Casa Vogue Experience

Por Nádia Simonelli


A Casa Vogue reuniu um time de experts para debater o uso da tecnologia no design e na arquitetura — Foto: Wesley Diego Emes
A Casa Vogue reuniu um time de experts para debater o uso da tecnologia no design e na arquitetura — Foto: Wesley Diego Emes

Há algum tempo a inteligência artificial vem sendo propagada mundo afora como solução para problemas no futuro, mas também como razão de outros que passarão a existir. Como num piscar de olhos a tecnologia se fez presente e, atualmente, começa a ser parte dos processos criativos e produtivos de muitas áreas, entre elas, a arquitetura e o design.

Com grande relevância no momento, o assunto foi tema de uma das atividades do Casa Vogue Experience 2023, que reuniu especialistas do mercado. Melina Romano, Daniel Vianna, Indio San, Leonardo Zanatta e Vinícius Juliani Pereira compartilharam conhecimentos e opiniões a respeito do uso da tecnologia com a plateia. Um ponto em comum entre eles: a inteligência artificial veio para ficar.

Indio explica que começou a trabalhar com inteligência artificial recentemente, no inicio de 2022. "Passei a ter contato como usuário e percebi a potência dessa tecnologia, influenciado por muitos desserviços que estavam acontecendo", explica. Mas, o que chamou a atenção do designer para entrar nesse universo foram os projetos de arquitetura. "Eu percebi que havia uma construção de memorias afetivas, casas mais orgânicas, que a gente sabe que difícil de projetar", diz. Hoje, ele que também é professor, usa a inteligência artificial com seus alunos em sala de aula. Indio revela que, às vezes, um estudante tem uma ideia muito bacana, mas não tem capacidade técnica para executá-la e a inteligência artificial pode ajudar nisso.

Melina conta que em seu escritório a inteligência artificial já faz parte de alguns processos e que não foi tão difícil começar a trabalhar com ela. "Usamos para o marketing, criando desde textos até ideias de pautas e release. Fazemos imagens de referência pra mostrar detalhes do projetos aos clientes", afirma. O próximo passo é implementar a IA em 3Ds e renderizações, mas até o momento a arquiteta ainda não encontrou a receita ideal para atender as necessidades do seu escritório.

 Um ponto em comum entre os especialistas: a inteligência artificial veio para ficar — Foto: David Mazzo
Um ponto em comum entre os especialistas: a inteligência artificial veio para ficar — Foto: David Mazzo

Já Leonardo revela que começou a usar a tecnologia somente em seus projetos pessoais por causa de um dilema ético. "As imagens que a IA usa vem de referência já produzidas por alguém, retiradas de um imenso banco de dados da internet", esclarece. Por isso, o arquiteto explica que quando quer criar algo com a IA, coloca suas peças como ponto de partida. "Essa foi uma forma que encontrei de trabalhar eticamente", pontua. Ele também afirma que o que é proposto pela tecnologia não é o resultado final de uma criação. "A partir daquilo você começa a desdobrar em um projeto real e sólido".

Direitos autorais

A questão da ética, inclusive, foi um item abordado por todos os participantes. "De todos os conflitos relacionados à IA, o autoral é o que mais dói na gente", afirma Indio. Apesar disso, ele acredita que numa fase inicial, ainda estamos superdimensionando esse quesito. "Sem um repertório semântico, um bom projeto não nasce. Por isso, o melhor especialista em IA é o especialista de sua própria área", diz. E Leonardo complementa: "a ferramenta não vai ser para todo mundo porque nem todo mundo é criativo para encontrar o caminho certo."

Segundo Melina, tem sempre uma cabeça direcionando o projeto e levar bons inputs para a ferramenta é fundamental. "Já temos uma geração nascendo com a inteligência artificial, não dá pra parar. Ou a gente se molda por meio de leis ou profissões vão acabar desaparecendo", reflete. Já Daniel traz um novo ponto de vista onde estamos abrindo espaço para a máquina atuar como colaboradora dos projetos e também coautora. "A gente tem que tentar não ter uma questão de ego quanto a isso. A inteligência artificial e a humana é uma combinação que nos deixa muito mais forte. É preciso entender que tudo é colaborativo", diz.

No Brasil ainda não temos uma legislação estruturada para a inteligência artificial, por isso, o futuro acaba sendo um tanto incerto. "Esse assunto já está no Senado e eles estão ouvindo pessoas de diversas áreas e tentando entender como deve ser a lei brasileira. Isso é muito sério porque vai ajudar a gente a prosperar ou não com essa tecnologia. No Brasil, ainda existem leis muito proibitivas. O esforço das pessoas que estão lá contribuindo é que seja uma lei um pouco mais flexível", explica Melina.

E o futuro?

De acordo com Daniel, o papel do designer vai mudar. "Em vez de desenhar o objeto, ele vai fazer o sistema que cria o objeto", sintetiza. Endossando esse pensamento, Vinícius lembra que nem tudo vai se resumir a máquinas e robôs. "Os algoritmos são conhecimentos humanos".

Já, segundo Indio, a evolução da inteligência artificial será na interface, que passará a ser por ativação de voz. E Vinicius complementa que precisamos ter maturidade o quanto antes para ter discussões efetivas a respeito do assunto. "Vamos precisar resolver outros problemas muito cedo", diz. Apesar disso, não há como escapar da IA, que deve cada vez mais fazer parte de nossas vidas. "Quem vai se dar bem é quem começar a ficar perto dela o quanto antes", conclui Daniel.

Casa Vogue Experience 2023
Quando: de 21 a 26 de novembro
Onde: Avenida Rebouças, 3084, Pinheiros, São Paulo/SP
Quanto: R$ 100 reais por dia ou R$ 400 o passaporte para todos os dias de evento.
Confira a programação completa aqui.

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