![— Foto: Fabian Freytag com Midjourney](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/Yht83MWq_cgjYZLXn1wO2E5OaI0=/0x0:1600x1935/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/B/d/22cE8AQemQb9kL8QpKvQ/futuro-criatividade-inteligencia-artificial.jpg)
Inteligência artificial e design: moda passageira ou um bom casamento? Ninguém ainda sabe o real impacto que a inteligência artificial terá nas nossas vidas, mas uma coisa é certa: a sua influência nas disciplinas relacionadas com o design será imensa. Os arquitetos Fabian Freytag, criador das imagens desta matéria com o programa de IA Midjourney, e Sergei Tchoban, diretor da Fundação Tchoban e do Museu de Desenho Arquitetônico de Berlim, discutem as mudanças que estão por vir.
"Esta é uma revolução no processo", explica Freytag. "Algo que antes demorava uma semana de trabalho, agora acontece em milissegundos. São geradas representações muito estéticas que continuarão a evoluir e, portanto, surgirá uma linguagem de design que tem uma base humana, mas uma natureza que não é humana".
![Segundo Freytag, a inteligência artificial já consegue criar a sensação de grandeza que a arquitetura e o design de interiores precisam. Como exemplo, o Pavilhão Portofino — Foto: Fabian Freytag com Midjourney](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/N6n0KYHAiOVp2FMn33taPj5yNP0=/0x0:1600x1935/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/U/1/67KGGQT1yUSQXZGf6m1w/futuro-criatividade-inteligencia-artificial1.jpg)
Tchoban é mais cético em relação ao "arrepio" que seu colega sentiu ao ver as possibilidades que a tecnologia lhe oferecia: “Não creio que estejamos nem a 1% de conhecer a verdadeira inteligência humana e já estamos imaginando que encontramos algo que nos substitui. A IA me parece um meio reativo: ela pode acompanhar enquanto a estrada estiver reta, mas não fará curvas fechadas. Em 1911, ela teria criado o que vemos em todos os lugares hoje: Gaudís cada vez mais complicados e malucos, mas não algo como a Fábrica Fagus, de Walter Gropius".
Ambos concordam que a máquina terá dificuldades na hora de superar alguns obstáculos: "Estou convencido de que só o ser humano pode gerar verdadeiros avanços. É possível que a IA substitua os imitadores, o que representará uma grande perturbação para o mundo criativo, porque muitos se tornarão redundantes. Isso, porém, não altera os picos de criatividade. Uma IA nunca passará do historicismo para a Bauhaus. A questão de como algo poderia ser completamente diferente sempre a dominará".
A influência da IA
A imprevisibilidade das mentes criativas, a evolução constante dos gênios, ainda é um território irredutível. "Os espíritos mais excitantes são aqueles que estão sempre mudando. A inteligência artificial, no design, tem dificuldade em compreender, por exemplo, Le Corbusier ou outros como ele. Você nunca pode prever o que eles farão a seguir", diz Freytag.
![Fabian Freytag e Sergei Tchoban interpretados por uma inteligência artificial — Foto: Fabian Freytag com Midjourney](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/K55SPHQ-eGSN5H9gIJjbyTO07n0=/0x0:1600x1323/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2023/7/C/H6TSlmTkWf8SqF55QFrQ/futuro-criatividade-inteligencia-artificial2.jpg)
"Ainda assim, mesmo um gênio é inevitavelmente influenciado pelo que acontece ao seu redor. Claro que sempre existirão pessoas que cairão do céu com talento e farão coisas que uma máquina jamais imaginaria, mas o contrário também acontecerá. A interação é muito interessante. Temos que abandonar a arrogância de dizer: “Isso é apenas IA”. É como fast food, não é comida de verdade? Claro que é", continua o arquiteto.
Apesar disso, Tchoban alerta que podemos estar perante o último suspiro de materialidade, algo com que ambos concordam: “Durante a pandemia sentimos falta de ir a uma feira, de tocar nas coisas, de cheirar as salas, da interação…Mas talvez só precisemos de um ótimo sofá e uma bela acústica porque ainda não sabemos fazer de outra forma. Assim que pudermos projetar nós mesmos as sensações, isso provavelmente será coisa do passado."
É aqui que reside a questão para Freytag, ao definir as sensações: "Talvez a inteligência artificial nos ajude a representar o sonho em vez de nos concentrarmos tanto no resultado; uma máquina que diz: 'esta pode ser a sua visão, imagine-se nela'".
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Matéria originalmente publicada na Architectural Digest Espanha