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'The morning show': grande elenco em trama irregular

Patrícia Kogut

Steve Carell, Rheese Whiterspoon e Jennifer Aniston (Foto: Divulgação)Steve Carell, Rheese Whiterspoon e Jennifer Aniston (Foto: Divulgação)

 

Ainda está escuro quando Alex Levy (Jennifer Aniston) acorda. A jornalista cumpre a mesma rotina há 15 anos: madruga para coapresentar, ao lado de Mitch Kessler (Steve Carell), um programa matinal de jornalismo, variedades e faits-divers. Apesar da luta para manter a audiência e de penar com a concorrência nos calcanhares, a atração é estável. Até que, um dia, Alex chega ao trabalho e recebe uma notícia bombástica: seu parceiro foi demitido durante a noite, acusado de assédio sexual. O mundo dela rui. Esse é o ponto de partida de “The morning show”, série em dez episódios que chegou à AppleTV+.

Além de marcar a volta de Jennifer à televisão num papel fixo depois de “Friends” (não é pouco), a trama conta ainda com Reese Witherspoon, que acaba de brilhar em “Big little lies”. A atriz é Bradley Jackson, uma repórter esquentadinha que vive seus 15 minutos de fama depois de se envolver numa discussão na cobertura de um protesto contra a mineração de carvão. O bate-boca dela com um desconhecido foi filmado por alguém e viralizou. O vídeo é visto por uma produtora do “The morning show”, que chama Bradley para participar do programa. Dizer mais seria spoiler.

 

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O elenco é a principal força da série. Toda a ação é puxada por Alex, uma espécie de anti-heroína. Ela se vê numa situação complicada sem o parceiro. Sabe que o público amava a química da dupla e que, uma vez sozinha, sua conexão com o espectador corre perigo. Além disso, descobre que os executivos da emissora já estudavam a sua substituição. De um minuto para o outro, sai da segurança do sucesso absoluto para um terreno bambo. Esperta, trata de descolar sua imagem da figura do ex-parceiro de tantos anos. Ela repudia no ar “os atos inaceitáveis” dele. E abraça com força o discurso do #metoo. A série acompanha tanto esse jogo dela para as câmeras quanto o que se desenrola nos bastidores: Alex conhecia o don juanismo de Mitch e nunca o considerou um predador sexual. Só a dissonância entre essas duas narrativas, no entanto, não bastam para fazer de “The morning show” uma trama complexa ou que se aprofunda em discussões da era pós-Weinstein. Ao contrário: ela não vai além dos clichês. Há, aqui ou ali, uma frase de efeito que se destaca nos diálogos. Mas, no geral, é carregada por conflitos previsíveis e na aposta de que vai encantar o público apenas mostrando o mundo de uma emissora de televisão. Isso não acontece.

Porém, noves fora, vale para apreciar o trabalho dos atores e é bom entretenimento.

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