TIMES

Por Cíntia Barlem

Jornalista e comentarista de futebol feminino do Grupo Globo

Rio de Janeiro


A seleção feminina sub-20 garantiu na última segunda-feira a classificação ao Mundial da categoria ao vencer por 1 a 0 a Colômbia na fase final do Sul-Americano, que ocorre no Equador. Mas, para chegar à vaga, foi preciso enfrentar um adversário que havia dado trabalho na primeira fase com uma derrota por 2 a 1 e também com um série de provocações.

O trabalho da técnica Rosana Augusto foi decisivo também para que as provocações sofridas no último jogo retornassem à pauta como combustível pela vitória. Durante a pausa técnica, aos 30 minutos do primeiro tempo, a treinadora falou às jogadoras que o momento era de colocar o coração e a vontade. Logo depois, o Brasil abriu o placar que o daria o triunfo de 1 a 0.

- Se criou uma rivalidade com a Colômbia muito grande. E esse é o tipo de jogo que eu sempre brinco: é jogo que não se joga, se ganha. Ali estávamos pela vitória independente da forma com que ela poderia vir até por conta do que aconteceu na primeira fase, da provocação das colombianas. As atletas estavam muito engajadas em conseguir essa vitória para o Brasil. Eu acho que foi um momento que eu tentei criar isso nelas. Trazer tudo que doeu nelas de ter perdido na primeira fase, das provocações que as colombianas tiveram. Na minha opinião era aquilo que ia fazer diferença no jogo e de fato foi. Não foi um jogo tão técnico, mas foi um jogo na garra, na raça e era aquilo que eu queria trazer para elas - afirmou Rosana.

Seleção sub-20 venceu Colômbia se classificou ao Mundial — Foto: Fabio Souza/CBF

A comandante fez questão de ressaltar que, sem a parte mental, não há como vencer um jogo.

- Gosto muito dessa parte mental. Estudei muito sobre isso justamente porque acho que o que de fato comanda sempre é nossa parte mental. Parte física, técnica, tática a gente faz no dia a dia, mas se você não tiver a cabeça no lugar para executar não vai fazer diferença nenhuma o que você faz no dia a dia. Impactaria muito mais falar sobre isso naquele momento do que uma proposta mais tática, estratégica.

O Brasil também vem crescendo ao longo da competição com uma segunda fase de um futebol mais vistoso. Para Rosana é algo normal já que o período que a Seleção fica mais tempo integrada é justamente a competição. Até mesmo o gramado sintético é algo que a equipe precisou se adaptar.

- Isso é algo natural do processo. Quanto mais tempo a comissão tem com as atletas mais fácil impor um modelo de jogo, fazer alguns ajustes necessários. E essa competição é isso. Uma preparação dentro da competição. Brinco que a gente precisa trocar o pneu de uma Ferrari em movimento, mas eu já sabia que isso ia acontecer. Evolução ao longo dos jogos, entendendo as melhores estratégias em relação às condições que nos oferecem. O gramado é sintético, bola quica você não sabe para onde ela vai. Tem bastante borracha. E provavelmente porque isso acontece da bola mudar a direção. A gente foi entendendo esse contexto de estrutura física quanto modelo de jogo e isso foi nos favorecendo. Por isso temos tido resultados tão bons nessa segunda fase - garantiu.

O próximo passo é o jogo diante da Venezuela nesta quinta-feira, às 23h (de Brasília), em busca do título do Sul-Americano Sub-20, o penúltimo duelo na fase final da competição - o jogo tem transmissão ao vivo do SporTV. O Brasil encerra a participação na disputa contra o Peru no domingo.

- Era nosso primeiro objetivo, nosso primeiro passo (vaga no Mundial). A gente sabe que é uma dificuldade muito grande, pressão grande porque na categoria sub-20 o Brasil tem a hegemonia. De certa forma esse primeiro passo nos dá um direcionamento de que estamos fazendo as coisas certas, mas agora já mudamos a chave. O próximo jogo com a Venezuela é importantíssimo e vamos em busca do título.

Veja também

Mais do ge