Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna

Por Johanns Eller

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, encaminhou à Petrobras na quarta-feira (7) a lista de indicações do governo Lula para o Conselho de Administração da estatal. Silveira conseguiu contornar as pressões do CEO da petroleira, Jean Paul Prates, e manteve seus indicados no colegiado – incluindo seu presidente, Pietro Mendes.

O chefe do MME foi alvo nas últimas semanas de uma ofensiva de Prates, que trabalhava para remover os apadrinhados de Silveira do conselho e ampliar a influência do PT sobre a Petrobras, mas não conseguiu emplacar as mudanças esperadas. Como publicamos no blog, o dirigente da estatal chegou a obter o apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a operação contra Alexandre Silveira, que é do PSD.

Além de Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME que foi indicado para mais um mandato na presidência do conselho, foram mantidos Vitor Saback, também ligado a Silveira; Renato Galuppo, próximo do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é aliado do ministro; Sérgio Rezende, indicação de Lula; Bruno Moretti, vinculado ao chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Completam a lista o próprio Jean Paul Prates, que compõe a lista por uma questão de formalidade, já que o CEO é sempre membro do colegiado; o professor da Universidade de Minas Gerais Benjamin Alves Rabello Filho – também uma indicação de Silveira – e Ivanyra Maura de Medeiros Correia, recrutada por uma consultoria externa.

O envio da lista é necessário porque os mandatos dos conselheiros expiram neste ano. A nova composição do Conselho de Administração será aprovada na próxima assembleia geral do colegiado, marcada para 25 de abril. Dos oito nomes enviados pelo governo, seis deverão ser efetivados.

A composição da lista representa uma vitória importante para Silveira. A próxima formação do Conselho de Administração valerá para os próximos dois anos – ou seja, até o último ano do mandato de Lula. O colegiado define os rumos da companhia e delibera sobre a estratégia e os investimentos mais relevantes.

Prates tentou emplacar dois nomes do PT para o lugar de Pietro Mendes na presidência do conselho: o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e a secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior. Como mostramos no blog na última terça-feira, os dois declinaram da proposta.

Com o aval de Haddad, o CEO também tentou indicar o atual assessor especial de transição energética do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, para a cadeira de Saback. Como o ofício de Silveira encaminhado à Petrobras deixa claro, a operação não teve êxito.

O ministro, que tomou conhecimento da costura de Prates e Haddad, passou a se movimentar dentro do governo para frear a ofensiva e cobrar de Rui Costa o cumprimento de um acordo firmado entre as duas partes no início do governo Lula.

O acerto previa o Conselho de Administração sob o comando de Alexandre Silveira e seus aliados no MME e a diretoria, por sua vez, sob a influência de Jean Paul Prates – e, por extensão, do PT. Ao que tudo indica, o trato foi renovado – ao menos por enquanto.

Silveira e Prates vêm acumulando divergências e disputas dentro do governo Lula desde o início do mandato do petista em agendas que vão desde a política de preços de combustíveis até o investimento em diferentes matrizes energéticas.

No campo da política, setores do PT e da própria Federação única dos Petroleiros (FUP), importante pilar de sustentação de Prates dentro da presidência da Petrobras, já manifestaram reservas às escolhas de Alexandre Silveira para a estatal. Nos bastidores, há contrariedade com a indicação de “bolsonaristas” para a gestão da companhia sob um governo do PT.

A recondução dos apadrinhados de Silveira deve frear o cabo de guerra entre o ministro e os petistas, mas dificilmente irá mudar o clima permanente de disputa com Jean Paul Prates e sarar as cicatrizes da articulação mal sucedida do dirigente da companhia.

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