Paula Braun, Tainá Müller e Henrique Sauer contam como ter uma casa sustentável

Tainá e Henrique são donos do rancho sustentável Puro Corazón, na Serra da Mantiqueira (SP) e pais de Martin, de 7 anos. Já Paula e o ator Mateus Solano vivem com os filhos Flora e Benjamin, dois cachorros e um gato em uma residência original da década de 1970 de 800 m² na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

"Tem que começar a dar função pro lixo. Tem que pensar no consumo e o que faremos com o lixo que já tem no mundo. Não pode mais ser uma opção, é uma necessidade como espécie", defende Paula, citando algumas atitudes que se pode tomar ao reformar um imóvel, como apostar em energia solar. "Peças com mais de 15 anos a gente vai reformando, não faz sentido trocar o que ainda funciona. Na nossa casa é zero problema ser sustentável. Para nossos filhos, não separar o lixo é inconcebível", conta a atriz.

Tainá lembra que desde criança já ouvia falar de reciclagem. "Na minha casa a gente tinha consciência da separação do lixo. Porto Alegre era um lugar que se falava bastante das microações dentro de casa para fazer a diferença. Fico muito chocada que até hoje as pessoas não separam lixo", afirma.

A atriz e o diretor se recusaram a demolir a casa do rancho, que existia há 40 anos, para construir outra do zero. "Seria mais barato, mas geraria sujeira. Decidimos manter como estava e dar um 'tapa' nela para acomodar bem a família. Tiramos a fossa de sumidouro, que é buraco que joga para a terra todo o dejeto e que para nós era incompatível, e consumimos a água do córrego, que passa por um filtro e vai pra nossa casa. Desviamos todo o esgoto para o biodigestor, que trata a água e devolve para o solo", explica Tainá. 

No rancho, eles aproveitam até a água da cachoeira para o banho com uma serpentina . E as atitudes se refletem nas contas. "Nosso rancho tem um custo basicamente zero", diz Henrique. "É uma casa pequena, confortável e bonita. Tudo o que a gente precisa está lá. Pensamos em autonomia energética, no reuso. Nossa casa não tem um boleto", comemora a atriz.

O trio acredita que o tema sustentabilidade vem se expandindo. "Novas soluções vem surgindo, mais pessoas integrando esse tipo de pensamento. O fato de estarmos pensando sobre isso com frequência e integrando esse pensamento com nossas escolhas independente da área, é a esperança de evoluirmos e torcer para que não seja muito tarde", avalia Henrique.

"Temos de pensar: 'Que mundo vou deixar para essa geração, que mundo a minha filha vai ter depois de mim?' Vamos focar nosso ativismo, nossa vida no que tem que fazer daqui para a frente. Quanto maior for o estrago que já começou, as classes mais baixas são as que mais vão sofrer. Já existe muito problema", analisa Paula.

Tainá defende engajamento. "As previsões catastróficas de 2030 já estão chegando. No macro a gente deve pressionar por políticas públicas, pensar na hora de votar e cobrar de quem está no poder, apoiar a agricultura familiar, pensar na hora de se alimentar, nas pequenas coisas".