, os números já não eram tão bons, a empresa perdia bastante dinheiro e no fim de 2019 sugeriram que colocasse como CEO uma pessoa que, anos depois, principalmente em setembro do ano passado, se deu conta que o tinha fraudado.

“Somente em 23 de setembro de 2023, em uma reunião, disseram que havia algum problema, mas não grande. Parecia tudo sob controle (...). Mas os números não fechavam e o problema ia muito além do que tinham dito em setembro. Por outro lado, há tempos me chegavam falas de pessoas descontentes interna e externamente com a empresa devido a atitudes arrogantes dos novos diretores”, relatou Benetton.

Falta de preparo ou fraude

Perguntado sobre qual foi o erro, o empresário deu duas possibilidades: “Ou não estavam preparados, ao ponto de não saber compreender os fundamentos da companhia, ou seja, de boa fé, mas inadequados aos cargos,; ou decidiram voluntariamente ocultar a realidade dos fatos, omitindo informações valiosas, até o ponto que já não era mais possível esconder a verdade”, respondeu o patriarca do império, assegurando que fará uma investigação a esse respeito.

Em meio à comoção causada pela confissão na indústria italiana, Renon, o CEO que foi colocado no banco, preferiu não comentar e adiantou que irá responder por meio de advogados.

Em Ponzano, localidade da província de Treviso onde Benetton mantém sus base, o clima é de alarme entre os sindicatos, que, se sabiam que havia problemas nas contas, não imaginavam um rombo “tão grande”, segundo informações da agência Ansa.

A Edizione, nome da holding da família Benetton, presidida por Alessandro, filho de Luciano — e que tem investimentos que vão além do setor têxtil e de moda, incluindo mercado imobiliário, rodovias, alimentos, infraestrutura digital, aeroportos e seguros —, tentou acalmar os ânimos. “Trata-se de uma perda significativa em respeito às previsões do plano trienal, mas não é um rombo”, disse. E assegurou que estavam preparados para a “necessária descontinuidade” no comando e a intervir, nos próximos anos, com € 260 milhões para apoiar um plano de reorganização e relançamento da Benetton.

A estimativa é que a saída de Luciano Benetton seja oficializada na assembleia marcada para o próximo dia 18 de junho.

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