Fazenda Sustentável

Por Daniela Walzburiech — Florianópolis

A preocupação constante com o meio ambiente por causa, principalmente, do aquecimento global e das mudanças climáticas, fez o conceito de fazenda sustentável ganhar cada vez mais força e destaque no setor agropecuário brasileiro. Mas afinal, o que é preciso para ter uma?

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De primeira, é comum pensar apenas na relação com o meio ambiente, mas outros fatores são fundamentais em um projeto sustentável, que alia três pilares: o ambiente, a sociedade e a economia.

Ou seja, uma fazenda sustentável nada mais é do que uma propriedade agrícola que produz e lucra aplicando estratégias capazes de diminuir o impacto ambiental e promover benefícios à sociedade.

Alexandre Berndt, pesquisador e chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pecuária Sudeste) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Zootecnia, diz que o conceito funciona apenas se todos os valores estiverem equiparados.

“Quem está no vermelho, não pensa no verde"

“Isso porque se o produtor tem prejuízo, ele não consegue se sustentar economicamente e ainda tem problemas sociais com os empregados, não terá, com certeza, uma atenção plena para o aspecto ambiental. É preciso harmonia e equilíbrio”, defende.

Com o passar do tempo, o setor agropecuário ficou mais sensível às causas ambientais. E, apesar do pilar econômico ser o mais forte, a pressão dos consumidores ajuda a fortalecer a importância do cuidado com o meio-ambiente.

No ramo da importação, o pesquisador cita a importância da rastreabilidade. “Se um grande frigorífico compra carne de uma área de desmatamento, o cliente na Europa, na China ou no Oriente Médio vai reclamar. Eles já não querem produtos de áreas irregulares. A demanda vem de todos os lados e obriga mudanças”, garante.

Como projetar uma fazenda sustentável?

O projeto de fazenda sustentável pode ser aplicado em qualquer propriedade, independente do tamanho, cultivos, criações e biomas.

O produtor rural pode optar por aplicar seus próprios conhecimentos ou contar com a ajuda de um agrônomo especializado em sustentabilidade para desenvolver um projeto mais rebuscado, que considere as características do solo, do bioma, da região e do mercado. Veja alguns exemplos do que fazer:

  • Implantação de tecnologias para melhor eficiência;
  • Uso de adubação verde;
  • Preservação de áreas permanentes;
  • Ter zelo pelo bem-estar de todos os envolvidos;
  • Evitar desperdício;
  • Uso de energias renováveis;
  • Uso consciente dos recursos naturais;
  • Técnicas de regeneração do solo;
  • Realizar rotação de culturas;
  • Fazer o descarte correto de resíduos;
  • Fazer balanço de carbono.

Como exemplo, o especialista da Embrapa cita o projeto Balde Cheio, responsável por levar conhecimento às propriedades e desenvolver o setor da pecuária por meio da transferência de tecnologia há mais de 25 anos.

“Quando o produtor passa por dificuldades econômicas e busca soluções para sustentar a família, ele não está atento ao lado ambiental, porque existem demandas mais urgentes. O básico é a introdução de práticas simples, de fácil adesão e baixo custo”, explica.

O manejo de pastagem através do conhecimento de lotação, adubação e calagem são algumas práticas que podem ser implementadas para aumentar a produtividade e a renda. A expansão dos negócios traz também benefícios sociais, já que abre espaço para novas contratações.

“Quando há a resolução completa dos problemas envolvendo a economia e a sociedade, a atenção volta-se à parte ambiental, facilitando a adoção de novas técnicas”, reforça Bernt.

Fazendas sustentáveis podem usar agrotóxicos?

Sim! A sustentabilidade, palavra que sintetiza a harmonia entre o homem, a natureza e a atividade econômica, não proíbe a utilização de defensivos agrícolas. No entanto, a recomendação para o projeto de fazenda sustentável é seguir as indicações técnicas.

“Parece óbvio dizer isso, mas muita gente utiliza os produtos de forma errada, aplica mais e não respeita a carência. Os defensivos são um conjunto de tecnologias importantes para o sistema de produção, mas devem ser usados com critério”, finaliza Alexandre Bernd.

No Brasil, os sistemas de integração entre a lavoura e a pecuária usam herbicidas, por exemplo, no fim do ciclo da pastagem, período que antecede a próxima safra. Por isso, é comum que criadores de gado utilizem produtos para formar a palhada sobre a terra morta. Assim, faz-se o plantio direto. Entre os benefícios estão o controle de plantas daninhas, a ciclagem de nutrientes e a evaporação da água.

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