RIO - Parceiro de
Aldir Blanc
em dezenas de canções, o músico Moacyr Luz lamentou a perda do amigo
nesta segunda-feira, aos 73 anos, por Covid-19.
O compositor estava internado no CTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 20 de abril, com infecção generalizada em decorrência do vírus.
—Mesmo ele sendo mais velho, achava que eu fosse morrer na frente dele porque ele era um imortal. Era uma grande inteligência, sabia de tudo do vagabundo e do professor — lamentou Luz, que também chamou atenção para o fato de Blanc ter contraído o coronavírus mesmo saindo pouco de casa.
O compositor e escritor Aldir Blanc fotografado em 2016, ano em que completou 70 anos. Autor de clássicos da música popular brasileira e escritor morreu nesta segunda-feira, aos 73 anos, vítima do novo coronavírus Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Blanc ao lado do jornalista Ruy Castro (centro) e do compositor Carlinhos Lyra, em 2010 Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
O compositor Aldir Blanc em 2006, ao completar 60 anos Foto: Berg Silva / Agência O Globo
Aldir Blanc e João Bosco se paresentam durante o 24º Prêmio Shell de Música, no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio, em 2004 Foto: Marco Antônio Teixeira / Agência O Globo
Encontro de gerações: Aldir Blanc com o pai, Alceu, e a filha Mariana Blanc, em 2004 Foto: Fábio Rossi /
Aldir Blanc em sua biblioteca, em 2004. Amor pela palavra foi herdado do avô, que lhe presenteava com gibis e livros de bolso Foto: Divulgação
A sambista Beth Carvalho canta em homenagem a Aldir Blanc no aniversário dele em 2003, no Centro Cultural Carioca Foto: Gustavo Stephan /
Os compositores Paulo César
Pinheiro, segurando seu
Grammy, e Aldir Blanc, em 2002, durante encontro no Rio Foto: Vera Donato /
Farra entre amigos em 2000: Moacyr Luz, Walter Alfaiate, Aldir Blanc e Jaime Vignolli, tocam na casa do Moacyr durante o aniversário de Walter Alfaiate, na Tijuca Foto: Guto Costa /
Aldir Blanc e Paulinho da Viola seguram uma camisa do Vasco, time pelo qual torcia. A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro era outra paixão do músico Foto: Henrique Sodre /
Os composoitores João Bosco e Aldir Blanc, em 1982: parceiros em clássicos da MPB como "'O bêbado e a equilibrista" Foto: Luiz A. Barros /
O compositor Aldir Blanc em 1976. A música foi seu meio de resistência ao regime militar da época Foto:
Blanc em 1968, nos tempos da
faculdade de medicina, quando a música era apenas um sonho Foto: Arquivo
— Foi uma morte inesperada pela doença, porque ele era uma pessoa reclusa, que já tinha sua própria quarentena — afirmou.
Outro grande parceiro de Blanc, o músico Guinga também se manifestou.
— Ele foi o cara mais parecido comigo que eu já conheci: canhoto, vascaíno e canhoto na vida — brincou ele, ao lembrar como era colaborar com o compositor.
— Qualquer melodia na mão do Aldir virava ouro. Todos nós, parceiros, nos sentimos sem pai — afirmou, após escrever em suas redes sociais: "Só gênios como Aldir conseguem conhecer o mundo por intermédio do quarteirão de casa".
João Bosco lembrou o grande amigo em um texto publicado nas redes sociais. Muito abalado, disse que preferia escrever a falar neste dia difícil. "Quero cantar nossas canções até onde tiver forças", destacou. Leia o
depoimento completo
.
Um dos maiores cronistas das mazelas e alegrias do país, Aldir Blanc deixa 500 canções, entre elas 'O bêbado e a equilibrista' e 'Resposta ao tempo'
Maria Bethânia classificou sua morte como "muito triste, muito cedo, fora de hora". "Ele escreveu uma das mais lindas canções do meu repertório, 'Medalha de São Jorge', e tantas outras comoventes, sensíveis, lindas. Além do compositor perdemos um amigo fiel e franco. Triste tudo isso. Deus o receba em pura luz."
Arnaldo Antunes optou por lembrar seu verso predileto: "Rubras cascatas/ jorravam das contas dos santos entre cantos e chibatas: quando morre o autor de um verso como esse, entre tantos outros memoráveis, só nos resta chorar e reverenciar. Glória a todas as lutas inglórias!"
O compositor e escritor Aldir Blanc em seu aniversário de 70 anos, em 2016 Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Tido como um dos maiores letristas da MPB, Aldir Blanc se formou em medicina com especilização em psiquiatria, mas abandonou a carreira para se dedicar à música Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa / Infoglobo
Blanc com seu maior parceiro musical, João Bosco, em registro de 1982 Foto: Luiz A. Barros / Infoglobo
O compositor num sarau com a nata do samba carioca: Wilson Moreira (à sua esquerda), Luiz Carlos da Vila (à sua direita) e Moacyr Luz Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa / Infoglobo
Vascaíno fanático, ao lado do também torcedor cruzmaltino Paulinho da Viola Foto: Henrique Sodre / Infoglobo
Aldir Blanc com o pai, Ceceu, e a filha Mariana Blanc, em 2004 Foto: Fábio Rossi / Infoglobo
Bom de copo, o músico cantou sobre a boêmia em canções como 'Me dá a penúltima' e 'Vida noturna' Foto: Paulo Araujo / Agência O Globo
Rivais nos campos, mas parceiros na música: Blanc e Moacyr Luz são autores de clássicos como "Anjo da velha guarda" e "Saudades da Guanabara" (essa também com Paulo César Pinheiro) Foto: André Arruda / Infoglobo
Como escritor publicou obras como 'Porta de tinturaria', 'Uma caixinha de supresas' e 'Direto do balcão' Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Aldir em brinde com Ruy Castro, Carlos Heitor Cony, Marcelo Madureira e Geraldinho Carneiro Foto: Marco Antônio Teixeira / Infoglobo
Do encontro com João Bosco nasceram seus maiores sucessos como 'O bêbado e a equilibrista' e 'Mestre sala dos mares' Foto: Leonardo Aversa : Leo Aversa / Infoglobo
27.11.1997 - GUSTAVO STEPHAN - JB TI - ALDIR BLANC COM OS NETOS E ISABEL DIEGUES. Foto: Gustavo Stephan / Infoglobo
"Deveria ser luto nacional a perda de uma personalidade da envergadura de Aldir Blanc", escreveu no Twitter João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso.
Aldir Blanc se foi... Perdemos um lutador e um artista da liberdade, da poesia e do povo! Autor da letra de O Bêbado e o Equilibrista, canção que foi luz em meio às trevas da falta de liberdade. Que tristeza. Força para Mary, filhos e netos. Força para todos nós.
Moradores da Zona Sul do Rio também prestaram homenagem com aplausos. Assista abaixo.
Aldir Blanc morreu nesta segunda-feira, 4 de maio, aos 73 anos. Com infecção generalizada em decorrência do novo coronavírus, Aldir estava internado no CTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 20 de abril. Moradores de um bairro da zona sul do Rio homenagearam Aldir. Uma salva de palmas feita pela janela foi registrada e publicada nas redes sociais.