Sem Milei, cúpula do Mercosul abraça a Bolívia como membro pleno do bloco

É a primeira vez que a cúpula do Mercosul se reúne sem um dos chefes de estado. Enquanto o presidente da Argentina Javier Milei decide não participar da reunião, Luis Arce representa pela primeira vez a Bolívia como membro-pleno do bloco.

O que aconteceu

Nesta segunda-feira (8) a cúpula do Mercosul se reúne em Assunção, no Paraguai. Com a presença dos chefes de estado do Brasil, Uruguai e Paraguai, a reunião anuncia o ingresso da Bolívia como membro pleno no bloco comercial.

Milei não vai comparecer. De acordo com o porta-voz Manuel Adorni, ele não pretende ir à reunião junto aos outros chefes de estado, segundo ele a agenda do presidente argentino está sobrecarregada. Javier Milei virá ao Brasil para participar da CPAC, congresso conservador promovido pelo Instituto Conservador-Liberal, onde deve encontrar o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.

É a primeira vez que o chefe de estado de um dos países membros não comparece à cúpula. O Itamaraty lamentou a ausência do presidente argentino. "Não é desejável que isso aconteça." O governo brasileiro alega que não recebeu nenhum comunicado oficial sobre a vinda de Milei ao Brasil para o congresso, que será em Balneário Camboriú.

Em Assunção, o presidente Lula fala durante a sessão plenária, na segunda-feira (8), às 10h. Ele também foi convidado para um almoço que deve reunir lideranças políticas latino-americanas.

Além da entrada da Bolívia no bloco, a operação da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, será debatida. Os países beneficiados com a produção de energia elétrica vão estabelecer critérios e assinar um memorando se comprometendo com a prevenção e o combate a desastres naturais.

O comércio entre países da América Latina é um dos temas prioritários da cúpula. O secretário para o Mercosul do Itamaraty, embaixador Francisco Pessanha Cannabrava, ressaltou em nota divulgada pela Agência Brasil que os países participantes se comprometeram com a melhoria do fluxo de comércio nas fronteiras.

Entrada da Bolívia

A entrada da Bolívia no bloco é comemorada pelo presidente Lula. Para que o país fosse aprovado como membro-pleno, primeiro, os parlamentos dos outros membros tiveram que aprovar o ingresso da Bolívia. Internamente, o país também precisou se adequar, em termos de legislação e comprometimento com o regime democrático. A Bolívia terá um prazo de quatro anos para atender todas as exigências do Protocolo de Ushuaia.

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Com a entrada da Bolívia, o Mercosul passa a ter seis membros ativos: além do Brasil e da Argentina, os vizinhos Paraguai e Uruguai são membros plenos do bloco comercial. A Venezuela é o quinto membro, entretanto, o país está suspenso por tempo indeterminado desde 2017, após os outros quatro países decidirem que o país não seguia os critérios democráticos firmados no Protocolo de Ushuaia.

Lula e Luis Arce estreitam laços

Após a cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá à Bolívia. O presidente já se manifestou sobre a tentativa de golpe de estado que foi frustrada no final de junho, no país vizinho.

Desde então, Lula mantém contato com o presidente Luis Arce, presidente boliviano. Segundo o Itamaraty, ele já pretendia visitar o país para conversar com Luis Arce sobre as reservas de lítio e gás bolivianas, mesmo antes da tentativa de golpe. Para Lula, o ataque à democracia tornou a visita ainda mais urgente. Ele deve aproveitar a ida para estreitar laços com empresários brasileiros e bolivianos que atuam na fronteira entre os dois países. "Deverão ser discutidos ainda assuntos relativos à migração entre os dois países e à segurança, sobretudo no que diz respeito ao narcotráfico", informou a nota.

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