Com centro de pesquisa em Manaus, 3M quer acelerar a busca por materiais renováveis

Com a inauguração programada para o primeiro trimestre, nova célula de pesquisa busca mapear novas oportunidades de matérias-primas provenientes da região amazônica, especialmente óleos, sementes e fibras, que possam ser implementadas em escala industrial

Por Soraia Alves


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Marcia Ferrarezi, gerente técnica da 3M Brasil e líder do WLF-Tech (Women Leadership Forum) da 3M para a América Latina, e Paulo Gandolfi, diretor de Pesquisa & Desenvolvimento da 3M para a América Latina — Foto: Divulgação - Arte/Clayton Rodrigues

A 3M quer ficar mais perto da floresta Amazônica para avançar em seu plano estratégico de sustentabilidade. Ainda no primeiro trimestre deste ano, a multinacional com sede em Saint Paul (Minnesota, EUA) vai inaugurar uma instalação de Pesquisa e Desenvolvimento em sua fábrica em Manaus, que atuará com foco na reciclagem de materiais poliméricos e no desenvolvimento de materiais de fontes renováveis.

Como empresa de manufatura industrial que produz de post-its a suprimentos cirúrgicos, o grande desafio da 3M é o desenvolvimento de materiais renováveis para criar insumos inovadores. A intenção é que esses materiais sejam incorporados, em particular, nas formulações de adesivos, fitas, sistemas de polimento, injeção de plástico e embalagens sustentáveis - produtos de destaque no portfólio da companhia.

Parte desse trabalho já é realizado em um centro similar situado nos Estados Unidos. No Brasil, as pesquisas do tipo são feitas dentro do Centro de Inovação da 3M em Sumaré (SP), em atividade desde 2005. Agora, a ideia é que a unidade de Manaus passe a concentrar 100% dos projetos de sustentabilidade, mas atuando interligada ao centro de Sumaré, especialmente com treinamentos e interações entre os pesquisadores, prototipagem e uso de laboratórios em ambas as localidades.

“O Brasil será um braço importante do nosso grande centro, nos EUA, porque possui uma vocação importante e natural para os temas relacionados à reciclagem e materiais de fontes renováveis. Além disso, os estímulos e incentivos fiscais a P&D existentes na região de Manaus são um importante mecanismo para fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico no país”, comentou o vice-presidente sênior de operações corporativas de P&D da 3M, Cordell Hardy, em visita ao Brasil para anunciar a inauguração do centro, no ano passado.

Ecossistema amazônico

A empresa não abre qual seu investimento em inovação ou em P&D, mas foi considerada a 19ª companhia mais inovadora do mundo em 2023 segundo o ranking do Boston Consulting Group (BCG). Em 2022, o faturamento bruto da 3M no Brasil foi de R$ 5,1 bilhões.

O valor do investimento no novo centro também não foi revelado. Para efeito de comparação, o polo de Sumaré recebeu investimento total de US$ 8 milhões, além de investimentos anuais entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões, segundo Paulo Gandolfi, diretor de operações de P&D e inovação da 3M para a América Latina, em conversa com Época NEGÓCIOS.

A unidade em Manaus deve começar pequena, mas o objetivo é formar um time de até 10 pesquisadores no médio prazo, "dependendo dos resultados entregues nos próximos dois anos", aponta Marcia Ferrarezi, gerente técnica da 3M Brasil e líder do WLF-Tech (Women Leadership Forum) da 3M para a América Latina.

O novo centro também tem a intenção de firmar parcerias na região com institutos de pesquisas, startups e outras organizações. "Nosso foco será buscar especialistas em química, ciência, engenharia de materiais e áreas correlatas, com prévios conhecimentos em reciclagem e em fontes de materiais renováveis da Amazônia", explica Gandolfi.

Em busca de novas matérias-primas

Todas as parcerias a serem realizadas pela 3M na região buscam um único resultado: mapear novas oportunidades de matérias-primas provenientes da região amazônica, especialmente óleos, sementes e fibras, que possam ser implementadas em escala industrial.

"Já temos projetos em execução em nossa unidade de Sumaré em estágios iniciais e intermediários, que serão a base de novos projetos para esta célula ao longo de 2024", diz Marcia. Um desses projetos é o desenvolvimento de embalagens sustentáveis para o portfólio da divisão de consumo.

Segundo a executiva, especialistas do Brasil alinhados com o time global vêm pesquisando rotas alternativas às embalagens plásticas convencionais, com a prototipagem sendo realizada em laboratórios do Brasil e os testes complementares, em laboratórios dos EUA.

"A ideia não é a exploração da floresta e, sim, o aproveitamento de cadeias e resíduos já existentes ou, ainda, a geração de novas cadeias de forma ética e sem impacto negativo na floresta e nas comunidades da região", afirma ela.

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