“Peço desculpas aos que têm me procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo pra mim. Ele se confunde com a minha própria vida. A cada show, cada canção, em cada cidade, era ele que falava em mim. Mesmo quando estivemos afastados, ele esteve comigo. E quando nos reaproximamos foi como se tivéssemos apenas nos despedido na madrugada anterior. Desde então, voltamos a nos falar ininterruptamente. Ele com aquele humor divino. Sempre apaixonado pelos netos. Ele médico, eu hipocondríaco. Fomos amigos novos e antigos. Mas sobretudo eternos. Não existe João sem Aldir. Felizmente nossas canções estão aí para nos sobreviver. E como sempre ele falará em mim, estará vivo em mim, a cada vez que eu cantá-las. Hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida. Meu coração está com Mari, companheira de Aldir, com seus filhos e netos. Perco o maior amigo, mas ganho, nesse mar de tristeza, uma razão pra viver: quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui pra fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e brasileiras tocados por seu gênio.”
Aldir Blanc morreu nesta segunda-feira, 4 de maio, aos 73 anos. Com infecção generalizada em decorrência do novo coronavírus, Aldir estava internado no CTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 20 de abril. Moradores de um bairro da zona sul do Rio homenagearam Aldir. Uma salva de palmas feita pela janela foi registrada e publicada nas redes sociais.
O compositor e escritor Aldir Blanc fotografado em 2016, ano em que completou 70 anos. Autor de clássicos da música popular brasileira e escritor morreu nesta segunda-feira, aos 73 anos, vítima do novo coronavírus Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Blanc ao lado do jornalista Ruy Castro (centro) e do compositor Carlinhos Lyra, em 2010 Foto: Leo Aversa / Agência O Globo
O compositor Aldir Blanc em 2006, ao completar 60 anos Foto: Berg Silva / Agência O Globo
Aldir Blanc e João Bosco se paresentam durante o 24º Prêmio Shell de Música, no Teatro Carlos Gomes, no centro do Rio, em 2004 Foto: Marco Antônio Teixeira / Agência O Globo
Encontro de gerações: Aldir Blanc com o pai, Alceu, e a filha Mariana Blanc, em 2004 Foto: Fábio Rossi /
Aldir Blanc em sua biblioteca, em 2004. Amor pela palavra foi herdado do avô, que lhe presenteava com gibis e livros de bolso Foto: Divulgação
A sambista Beth Carvalho canta em homenagem a Aldir Blanc no aniversário dele em 2003, no Centro Cultural Carioca Foto: Gustavo Stephan /
Os compositores Paulo César
Pinheiro, segurando seu
Grammy, e Aldir Blanc, em 2002, durante encontro no Rio Foto: Vera Donato /
Farra entre amigos em 2000: Moacyr Luz, Walter Alfaiate, Aldir Blanc e Jaime Vignolli, tocam na casa do Moacyr durante o aniversário de Walter Alfaiate, na Tijuca Foto: Guto Costa /
Aldir Blanc e Paulinho da Viola seguram uma camisa do Vasco, time pelo qual torcia. A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro era outra paixão do músico Foto: Henrique Sodre /
Os composoitores João Bosco e Aldir Blanc, em 1982: parceiros em clássicos da MPB como "'O bêbado e a equilibrista" Foto: Luiz A. Barros /
O compositor Aldir Blanc em 1976. A música foi seu meio de resistência ao regime militar da época Foto:
Blanc em 1968, nos tempos da
faculdade de medicina, quando a música era apenas um sonho Foto: Arquivo