Prepare os lenços de papel: a terceira temporada de “This is us” chegará ao Brasil finalmente amanhã pela Fox Premium. É uma estreia retardatária: ela está no ar nos EUA desde o ano passado e já alcançou o 16º capítulo. Os novos episódios estão no iTunes e daqui para a frente tem spoiler.
Em se tratando de “This is us”, é sempre bom relembrar o início, quando o roteiro encantou com a surpresa do trançado de cronologias. Acompanhamos a vida da família Pearson num período de cerca de quatro décadas — de antes de os pais se conhecerem, nos anos 1980, aos dias atuais, com os filhos beirando os 40. A narrativa desliza para a frente e para trás e o enredo vai sendo construído através de uma dinâmica de preenchimento de lacunas. Isso tudo se desenrola de forma original. Não que o enredo evite totalmente os esquemas: há sempre um momento talhado para arrancar algumas lágrimas do público. Com o tempo, porém, esse frescor foi se perdendo. A série já não impacta como antes. Ultimamente, “This is us” caiu no ramerrame. Os trigêmeos quarentões parecem invariavelmente um pouco infantilizados, adultos que não cresceram direito e seguem atribuindo a motivação de cada passo a acontecimentos de anos atrás.
A temporada atual sofre com tudo isso. Há capítulos inteiros dedicados a escavar o passado de alguém sem surpreender muito. As reminiscências também cansaram. No entanto, ainda há bons momentos. Entre eles estão os episódios em que Kevin (Justin Hartley) foi ao Vietnã investigar a passagem do pai por lá. É um período traumático, que Jack (Milo Ventimiglia) nunca quis abrir para a família. Nessa viagem, sem querer fazer qualquer trocadilho com a guerra, Kevin atira no que vê e acerta o que não vê. Ele descobre a existência de um tio que acreditava estar morto. É uma trama bem-construída, que gera suspense e emoção e comove, como a série fazia tão bem nos primórdios. Durante esses capítulos, o enredo recupera o brilho perdido e o espectador volta a se entusiasmar.
Logo adiante, entretanto, a monotonia se reinstala. Um exemplo é o episódio sobre o passado de Beth (Susan Kelechi Watson), que dá a impressão de que está faltando assunto. O penúltimo capítulo se desenrolou numa sala de espera de hospital, com a família toda reunida em torno do parto do filho de Kate (Chrissy Metz) e Toby (Chris Sullivan). Serviu para deixar evidente que a produção não se sustenta totalmente num cenário tão restrito: precisa de outros aditivos.
Entre altos e baixos, “This is us” ainda merece a sua atenção. Mas é uma pálida versão do que já foi.
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