Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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Informações da coluna

A queda pelo terceiro mês consecutivo dos serviços, em outubro, apontada pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE, veio maior do que o esperado pelo mercado: foi de 0,6% frente a setembro e a expectativa de retração de 0,1%. Para alguns economistas, o recuo do indicador mostra a perda da tração da economia e poderia resultar até em aumento do ritmo de corte da Selic no ano que vem. Outros analistas, no entanto, destacam que apesar do dano negativo, o PIB do terceiro trimestre ficou acima do esperado, o que não deixa espaço para uma aceleração na queda de juros.

- Foi acima do esperado, com destaque, pelo lado da demanda, para serviços e, pelo lado da oferta, para o consumo das famílias. Além disso, o mercado de trabalho continua bastante sólido, com baixa taxa de desemprego e geração robusta. de vagas. Nesse sentido, não se configura uma abertura contundente do hiato do produto que justifique uma aceleração do ritmo pelo Copom - diz Sérgio Goldenstein Estrategista-chefe Warren Investimentos..

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, discorda. Para ele, a PMS é mais um dado que pode levar a perspectiva de aceleração do ciclo de cortes de juros. Borsoi acredita que o cenário de cortes de 0,50% é mais provável para hoje, mas avalia que aumentam as chances de uma redução 0,75%, principalmente, entre janeiro e março.

O economista Stéfano Pacini, pesquisador do FGV Ibre, admite que indicadores como inflação, gastos do governo e emprego estão sob controle no momento, e que o cenário externo melhorou. No entanto, avalia que isso não necessariamente deve resultar em aumento de velocidade ou do tamanho dos cortes de juros:

-Tudo em economia depende, os indicadores são interdependentes, então é sempre difícil fazer projeção. É lógico que a queda juros incentiva consumo e investimentos. A inflação mais controlada abre margem para mais cortes, mas mais importante do que a velocidade é que esse corte seja feito de forma sustentável de forma a criar um ciclo virtuoso.

O recuo dos serviços na PMS, nos últimos meses, não chegou a surpreender a maior parte dos analistas. Uma pequena retração era aguardada pela maior parte dos analistas diante de um primeiro semestre fortemente impactado pela safra recorde que influenciou positivamente os transportes, que agora justamente registrou um dos maiores recuos, de 2%.

Pacini chama atenção ainda que a retração dos serviços prestados às famílias, de 2,1% na verdade, devolve a alta registrada em setembro, de 2,5%. O resultado havia sido afetado principalmente do festival de música The Town, realizado em São Paulo, que levou o subitem eventos culturais e esportivos a saltar 19% em setembro. O recuo agora foi de 18%, puxando o segmento para baixo. E explica:

-Para entendermos o que está acontecendo com os serviços prestados às famílias, basta pensar no dia a dia das nossas casas. Se o o juros está alto, se você estiver endividado, vai sair para jantar? Vai viajar no fim do ano? A gente pensa duas vezes antes de fazer esses gastos. Melhorando os indicadores macroeconômicos, como a inflação, o gasto do governo, o juros e o emprego, itens que neste momento estão bem controlados, a tendência é de resultados melhores em 2024. Para este ano não haverá tempo das medidas implementadas refletirem no aumento nos serviços.

O economista ressalta ainda para o crescimento, em outubro, dos serviços profissionais, administrativos, complementares apresentaram de 1%. É preciso se observar os próximos meses, pondera, se o dado continuar positivo pode ser mais uma leitura de melhora no emprego e um emprego qualificado e formal.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, estima que os serviços andem de lado este ano, mas aposta num leve impulso da economia em 2024, com o acumulo da queda de juros, que trará alívio sobre as atividades e consequentemente nos serviços. A perspectiva da economista, no entanto, é de uma certa estagnação no indicador.

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