Josias de Souza

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Opinião

Falas de Lula levaram à derrota de Haddad na isenção da carne

O Partido Liberal (PL) deu uma paulada em Fernando Haddad com porrete fornecido pelo chefe do ministro da Fazenda. Cavalgando declarações de Lula, a legenda de Bolsonaro propôs a inclusão das carnes bovina, suína e de frango na lista de produtos da cesta básica isentos de impostos. Estabeleceu-se no plenário da Câmara uma parceria inusitada: com o aval do Planalto, a bancada do governo aderiu a uma emenda do maior partido de oposição na Câmara.

O texto-base da proposta de regulamentação da reforma tributária, aprovado pelos deputados no início da noite de quarta-feira, não incluía a proteína animal na cesta básica. A emenda do deputado Rodolfo Nogueira, filiado ao PL do pecuarista estado do Mato Grosso do Sul, passou por um placar que roçou a unanimidade. Foram 447 votos a favor, apenas três contra.

Pouco antes, Haddad dissera aos repórteres: "A cada exceção você tem que fazer um cálculo. O posicionamento da Fazenda é: quanto menos exceções, melhor". Arthur Lira ecoava Haddad. Mas se rendeu. A Fazenda calcula que a isenção das carnes terá um impacto de pelo menos 0,53 ponto percentual na alíquota-padrão, estimada em 26,5%.

Numa evidência de que nenhum problema é tão grande que não caiba no dia seguinte, injetou-se na proposta uma trava. Se as exceções fizerem a coisa desandar, o governo enviará ao Congresso em 2031 projeto sugerindo ajustes capazes de preservar a alíquota média do imposto sobre o consumo em 26,5%. Alheios ao futuro, Lula e Bolsonaro poderão incluir no cardápio da eleição municipal de 2024 a carne barata para os pobres.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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