Leite

Por Rafael Walendorff — Brasília

A capacitação técnica continuada e as melhorias aplicadas na produção de leite geraram uma verdadeira “mudança de chave” na gestão da Agropecuária Saint Expedit, em Porto Nacional (TO).

A produtora Ingergleice Abreu diz que as melhorias na rotina da produção não demandam investimentos tão altos, mas que o retorno é positivo. “A ideia é otimizar o processo com o menor custo possível”, afirmou.

Ela é uma das mais de três mil pessoas atendidas pelo programa Balde Cheio, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A fazenda recebe consultoria do programa há três anos. Algumas atividades foram corrigidas nesse período. Animais que antes eram descartados passaram a receber um manejo mais eficiente e se tornaram produtivos.

“Aprendemos que, com medidas simples, podemos oferecer maior conforto ao animal, o que deixou o rebanho mais produtivo”, relatou.

O Balde Cheio tem 247 técnicos em 375 municípios de 18 Estados do país. Com a assistência do programa, pecuaristas conseguem até quadruplicar a produção leiteira. Enquanto a média geral brasileira é de 1.180 litros de leite por hectare ao ano, as propriedades integrantes da iniciativa têm produtividade de 4.485 litros por hectare.

Um relatório mostrou que cada R$ 1 investido reverte R$ 44,41 em benefícios para a sociedade, com base em valores corrigidos em IGP-DI entre 2003 e 2022. No período, o investimento da Embrapa na manutenção do programa foi de R$ 53 milhões, resultando em um ganho de produtividade equivalente a R$ 941 milhões em valores atuais. A taxa de retorno é de 1.148%.

“Analisamos tudo que foi gerado gasto, considerando o aumento de produtividade. Comparamos a produtividade dos produtores assistidos pelo programa Balde Cheio com a produtividade média de cada região de produtores que não são assistidos, e foram descontados os custos de implantação, de uso da tecnologia, de investimentos feitos pela Embrapa”, disse o coordenador do Balde Cheio, André Novo, que também é chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste.

Enquanto a produção de leite média no país é de menos de 100 litros por dia, cerca de 75% das propriedades que participam do programa produzem mais que o dobro. “Independentemente da produtividade inicial ou da região, a aplicação de tecnologias adequadas para cada estágio multiplicou por três ou quatro vezes”, destacou Novo. São cerca de 79,3 mil hectares atendidos pelo programa no país.

A maior produtividade nessas fazendas é fruto de várias tecnologias e conceitos utilizados de forma customizada para os pecuaristas, como sanidade animal, bem-estar, gerenciamento, irrigação, manejo intensivo de pastagens, estruturação de rebanhos, eficiência na reprodução e preservação ambiental.

De acordo com a Embrapa, a aplicação da metodologia do Balde Cheio propicia aumento da produtividade e da renda, em função da intensificação e das melhorias nos sistemas de produção com sustentabilidade. O programa foi criado em 1998 para melhorar o desempenho da pecuária leiteira do país, com base na adoção de ferramentas de gerenciamento das propriedades e tecnificação dos processos de acordo com a realidade de cada produtor.

A iniciativa capacita profissionais da assistência, extensão rural e pecuaristas em técnicas, práticas e processos agrícolas, zootécnicos, gerenciais e ambientais. É uma rede de formação contínua, na qual as propriedades funcionam como “salas de aula”.

Ainda conforme a Embrapa, o conjunto de práticas preconizado pela iniciativa também contribui para a sustentabilidade ambiental. Os resultados já podem ser vistos nas nascentes preservadas e nos cursos de água descontaminados. Os efeitos das mudanças climáticas, como a ocorrência de secas, também diminuíram nas propriedades participantes do programa.

Em algumas propriedades, houve aumento das áreas de sombra com plantio de árvores. Pecuaristas de Tocantins e Pará abandonaram o uso da queima anual das pastagens. Com o manejo, os animais deixaram de pisotear margens de cursos d’água, o que contribuiu para a preservação e redução do assoreamento. Em São Paulo e Rondônia foi possível irrigar os pastos.

O conjunto de práticas previsto na metodologia permitiu ainda conter a pressão pela abertura de novas áreas para pastagens, diz a Embrapa. André Novo, coordenador do Balde Cheio, disse que as parcerias são vitais para o programa. No ano passado, foram 99. São laticínios, cooperativas, associações de produtores, órgãos públicos e privados de extensão rural, ONGs, bancos, prefeituras, agências e entidades do sistema “S” que atuam junto à Embrapa para disseminar as técnicas para a cadeia leiteira nacional.

Recentemente, o governo criou um grupo interministerial para elaborar um novo programa para aumentar a competitividade da cadeia leiteira nacional, diante de uma crise de custos e preços agravada pela importação de lácteos, segundo o setor.

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