• Cristiane Segatto
Atualizado em
Para Marta Díez, presidente da Pfizer no Brasil, os investimentos na plataforma de RNA mensageiro – o mRNA – trarão inovação no tratamento de diversas doenças  (Foto: Marcus Steinmeyer)

Marta Díez, presidente da Pfizer no Brasil (Foto: Marcus Steinmeyer)

Uma das prioridades da espanhola Marta Díez, presidente da Pfizer no Brasil, tem sido ser a primeira companhia a trazer a vacina bivalente contra covid-19 para o Sistema Único de Saúde (SUS), ainda neste ano. Criado para proteger contra a cepa original do Sars-Cov-2 e também contra a subvariante BA.1, da ômicron, o produto inaugura a aguardada nova geração de imunizantes contra a doença.

A edição de setembro de Época NEGÓCIOS mostra como a revolução da indústria das vacinas criou um mercado de bilhões. Assine e tenha acesso à versão digital.

Depois dessa, a próxima bivalente a ser lançada será contra as subvariantes BA.4 e BA.5 da ômicron. “Essas variantes são as mais preocupantes no momento. Não sabemos o que pode acontecer daqui a três meses, porque o vírus está em mutação em vários lugares do mundo”, afirma. Um trunfo contra o vírus, no entanto, é a plataforma de RNA mensageiro (mRNA), que – segundo ela – permite que novas atualizações sejam feitas com mais rapidez.

Antes de chegar ao Brasil, em fevereiro de 2021, ela presidiu a empresa no Chile e tinha sob sua responsabilidade também as filiais do Peru e do Equador. A seguir, os principais trechos da entrevista.

ÉPOCA NEGÓCIOS O que mudou na indústria de vacinas desde a pandemia? Há mais colaboração e investimentos?
Marta Díez
 Nosso investimento anual em pesquisa, considerando todo o nosso portfólio, é de US$ 8 bilhões a US$ 9 bilhões. Em 2021, investimos em pesquisa um total de US$ 10,5 bi. O investimento aumentou consideravelmente, principalmente por causa do mRNA. Acreditamos que essa plataforma tenha muito potencial também para o tratamento de outras doenças. Estamos investindo muito porque acreditamos que essa plataforma pode trazer muita inovação.

NEGÓCIOS Qual é a expectativa da Pfizer em relação ao lançamento da vacina bivalente contra a covid-19? Quando ela chegará ao Brasil e quanto a Pfizer estima obter em receitas?
Díez
 O produto já está registrado nos Estados Unidos e na Europa. Em agosto, submetemos a vacina ao registro no Brasil para poder distribuí-la ao Ministério da Saúde ainda neste ano. Depois da BA.1, vamos submeter também outro registro para uma vacina também bivalente, para BA.4 e BA.5, que são outras variantes mais novas e preocupantes do vírus ômicron.

NEGÓCIOS Quando a vacina contra covid-19 começará a ser fabricada no Brasil?
Díez
 Fizemos um acordo para isso com a Eurofarma, em agosto do ano passado, para a produção da vacina contra covid (ComiRNAty), na região metropolitana de São Paulo. Esse acordo está em fase de implementação. A capacidade máxima será de 100 milhões de vacinas, que podem ser distribuídas não apenas para o Brasil, mas também para toda a América Latina.

NEGÓCIOS Qual o seu maior desafio hoje na área de vacinas no Brasil?
Díez
 O maior desafio não é só meu, mas é também o do país: aumentar as taxas de vacinação. No começo da pandemia, todo mundo estava desesperado para ser vacinado. Agora vemos que as taxas de vacinação têm diminuído muito. Na primeira dose, a taxa de vacinação era próxima de 95%, a segunda baixou para cerca de 90%. Na terceira dose, ela está em 60%. Os dados da vacina infantil são bastante preocupantes. Menos de 40% das crianças foram vacinadas.

NEGÓCIOS Quais são os investimentos em vacinas para outras doenças?
Díez 
Antes da pandemia, já havia um foco de crescimento grande para a companhia no mundo das vacinas. Há estudos começando com a vacinação das mães para que o bebê possa ser vacinado intrautero, com a vacinação das grávidas. Temos uma área de pesquisa com gestantes. Um exemplo é o vírus sincicial, importante causa de morte em crianças de até 6 meses. Ao vacinar as mães, o feto poderá receber essa vacinação indiretamente e já nascer com anticorpos contra o vírus.