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'1883', uma imperdível história de vida e de morte

Patrícia Kogut

James Dutton (Tim McGraw) e Elsa (Isabel May) em '1883' (Foto: Emerson Miller/Paramount+ /CBS)James Dutton (Tim McGraw) e Elsa (Isabel May) em '1883' (Foto: Emerson Miller/Paramount+ /CBS)

 

Chegaram ao fim os dez episódios de “1883”, série derivada de “Yellowstone”. A produção original, estrelada por Kevin Costner e ambientada nos dias atuais, está no ar na Paramount+. Recomendo as duas. Daqui para a frente, tem spoiler.

Não é preciso assistir a uma para acompanhar a outra e vice-versa, mas quem abraçar ambas as histórias terá direito a uma aventura muito mais encorpada e saborosa. “1883” é o livro do Gênesis de “Yellowstone”. Ela recua para o ano no qual os antepassados dos Dutton deixaram o Tennessee e encararam todo tipo de perigo até chegarem ao lugar onde fundaram o rancho em que estão instalados em 2022. Explica por que eles, que se dirigiam ao Oregon, abreviaram a rota e se instalaram em Montana. Esclarece quem está enterrado lá. E informa que todos os conflitos territoriais dos dias de hoje podem ter origem num acordo entre James Dutton (Tim McGraw) e o chefe da tribo que ocupava a região nos primórdios.

A travessia foi duríssima. Acompanhamos um enredo voltado para uma esperança de futuro. Ele está nos obstáculos que vão sendo vencidos todos os dias. O grupo atravessa rios, come poeira no deserto e enfrenta cobras e outros bichos ferozes. No caminho, há ladrões e flechas envenenadas lançadas pelos índios. Mas a narração da mocinha, Elsa (Isabel May), ressalta sempre o encantamento com o mundo natural. Ela discorre sobre o céu estrelado que se abre para quem dorme longe da segurança de um teto e elogia a paisagem. A personagem tem a energia da juventude, é dotada para as atividades físicas, abandona os vestidos apertados e passa a usar calças compridas, mais confortáveis para a montaria. Descobre o sexo e é a expressão da vitalidade. Ela e o pai são muito ligados, como Beth (Kelly Reilly) e John Dutton (Costner) de “Yellowstone”. Tudo nela é o futuro. Só que não.

“1883” também é sobre a falta de futuro. A morte interrompe tudo isso. A mocinha é alvejada por uma flecha. Acontece durante um confronto terrível em que ela enfrenta índios que acreditam terem sido atacados pelo grupo dos Dutton. É um grande mal-entendido, mas, antes que tudo se esclareça, Elsa sofre o ataque fatal. Resiste por vários dias, mas não tem chances. É uma guinada corajosa do roteiro. Os capítulos que fecham a série são tristes demais. A produção cresce muito nesse contraste da aventura com a tragédia.

A Paramount acaba de anunciar que agora fará “1932”, outro spin-off da trama. Assim, vai abrindo os galhos genealógicos da família Dutton, cobrindo períodos da História americana e retratando a formação de um clã. É também a descoberta de um filão quase inesgotável.


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