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Por Soraia Alves


C6 Bank — Foto: Divulgação/Arte/Clayton Rodrigues
C6 Bank — Foto: Divulgação/Arte/Clayton Rodrigues

Dois anos foi o tempo que o C6 Bank levou para tornar-se um unicórnio brasileiro. Isso, por si só, já chama a atenção, mas o fato fica ainda mais interessante quando olhamos o momento em que a conquista aconteceu: 2020 - no auge da pandemia.

Criado para ser um banco digital completo e voltado para um público diverso - de jovens a grandes correntistas -, em seis meses a fintech já contava com 1 milhão de clientes. Em 2023, a empresa alcançou o ponto de equilíbrio financeiro com seu primeiro lucro mensal, de aproximadamente R$ 15 milhões, além de um portfólio com mais de 90 produtos ofertados no Brasil e no exterior.

Como surgiu o C6 Bank

O desenvolvimento do C6 Bank começou em 2018, quando Marcelo Kalim, Leandro Torres, Teco Calicchio e Adriano Ghelman, todos com passagem pelo BTG Pactual, se uniram para criar um banco digital do zero e que atuasse em três verticais: pagamento, investimento e crédito.

Em entrevista a Época NEGÓCIOS, Teco Calicchio contou que, na época, os fundadores avaliaram que tinham capital suficiente para iniciar o negócio, sem depender de investimentos de terceiros na primeira fase. "Desde o início, o nosso posicionamento de marca era: ser um banco aspiracional, identificado com as pessoas de alta renda, mas que também oferecesse produtos para as pessoas de baixa renda", explicou.

Com sede em São Paulo, oficialmente o C6 começou a realizar as suas operações financeiras em 2019, com uma licença do Banco Central para atuar como um banco múltiplo, o que engloba uma carteira comercial e outra de investimentos. Assim, a fintech já estreou oferecendo serviços para pessoas físicas, jurídicas e microempreendedores individuais (MEIs).

Em seis meses, a empresa já contava com seu primeiro milhão de clientes, tornando-se o banco que mais rápido atingiu essa marca, de acordo com a consultoria McKinsey & Company. Em 2020, o número de clientes já ultrapassava os 4 milhões.

13° unicórnio brasileiro

O primeiro aporte do C6 aconteceu em agosto de 2020, quando o banco anunciou uma injeção de R$ 525 milhões feita por um investidor não revelado. Em dezembro de 2020, a fintech anunciou uma captação de R$ 1,3 bilhão (US$ 252 milhões, na cotação da época), o que elevou o valor de mercado da empresa a R$ 11,3 bilhões (US$ 2,1 bilhões) -- esta foi a segunda rodada de aportes da empresa, com o Credit Suisse atuando como principal agente financeiro da operação, que contou com mais de 40 investidores privados.

Um levantamento realizado pelo UBS Evidence Lab, em 2020, mostrou que o C6 Bank teve crescimento de 48% na base de clientes do segundo para o terceiro trimestre daquele ano - a maior expansão registrada entre os bancos digitais no período.

Os bons resultados chamaram a atenção do mercado, mesmo durante o auge da pandemia. Na época do aporte, Marcelo Kalim, CEO do C6 Bank, afirmou que o aumento de capital seria usado para acelerar o crescimento da empresa e investir "para aumentar a base de clientes, completar o desenvolvimento da plataforma de investimentos e avançar em novas linhas de negócio."

A promessa foi cumprida: o banco digital fechou o ano seguinte, 2021, com 14 milhões de clientes e presença em 100% das cidades brasileiras.

JPMorgan como acionista

Foi também em 2021 que o JPMorgan Chase, maior banco do mundo em ativos, adquiriu 40% do C6 Bank, marcando o terceiro aporte. Na ocasião, Kalim considerou a transação como 'um divisor de águas'. "Depois de dois anos de colaboração, tomamos a decisão conjunta de ampliar este relacionamento", disse em comunicado. “Os dois bancos já têm trabalhado juntos para desenvolver novos produtos."

Em agosto de 2023, o JPMorgan elevou a sua fatia para 46%. A única ocasião em que o banco divulgou sua avaliação de mercado foi no momento do segundo aporte, em 2020, e que rendeu o status de unicórnio. "O valuation de agora é bem superior a esse, mas o banco não compartilha o número", diz o C6 Bank, em comunicado.

A empresa mantém entre os demais acionistas os quatro fundadores e um grupo de executivos que fazem parte da sociedade desde a criação da fintech.

Aquisições

As aquisições do C6 Bank começaram cedo. Ainda em 2018, a empresa comprou a Soluções NTK, que desenvolve ferramentas de pagamento. Ao ser adquirida, a startup foi renomeada como PayGo. No mesmo ano, a empresa investiu no marketplace de câmbio Besser Partners.

Em 2019, a fintech adquiriu as startups IDEA9 e Som.us. A primeira é uma edutech que oferece cursos em áreas como finanças pessoais e gestão de negócios, e foi rebatizada como C6 Institute após a aquisição. Já a Som.us presta assessoria e consultoria em seguros às corretoras no Brasil e também mudou de nome, passando a se chamar C6 Seg.

A Setis, fornecedora de soluções de pagamentos, completa a lista de aquisições da empresa.

Primeiro lucro e expansão física

Em 2023, o C6 Bank foi a única representante brasileira no ranking das fintechs mais promissoras da CB Insights, que avalia as empresas com base em fatores como financiamento de capital, perfis de investidores, receita, crescimento de clientes, relacionamentos comerciais, sentimento de notícias e número de funcionários.

O bom ano para o banco digital foi atingido. Em novembro, o C6 teve o primeiro lucro mensal de sua história. O valor, ainda singelo, na casa dos R$ 15 milhões, aumentou a expectativa para que o banco termine o primeiro trimestre de 2024 no azul.

"Cumprimos o que falamos em agosto (que o breakeven viria no quarto trimestre de 2023) e temos a confiança de que os próximos meses serão não só de resultados positivos, mas também de resultados crescentes”, disse Marcelo Kalim, em comunicado.

No mesmo ano, a empresa inaugurou os seus primeiros escritórios de atendimento presencial, ampliando a concorrência com instituições tradicionais. O movimento acompanhou o lançamento do Carbon, plataforma para atender a faixa dos seus cerca de 5 milhões de correntistas de alta renda - superior a R$ 15 mil por mês ou mais de R$ 150 mil em investimentos.

Para continuar com os resultados positivos, a empresa mira - para 2024 - em uma maior fidelidade dos clientes, passando a segmentá-los de forma mais específica em relação a patamares de renda e investimentos. Outro objetivo é ampliar o conhecimento do público sobre os mais de 90 produtos que a instituição oferece.

Para Kalim, embora o cenário nacional seja competitivo, ele também é bastante definido. "O nosso esforço de todo dia é sobre como aumentar o engajamento com o cliente. Essa é uma batalha diária, mas que não só nós temos. O Bradesco tem, o Banco do Brasil tem, o Itaú tem", afirmou. "A grande verdade é que no Brasil, os consumidores estão bem servidos de serviços bancários".

Atualmente, o C6 Bank tem mais de 30 milhões de clientes e cerca de 3.300 colaboradores.

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