Por Memória Globo

JOÃO E LARA

Lara (Glória Menezes), filha de Pedro Barros (Gilberto Martinho) e Estela (Glauce Rocha), chega a Coroado no início da trama, após passar anos no Rio de Janeiro, onde formou-se professora. Ela vive um drama psicológico: apresenta distúrbios de comportamento que a levam a mudar de personalidade. Nessas crises, transforma-se na sedutora Diana Lemos, uma mulher que se veste com exuberância, insinua-se para vários homens e chega a ser presa por roubar dinheiro. Mas Lara não se recorda de nada quando volta a si. A diferença entre as duas é tão grande que todos julgam não se tratar da mesma pessoa. João Coragem (Tarcísio Meira) se interessa por Lara assim que a vê, mas acaba se envolvendo com Diana, sem ter certeza de que ambas são a mesma mulher, e sem saber que ela é a filha de seu inimigo. Lara, por sua vez, apaixona-se por João, mas tem vergonha de assumir seu amor por achá-lo rude.

Por conta de seus interesses políticos, Pedro Barros quer ver Lara casada com o corrupto delegado Diogo Falcão (Carlos Eduardo Dolabella), concorrente de Jerônimo Coragem (Cláudio Cavalcanti) à prefeitura de Coroado. Ela, porém, engravida de João, e seu psiquiatra a aconselha a casar-se com ele. O casamento se realiza, mas Pedro Barros deixa claro que só a deixará viver com João depois que o garimpeiro tiver condições de lhe dar uma vida confortável. E arma várias ciladas para afastá-la dele. Em uma delas, impede a filha de sair de casa para que possa avisar o marido sobre uma armadilha do pai para roubar seu diamante. Lara se transforma em Diana e, com a anuência do capanga Lourenço (Hemílcio Fróes), é surrada por um beato fanático chamado dias antes pelo coronel para exorcizar a filha. A mulher de João acaba perdendo o bebê.

Glória Menezes e Glauce Rocha em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970. — Foto: Acervo/Globo.

Tarcísio Meira e Glória Menezes em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970. — Foto: Acervo/Globo.

Ao longo de toda a trama, Lara se consulta com um psiquiatra e descobre que tem uma lesão no cérebro, consequência de uma queda na infância. Nesse acidente, sua prima Márcia, filha de Dalva (Mirian Pires), morreu, e Lara ficou muito traumatizada. O psiquiatra a aconselha a fazer uma cirurgia e diz que, após o procedimento, restará apenas uma de suas três personalidades. Quem fica é Lara, porém, agora, uma mulher transformada, que preserva a alegria de Diana e a segurança de Márcia. Ela e João terminam juntos, com um filho.

JUCA CIPÓ

Emiliano Queiroz e Gilberto Martinho em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970. — Foto: Acervo/Globo.

Juca Cipó (Emiliano Queiroz) se transformou em um dos pontos altos da novela. No decorrer da trama, descobre-se que ele é filho bastardo de Pedro Barros com Domingas (Ana Ariel), fruto de uma aventura na juventude. Ela tinha 15 anos quando engravidou. A mãe se desfez da criança, só que o sujeito que o pegou para criar o devolveu ao pai, alegando que o menino não regulava bem da cabeça e lhe dava muitas despesas.

Domingas nunca teve coragem de dizer a Juca que era sua mãe. Ele foi criado em meio à barbárie promovida pelo coronel, sem quaisquer noções de ética e moral e, principalmente, sem o amor familiar. Vivendo com sua debilidade mental e conduta violenta, Juca mata o prefeito de Coroado, Jorginho (B. de Paiva), e, tempos depois, estupra Cema (Suzana Faini) na invasão à casa dos Coragem.

Depois que Pedro Barros expulsa de casa a mulher Estela, ele chama Domingas para morar com ele. Ela revela a Juca sua origem, e passa a cuidar do jagunço que, embora goste do carinho maternal, não a aceita como mãe. Ele tampouco gosta de saber que é filho de Pedro Barros – preferia que ele fosse apenas seu patrão. No decorrer da trama, Juca se casa com Margarida (Leda Lúcia), que dá à luz cinco filhos. Ele vai preso por ter matado o delegado Falcão (Carlos Eduardo Dolabella). O personagem se tornou amável ao longo da história, conquistando a simpatia do público infantil.

CEMA E BRAZ CANOEIRO

A invasão dos capangas de Pedro Barros à casa dos Coragem também traz infelicidade para outro casal. Atormentado por problemas mentais, Juca Cipó, um dos jagunços de Barros, violenta Cema, mulher de Braz Canoeiro (Milton Gonçalves). Tempos depois ela aparece grávida, mas esconde do marido que foi estuprada, temendo sua reação. Braz, no entanto, desconfia que a mulher esteja mentindo, e os dois passam a viver em conflito, aguardando o nascimento do filho. Cema teme que o bebê nasça branco, o que caracterizaria o estupro, já que seu marido é negro. Sendo assim, Braz rejeitaria o bebê e iria em busca de justiça. Além disso, Braz ameaça matar Cema caso a criança nasça branca. O fim, para alívio do público, ela dá à luz um bebê negro como o pai.

Suzana Faini e Milton Gonçalves em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970. — Foto: Acervo/Globo.

JERÔNIMO E POTIRA

Lúcia Alves em Irmãos Coragem - 1ª versão, 1970. — Foto: Acervo/Globo


No início da história, Jerônimo Coragem (Cláudio Cavalcanti) é apaixonado por Ritinha (Regina Duarte), mas é obrigado a esquecê-la depois que a moça se casa com seu irmão, Duda (Cláudio Marzo). A frustração acirra seu ímpeto de usar a violência para fazer justiça, e também sua ambição pelo poder. Potira (Lúcia Alves), sua irmã de criação, revela que o ama, mas ele a ignora. Ela é pedida em casamento pelo promotor Rodrigo César (José Augusto Branco), amigo da família Coragem, que estimula Jerônimo a se candidatar à prefeitura de Coroado. Antes de se eleger prefeito, Jerônimo vence as eleições para a presidência da associação de garimpeiros e passa a incitar os colegas a não venderem suas pedras para Pedro Barros, o que acirra a ira do coronel contra os Coragem.

O promotor Rodrigo César é um forte opositor de Pedro Barros, a quem responsabiliza pela prisão de seu pai, que se suicidou em uma cela, enforcado, após ser acusado de roubo por Barros. Rodrigo tinha 14 anos quando o pai morreu e jurou que mandaria Pedro Barros para a cadeia. Ele se une aos Coragem para tentar fazer justiça dentro da legalidade.

Rodrigo e Potira se casam. A essa altura, Jerônimo se dá conta de que está apaixonado por Potira, mas se afasta dela em respeito a Rodrigo e ao pai, Sebastião (Antônio Victor), que não aprovaria a relação. A índia Indaiá (Jurema Penna), que trabalha na casa de Potira, dá a ela um colar, composto por duas balas, e explica que os projéteis foram os que mataram o pai dela, um homem branco, chamado Ruy Silveira. Potira descobre que seu pai foi assassinado por Sebastião quando ela tinha um ano de idade, e ele só não foi preso porque Indaiá cumpriu cinco anos de prisão no lugar dele. Com remorsos pelo ocorrido, Sebastião passou a criar a menina.

Para escapar à paixão por Potira, Jerônimo propõe à solteirona Margarida (Leda Lúcia) que se case com ele, deixando claro que gosta de outra mulher, mas que está disposto a começar uma relação de amor e respeito. Ele se elege prefeito. Algum tempo depois, Rodrigo descobre que Potira ama Jerônimo e que pretendia fugir para integrar o bando de João – magoado, decide que eles viverão um casamento de fachada. Até que Jerônimo e Potira ficam presos em uma gruta e passam a noite juntos. O jovem prefeito pede a ela que esqueça o que aconteceu, mas Pedro Barros sabe do ocorrido e passa a chantageá-lo. Em troca de manter a reputação de Potira, Pedro Barros pressiona Jerônimo a ajudar a capturar João e a interditar o garimpo do irmão. Indaiá, então, revela a Potira que é sua mãe e a leva a fazer um pacto de sangue: se ela e Jerônimo fraquejarem e voltarem a ficar juntos, morrerão.

Como o compromisso com Margarida não seguiu adiante, Jerônimo se envolve com Lídia Siqueira (Sônia Braga), filha de um deputado federal. Os dois se casam. Mas Jerônimo resolve enfrentar Pedro Barros após mais uma das atitudes criminosas do coronel, e Barros faz publicar na primeira página do jornal local uma foto do prefeito beijando Potira, no dia em que passaram a noite juntos. O caso logo se torna um escândalo. Sem conter o amor que sentem um pelo outro, Potira e Jerônimo passam a se encontrar às escondidas, e ela engravida.

Desesperada, Lídia aponta um revólver para Jerônimo e, durante a discussão, a arma dispara. Lídia é atingida e hospitalizada, e Jerônimo passa a ser perseguido pela polícia, virando um fora da lei. Rodrigo, que ainda ama Potira e tem esperanças de que ela volte para ele, faz o que pode para que Jerônimo seja capturado. Para piorar a situação, Jerônimo ainda é acusado pela morte do delegado Falcão (Carlos Eduardo Dolabella), atingido por um tiro durante um confronto com João na praça da cidade. Na verdade, o tiro foi disparado por Juca Cipó para defender Pedro Barros. A essa altura da trama, Falcão já havia sido destituído do cargo por conta de seus atos ilícitos: mau-caráter e ganancioso, ele tentava ocupar o lugar de Barros e ainda manteve Lara prisioneira.

Jerônimo fica cada vez mais acuado e, no final da trama, João entrega seu diamante ao irmão para que ele possa fugir com Potira para bem longe de Coroado. Rodrigo, no entanto, descobre o plano de fuga e, além de denunciá-los à polícia, incita os homens que trabalhavam para Falcão a ir ao encalço do casal. Jerônimo e Potira, escondidos em uma gruta, são cercados e mortos.

Cena em que Jerônimo Coragem (Cláudio Cavalcanti) e Potira (Lucia Alves), escondidos em uma gruta, são cercados e mortos pela polícia.

Cena em que Jerônimo Coragem (Cláudio Cavalcanti) e Potira (Lucia Alves), escondidos em uma gruta, são cercados e mortos pela polícia.

DUDA E RITINHA

Cena de Duda Coragem (Cláudio Marzo) na disputa de um clássico entre Flamengo e Botafogo, no estádio do Maracanã.

Cena de Duda Coragem (Cláudio Marzo) na disputa de um clássico entre Flamengo e Botafogo, no estádio do Maracanã.

Filho caçula de Sinhana (Zilka Sallaberry) e Sebastião (Antônio Victor), o jogador de futebol Duda (Cláudio Marzo) volta a Coroado, após sete anos de ausência, para rever os pais e os irmãos, João e Jerônimo. Ele fugiu da cidade aos 16 anos, mal sabia ler e chegou a passar fome no Rio de Janeiro. Descoberto por um olheiro, treinou no time juvenil do Flamengo até alcançar uma vaga na categoria profissional.

Duda foi namorado de infância de Ritinha (Regina Duarte), filha do Dr. Maciel (Ênio Santos), o médico da cidade, um homem amargurado, que vive embriagado. Na sua visita a Coroado, Duda e Ritinha se reencontram e passam uma noite juntos. Embora não troque mais do que um beijo com a antiga namorada, Duda é obrigado a casar-se, não só para preservar a reputação da moça como a de sua própria família, que corre o risco de ser desmoralizada por Pedro Barros se o casamento não for realizado. O jogador, porém, já estava noivo de Paula (Myriam Pérsia), cujo irmão, Hernani (Paulo Araújo), é seu empresário.

Duda e Ritinha se casam e, no mesmo dia, a jovem acompanha o marido no retorno ao Rio de Janeiro, ficando sozinha já na noite de núpcias porque Duda tem de ir para a concentração do time. Ritinha sofre para se adaptar à cidade grande e ainda tem de suportar as intrigas de Paula, que chega a inventar que está grávida para separar o jovem casal. Mas quem engravida mesmo é Ritinha. Para Duda, as duas mulheres se complementam: uma lhe traz agitação; a outra, tranquilidade. Paula faz tudo para infernizar a vida da rival, até que Ritinha decide sair de casa e voltar para Coroado no momento em que Duda está no auge da carreira, sendo idolatrado pela torcida, motivado pelo clube, assediado pela imprensa e por anunciantes.

Ao retornar a Coroado e levar um tiro por tentar impedir a fuga de Lourenço (Hemílcio Fróes), responsável pela morte de seu pai, Duda é operado com urgência pelo Dr. Maciel que, ao não conseguir retirar a bala alojada no joelho do rapaz, mostra como prova uma bala retirada de outro paciente. Dr. Maciel havia se recusado a fazer a cirurgia, mas foi obrigado por Jerônimo: com medo das ameaças, inventa que conseguiu extrair a bala. Duda só descobre a verdade um mês depois, e vive o drama de não poder voltar a jogar futebol. O fato também abala sua relação com Ritinha, já que ele acredita que a atitude de Maciel foi proposital. Tempos depois, Duda começa a sentir fortes dores na perna e passa a jogar mal, tendo seu passe vendido para o Corinthians. Para aplacar as dores e voltar a jogar bem, Duda conta com a ajuda do roupeiro Damião (Arnaldo Weiss), que lhe aplica injeções ilegais.

Regina Duarte em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970. — Foto: Acervo/Globo.

Maciel se tornou um homem amargurado e grosseiro depois que sua mulher, Alzira, ficou doente, sem possibilidade de cura. Ritinha ainda era muito pequena quando a doença da mãe piorou. O médico aplicou uma injeção letal na esposa para aliviar seu sofrimento e transformou-se em um homem infeliz. Apesar de sua hostilidade, Maciel é uma boa pessoa: embora pobre, não cobra dos pacientes que não têm como pagar por suas consultas. Foi a doença da mulher e a decisão em amenizar sua dor que o deixaram com uma grande mágoa. Ele vai para o Rio de Janeiro para viver com Ritinha, apesar da má vontade de Duda, e é denunciado ao Conselho Regional de Medicina, tanto pela morte da esposa quanto por ter deixado a bala alojada no joelho do jogador. Maciel é impedido de clinicar e vira sacristão. Além disso, não pode mais beber por conta de uma cirrose hepática.

Ênio Santos e Ana Ariel em Irmãos Coragem – 1ª versão, 1970. — Foto: Acervo/Globo.

Ritinha dá à luz uma menina, Gabriela. O nascimento da filha reaproxima Ritinha e Duda, mas, por conta do assédio de Hernani e de uma nova discussão entre Duda e Maciel, que quer ver Ritinha casada com o empresário do jogador, o casal volta a brigar. Duda decide pedir o desquite e a guarda da filha. Ritinha resolve ficar em Coroado com o pai e vira secretária de Jerônimo na prefeitura.

O autor da denúncia contra Maciel é Hernani, mas Ritinha acredita que foi o marido quem denunciou seu pai, e decide romper com ele. Hernani também denuncia Duda, revelando à equipe médica do clube que ele estava tomando injeções. Os médicos decidem começar um tratamento rigoroso para curar sua perna de vez: ele só voltará ao campo quando estiver totalmente curado.

Após muitos desencontros, Duda e Ritinha fazem as pazes, e ele a leva embora novamente, junto com a filha. Duda volta a jogar bem e recupera seu prestígio no futebol. Maciel, por sua vez, pede em casamento Domingas (Ana Ariel), sua antiga empregada.

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