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Por Cíntia Barlem

Jornalista e comentarista de futebol feminino do Grupo Globo

Rio de Janeiro


Kalena Bellini tem um sonho realizado: defender a camisa da seleção brasileira. A jogadora faz parte da seleção feminina sub-17 e esteve no grupo que venceu o Sul-Americano Sub-17 em março. Nesta quarta-feira, foi novamente chamada para um período preparatório ao Mundial da categoria, em outubro, na República Dominicana. A atleta tem dupla cidadania. Nasceu nos Estados Unidos, mas os pais são de São Paulo e se mudaram há alguns anos para o país da América do Norte. Por lá, fez toda sua formação.

A chance com a camisa canarinho chegou pela dedicação de sua mãe. Marisa Bellini entrou em contato com a técnica Simone Jatobá para comentar sobre sua filha e seu potencial. A técnica então correu atrás das análises para averiguar se a menina realmente teria futebol para estar com o Brasil, o que se confirmou.

- Ela (Simone Jatobá, técnica da seleção sub-17) falou com minha mãe. Eu não cheguei a falar com ela (no primeiro contato), mas foi muito assustador. Eu não estava em casa quando ela entrou em contato. Então eu não sabia o que esperar, se era real mesmo ou fake. Foi assustador, mas também senti como um sonho porque veio do nada e isso não acontece com toda pessoa e não acontece com frequência - afirmou Kalena Bellini.

Kalena celebra gol no Sul-Americano Sub-17 deste ano — Foto: Fabio Souza/CBF

Mas a trilha no futebol não foi fácil para Kalena mesmo tendo apenas 16 anos. Em 2022, ela sofreu uma lesão de LCA e menisco no joelho. Passou por uma árdua recuperação ficando todo o ano em questão sem jogar futebol. Por isso, também a identificação com Christen Press, ex-jogadora da seleção dos EUA, que passou pelo mesmo problema - no caso da americana, foram três cirurgias no joelho em oito meses desde que rompeu o LCA direito em junho de 2022. A jogadora do Brasil retornou em 2023 e sem desistir do esporte que a levaria ali adiante à seleção sub-17. Mesmo falando ainda pouco português, as raízes brasileiras são muito fortes e por isso a escolha sem dúvidas.

- Todo mundo conhece o Brasil pelo futebol. Também é minha cultura, cultura dos meus pais e mesmo se fosse chamada pela seleção dos EUA eu seguiria escolhendo a seleção brasileira. Eu sou a única pessoa da minha família que sou norte-americana. E somente eu não é realmente minha cultura. Meus pais, avós, toda família, todos são brasileiros. Ir e jogar lá você tem muito respeito pelo país e usar a camisa (do Brasil) é muito respeito também - afirmou Kalena.

Kalena após cirurgia em razão de lesão de LCA e minisco no joelho esquerdo — Foto: Arquivo Pessoal

Na equipe sub-17, ela vive também um momento feliz entre amigas. Uma delas é Giovanna Waksman, que, assim como ela, mora nos EUA, além de Juju Harris - esta também com cidadania americana e brasileira.

- Eu fiquei tão feliz por ter elas (colegas de sub-17). Sou muito próxima da Giovanna, nós ainda trocamos mensagens pelo menos uma vez na semana. É muito bom ter pessoas que entendem de onde eu venho. Ter alguém ao seu lado e não ser sozinha mesmo que você não esteja com elas todo o tempo. Elas entendem como tudo funciona aqui. Automaticamente você sente uma conexão. Eu me sinto muito confortável jogando com elas - disse.

Kalena atuando pelo seu clube atual, Wasatch SC — Foto: Arquivo Pessoal

Assim como no futebol, a atleta também vai bem na escola. Vivendo em Utah, formou-se no ensino médio com notas destacadas e agora irá jogar na Flórida com bolsa integral. Antes da mudança, ela tem mais um compromisso com a seleção feminina sub-17. A equipe comandada por Simone Jatobá se reúne a partir do dia 2 de julho em Águas de Lindoia, em São Paulo, para treinamentos. Logo depois, a delegação embarca para Atlanta, nos Estados Unidos, para enfrentar as donas da casa em duas oportunidades: no dia 12 e no dia 15, às 19h30 (horário de Brasília), na Universidade de Kennesaw.

Os amistosos são parte da preparação para a Copa do Mundo da categoria, que ocorre entre os dias 16 de outubro e 2 de novembro, na República Dominicana. O Brasil está no Grupo D, ao lado de Japão, Polônia e Zâmbia.

Confira a lista das convocadas para os amistosos contra os EUA:

GOLEIRAS
Josi - Grêmio
Ana Morganti - Corinthians

DEFENSORAS
Sofia Couto - Flamengo
Gio Mazzotti - São Paulo
Allyne Braga - Grêmio
Maria Clara Forner - São Paulo
Mariane Martins - São Paulo
Larissa Horn - Corinthians
Helô Camargo - Corinthians

MEIO-CAMPISTAS
Kaylane - Flamengo
Larissa - Flamengo
Giovanna Waksman - Flórida F.C (EUA)
Yasmim Cardozo - Phranakorn Football Club (TAI)
Sara Pedot - São Paulo
Manu Borba - Grêmio

ATACANTES
Aninha - Internacional
Juju Harris - CBF
Stephanie - Internacional
Kalena - Wasatch SC (EUA)
Vivia - Bahia

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