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'The killing' e 'Seven seconds': duas tramas cinzentas

Patrícia Kogut

Clare-Hope Ashitey em 'Seven seconds' (Foto: Netflix)Clare-Hope Ashitey em 'Seven seconds' (Foto: Netflix)

 

Se você atravessou as temporadas de “The killing” com gosto, é candidato a “Seven seconds” (na Netflix). As duas séries levam a assinatura de Veena Sud e têm pontos em comum. Um deles — talvez o mais importante — é o retrato desglamourizado da figura do homem da lei. Em ambas as tramas, os heróis são pessoas falhas e se arrastam em rotinas difíceis. Seus maiores obstáculos vão além da presença de personagens antagonistas: eles esbarram sobretudo nas próprias limitações. Assim, em “The killing”, a policial Sarah Linden (Mireille Enos) era uma mãe tão relapsa que às vezes parecia desalmada. Em “Seven seconds” é tudo semelhante.

Acompanhamos o drama de um ciclista adolescente atropelado por acidente numa manhã nevada, num parque em Nova Jersey. Acreditando ter matado o garoto, o motorista, um policial, Peter Jablonski (Beau Knapp), entra em pânico. Ajudado por um grupo de colegas, apaga pistas e foge. Só que o rapaz, embora muito machucado, estava vivo e é encontrado horas mais tarde, quase à noitinha. A partir desse fato, abrem-se novas tramas. No hospital, onde a vítima respira por aparelhos, seus pais, Latrice (Regina King, de “American crime”) e Isaiah (Russell Hornsby), exigem explicações. Mas os encarregados do caso são profissionais sem entusiasmo. A assistente da promotoria que defende o garoto, K.J. Harper (Clare-Hope Ashitey), é alcoólatra e vive faltando a compromissos no tribunal. Se “The killing” era atravessada pelas chuvas de Seattle, em “Seven seconds” é a neve que invade a maior parte das cenas. Agora, de novo, o enredo explora o preconceito social e racial institucionalizado, a vida dura das mulheres no mercado de trabalho, a pobreza e a corrupção policial. As duas séries são cinzentas, tristes e cheias de ação. De novo, vale a viagem.

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