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Por GloboEsporte.com — Rio de Janeiro


Aplausos de pé. Primeira brasileira campeã olímpica, Jackie Silva fez um discurso emocionante na entrega do Prêmio Brasil Olímpico, nesta sexta-feira, em um teatro na Zona Oeste do Rio. A medalha de ouro na Olimpíada de Atlanta 1996 recebeu o troféu Adhemar Ferreira da Silva, uma homenagem por toda trajetória dentro e fora das quadras. No discurso, Jackie lembrou o tempo em que se posicionou contra a Confederação Brasileira de Vôlei e o ex-presidente Carlos Nuzman, e como sofreu punições por isso.

Jackie Silva conquista o troféu Adhemar Ferreira da Silva

Jackie Silva conquista o troféu Adhemar Ferreira da Silva

- Minha história começou em 1986, quando o voleibol deu um grande passo na história, tornando-se o primeiro esporte a ter patrocinadores na camisa. Na época, aquilo foi uma coisa muito importante. Mas aconteceu uma coisa um pouco estranha: só os atletas homens recebiam dinheiro por isso. Eu quis questionar e essa resposta eu não obtive. Em protesto, coloquei o meu uniforme no avesso e fui cortada da seleção brasileira e fui banida do Brasil. Foi então que fui para os Estados Unidos jogar vôlei de praia. Lá me tornei a rainha do voleibol de praia. Dez anos depois, eu voltei para o Brasil junto com a Sandra Pires, campeãs olímpicas, as primeiras mulheres a ganhar uma medalha de ouro no Brasil (...) Essa prêmio representa não só uma forma de conserto disso tudo, dessas injustiças todas. É um símbolo de uma nova era no esporte nacional, uma nova era do COB, uma nova direção. E que tudo isso que aconteceu, esse meu posicionamento não era uma causa própria. Era a luta pelo direito das mulheres, um direito de todas nós. Então, hoje, o que eu quero dizer é que daqui em diante nunca mais nenhuma mulher seja punida por isso.

Criado em 2001, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva tem como objetivo homenagear atletas e ex-atletas que representem os valores que marcaram a carreira e a vida de Adhemar, bicampeão olímpico no salto triplo, tais como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo.

- Acho que foi bom para que eu pudesse contar a minha história. Esses prêmios são um alívio. É o começo de uma nova era no COB. Que seja uma era voltada para o esporte e não para motivações pessoais - disse ao GloboEsporte.com.

Jackie Silva emocionou com discurso poderoso no Prêmio Brasil Olímpico 2018 — Foto: André Durão

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