Utopia urbana: Casa Vogue de maio revela formas mais leves de viver a cidade

Partimos de uma premissa tão óbvia quanto ignorada: a cidade é, por excelência, o território do encontro. Da reunião entre pessoas que optam por estar no mesmo lugar por afinidades práticas ou emocionais. Da soma de grupos de origens e culturas distintas, que veem na urbe uma arena onde podem reconhecer semelhanças e diferenças, e influenciar-se mutuamente. Da conjunção física entre construções de técnicas, estilos e funções diversas que, lado a lado, formam conjuntos nem sempre harmônicos de edificações.

Propositais ou aleatórios, são os encontros, ou reencontros, o traço comum entre todas as casas – melhor dizendo, apartamentos – que publicamos neste número. A começar pelo projeto que estampa a capa, uma inspirada volta de Patricia Anastassiadis à arquitetura residencial, que havia tempos não praticava. Depois, pelo regresso de um engenheiro brasileiro e sua família ao país natal, acolhidos por um design de interiores primoroso dos arquitetos Domingos Pascali e Sarkis Semerdjian. Na sequência, pelo eterno retorno da jornalista e empresária Ticiana Villas Boas à sua Salvador de berço, cujos marcos históricos mais conhecidos podem ser apreciados da varanda do lar que ela redecorou ao lado da sócia, Tatiana Amorim.

A cenógrafa Gigi Barreto, por sua vez, encontrou um novo rumo para a carreira ao remodelar o próprio apartamento no Rio, cartão de visita já aprovado por seus novos clientes, que, em lugar de lhe encomendarem cenários para peças de teatro, agora solicitam palcos particulares para expressar suas próprias intimidades. E o que dizer dos fotógrafos Lufe Gomes e Alexandre Disaro, que, ao terem seus destinos cruzados, reinventaram a maneira de um casal estar junto (e separado) no mesmo endereço, com o centro de São Paulo a seus pés?

Por falar no centro, é ali que se desenrola um movimento de requalificação de prédios antigos – o famoso retrofit – radiografado por Giuliana Capello em Onda retrô. A reportagem ganha relevância quando lida na companhia do artigo exclusivo do arquiteto e urbanista Washington Fajardo publicado em nossas plataformas digitais, em que o especialista aponta: “As cidades do futuro serão muito parecidas com as do século 19, com integração de usos, densidade com qualidade, mobilidade mais inteligente e de menor impacto ambiental”. Quem sabe mais um reencontro, o da sociedade global com os dias de glória de nossa história urbanística. Boa leitura!

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