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Daniele Nascimento ficou grávida em 2022. Naquele momento, precisou deixar a profissão de lado, como jogadora de futebol, temendo não poder mais exercê-la. Manuela nasceu e hoje, com um ano, faz parte também da rotina da mãe no esporte. Em abril, acompanhou a mãe em uma viagem para a disputa de um confronto pelo Brasileiro feminino Série A3. Ela acabou fazendo história. Esta foi a primeira vez que uma criança foi permitida oficialmente a integrar uma delegação na competição.

E isso só foi possível graças a outra mulher, Michelle Mattos, vice-diretora do Tarumã, do Amazonas, time de Daniele. Desde o princípio, ela garantiu que Daniele não ficaria longe da filha e também poderia focar no jogo - um detalhe: no Tarumã, assim como em diversos times da A3, as atletas recebem por jogo e não têm carteira assinada.

- Quando a Dani retornou para o clube esse ano primeira coisa que ela falou foi "e a Manu, como vai ser?". Eu disse que daria um jeito, que compraria a passagem e ela iria. Expliquei que criança até dois anos não paga e que iríamos dessa maneira ou de outro jeito. Queria que ela só focasse no jogo - afirmou Michelle Mattos.

Manu com a dirigente do Tarumã, Michelle — Foto: Arquivo Pessoal

A dirigente levou a questão até o conselho técnico da competição na CBF. Ao ouvir o pedido, a entidade autorizou a viagem. No dia 12 de abril, mãe e filha viajaram juntas de avião para Boa Vista, capital de Roraima, local do primeiro confronto contra o Atlético Rio Negro. Foram quatro dias de viagem e algumas horas até a chegada ao local de destino.

- Fui orientada a colocar essa pauta no congresso técnico da CBF. Nesse dia estava a Aline Pellegrino. Aí comentei e eles falaram que iam verificar porque isso nunca tinha acontecido. Por isso, já sabíamos que estaríamos fazendo história e incentivando outras mães. Quando conseguimos esse contato eu imediatamente falei para meu presidente do clube e ele mandou ofício para a CBF. Não teve nenhum empecilho. A passagem da Manu foi emitida primeiro do que todas as atletas - disse Michelle Mattos.

O Tarumã acabou não avançando às oitavas de final da competição. Perdeu os dois jogos da primeira fase para o Rio Negro, de Roraima - 3 a 0 e 2 a 1 -, mas deixou um legado que outras mães esportistas poderão se beneficiar no futuro.

- Quando eu engravidei eu pensei em desistir, mas minhas amigas me incentivaram e eu não desisti. Ser mãe e fazer o que gosto é uma satisfação - afirmou Daniele.

Daniele em ação pelo Tarumã — Foto: Arquivo pessoal

Time do Tarumã em viagem — Foto: Arquivo Pessoal

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