Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna

Por Malu Gaspar

A crise provocada pela fuga de dois presos da penitenciária de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, tem causado também ruídos internos no Ministério da Justiça em torno das responsabilidades pelo episódio.

De um lado, o ministro Ricardo Lewandowski e sua equipe recém-chegada, alguns dos quais há poucos dias. De outro, quadros que já estavam no ministério antes, especialmente os da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

O ministro e seus auxiliares mais próximos passaram os últimos dias lidando com a divulgação de relatórios de inteligência da secretaria que já apontavam problemas sérios de segurança em Mossoró – como por exemplo o fato de que 124 das 200 câmeras da unidade estarem desligadas – , como informou o colunista Lauro Jardim. Ou as fotos da cela que mostram que os presos usaram barras de ferro retiradas da parede para escapar, divulgadas pela apresentadora da GloboNews Julia Duailibi.

Os dois presos fugiram na madrugada da última quarta-feira (14) e até agora não foram recapturados. Nesta segunda-feira, Lewandowski autorizou o envio da Força Nacional para auxiliar nas buscas, das quais participam policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes das forças de segurança locais.

Acontece que os relatórios são antigos, mas, de acordo com a Justiça, nem Lewandowski nem o novo titular da Senappen, André Garcia, tinham tido acesso a eles. O próprio ministro declarou no último domingo que soube deles pela imprensa. E Garcia assumiu o cargo no dia da fuga.

Internamente, representantes dos dois grupos travam uma guerra de versões. Integrantes da nova gestão afirmam que já pegaram o sistema penitenciário federal "detonado" pela falta de investimentos – que poderiam ter sido feitos nas gestões passadas, incluindo a de Flávio Dino –, e ressaltam o fato de que não tiveram tempo para começar a reverter a situação.

"Eles podiam ter fugido há 15 dias, há um mês ou há dois meses. A situação não mudou de repente, vem de longe".

Já os servidores da pasta dizem que não tiveram chance de fazer a transição porque não foram chamados pelos novos chefes – o que poderia ter levado, por exemplo, a um esquema de reforço na vigilância da penitenciária no carnaval.

A investigação que apura se houve ou não conivência de funcionários do presídio também tem provocado estresse interno. Tanto a corregedoria da Senappen como a Polícia Federal estão conduzindo apurações sobre isso. O diretor da prisão foi afastado e a unidade está sob intervenção.

Um outro aspecto que tem provocado ruído interno é o fato de a Senappen estar coordenando os esforços de buscas pelos fugitivos, o que é criticado por policiais envolvidos. Para alguns deles, com os quais a equipe da coluna conversou, a secretaria não tem expertise nesse tipo de trabalho e não deveria estar no comando.

Os fugitivos ainda podem demorar para aparecer, mas os problemas já estão por toda a parte no ministério de Lewandowski.

Mais recente Próxima Cassação de Moro: TRE já decidiu como será o julgamento do ex-juiz da Lava-Jato